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REFLEXÕES Nº 89 — 05/11/2023


Imagem gerada com IA MidJourney


 

AUTORA SIMONE GONÇALVES


Simone Gonçalves, poetisa/escritora. Colaboradora no Blog da @valletibooks e presidente da Revista Cronópolis, sendo uma das organizadoras da Copa de Poesias. Lançou seu primeiro livro nesse ano de 2022: POESIAS AO LUAR - Confissões para a lua.

 

VAGANDO EM DESALINHO


Ah, a serenidade — esse frágil cristal que quebra sob o peso dos anos decepcionados. No princípio, ah, que doce início! Açúcar e mel escorriam de nossas bocas, construindo um lar de amor nos corações. Mas hoje, essas palavras afiadas retalham minha alma, me lançam em um abismo de desesperançada melancolia.


Meu amor, o brilho do teu olhar se turvou. E eu me vejo como uma fera encurralada, presa nos cantos escuros de minha própria solitude. Aguardo um herói, um salvador, mas nós dois sabemos, não é? Contos de fadas se reservam ao imaginário; na realidade, o castelo está desmoronando.


Ah, se eu pudesse capturar novamente o fulgor nos teus olhos, o resplendor que fazia de você o sol do meu universo. Mas hoje você é um inverno longo e implacável, e as palavras que antes me acalentavam hoje são névoas geladas que me afogam em angústia.


Sou grata, sim, grata à vida que me deu você como um presente fugaz. Um interlúdio emocionante na sinfonia da existência. Mas o ato está no fim, a cortina prestes a descer. Nos salões do destino, eu quero apenas adormecer ao som suave de trombetas celestiais e despertar em algum lugar onde o amor não morre.


Sonhadora, eu? Certamente. Em meu mundo, o amor deveria ser eterno, inabalável como as estrelas, imortal como a poesia. Mas aqui estamos, corpos próximos, mas almas distantes, orbitando buracos negros de incompreensão e desilusão.


Dentro do meu olhar, antes tão ardente, agora reside a quietude triste deste instante. Há tempo para resgate? Você pode reverter nosso curso, ou estamos fadados a navegar para sempre em mares de escuridão?


Agora, te pergunto, enquanto ainda respiro na densa atmosfera de nosso amor em ruínas: ainda existe uma chance de nos salvarmos? Ou seremos eternamente dois vagantes em desalinho, perdidos em um mundo onde o amor já não encontra seu caminho?


 

AUTORA ARLÉTE CREAZZO


ARLÉTE CREAZZO (1965), nasceu e cresceu em Jundiaí, interior de São Paulo, onde reside até hoje. Formou-se no antigo Magistério, tornando-se professora primária. Sempre participou de eventos ligados à arte. Na década de 80 fez parte do grupo TER – Teatro Estudantil Rosa, por 5 anos. Também na década de 80, participou do coral Som e Arte por 4 anos. Sempre gostou de escrever, limitando-se às redações escolares na época estudantil. No professorado, costumava escrever os textos de quase todos, para o jornal da escola. Divide seu tempo entre ser mãe, esposa, avó, a empresa de móveis onde trabalha com o marido, o curso de teatro da Práxis - Religarte, e a paixão pela escrita. Gosta de escrever poemas também, mas crônicas têm sido sua atividade principal, onde são publicadas todo domingo, no grupo “Você é o que Escreve”. Escrever sempre foi um hobby, mas tem o sonho de publicar um livro, adulto ou infantil.

 

EU PODERIA TER SIDO


Estou naquela fase de análise da vida, quando passamos a pensar em tudo o que poderíamos ter sido, mas escolhemos outro caminho.


Eu poderia ter sido médica, advogada, atriz, artista plástica... inúmeras opções que hoje me levam a acreditar que teria sido bem-sucedida.


Mas será mesmo? Será que se tivesse escolhido qualquer outra profissão diferente da de hoje, eu realmente teria sido bem-sucedida e principalmente feliz?


Hoje imagino que poderia ter sido uma excelente advogada, mas isso porque minha cabeça hoje pensa de uma forma. Mas será que esta mesma cabeça pensava da mesma forma há trinta e muitos anos atrás?


Com certeza não. Hoje passamos a acreditar que poderíamos ter sido algo diferente, porque os caminhos que escolhemos no decorrer da vida, nos fizeram pensar hoje da forma que pensamos.


Posso dizer por mim, que aos dezessete anos, não pensava em nada parecido.


E mesmo que escolhesse trabalhar em algo que ainda hoje gostaria de ter trabalhado, com certeza não tinha discernimento suficiente para entender que aquilo seria bom para mim.


E quem disse que hoje não posso ser o que penso que teria sido boa aos vinte anos?


Percebo hoje que posso muito bem trocar a frase “eu poderia ter sido” por “eu posso ser”.


Afinal posso escolher entre me frustrar por arrependimentos passados ou ficar feliz com aquilo que conquistei.


Eu optei pela segunda alternativa. Afinal com o passar dos anos, percebi que faço exatamente o que devo fazer e estou exatamente onde devo estar.


 

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