top of page

REFLEXÕES Nº 114 — 28/04/2024

Máquina de escrever antiga
Imagem criada com a ferramenta de IA Midjourney

 

AUTOR LUIZ PRIMATI


LUIZ PRIMATI é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books. Em março lançou seu livro de Prosas Poéticas, "Melancolias Outonais" e o romance de suspense "Peter manda lembranças do paraíso" estará disponível em julho de 2024.

 

O SILENCIOSO DESAFIO DA TERCEIRA IDADE

Tereza perdeu a conta dos dias de isolamento e solidão que se arrastaram em anos, começando quando ela tinha apenas 50 anos. De maneira sutil, a distância entre ela e sua família — filhos e netos — foi crescendo. O que começou como saudade, agora transbordava em tristeza e solidão.

A história acima é mais comum do que você possa imaginar.

Nos Estados Unidos, 28% dos idosos enfrentam a solidão de viver sozinhos, impactando aproximadamente 14 milhões de pessoas. No Reino Unido, essa porcentagem é ainda maior, alcançando 30,1%. Embora no Brasil o índice seja menor, 14,4%, ele vem crescendo ao longo dos anos.

O Brasil, outrora chamado de país do futuro, hoje enfrenta o desafio do envelhecimento de sua força de trabalho. Estima-se que em apenas 14 anos, a população de idosos no Brasil superará a dos jovens. Esse futuro não está tão distante quanto parece.

Mas, afinal, quais são as causas desse isolamento? Estudos indicam que a falta de oportunidades para os jovens, que muitas vezes migram para outros estados ou países em busca de emprego, é uma das principais razões. A escassez de infraestrutura e de políticas públicas que facilitam a integração dos idosos na sociedade também contribui significativamente para esse fenômeno.

Em termos emocionais, o isolamento degrada significativamente a qualidade de vida dos idosos. Embora a tecnologia permita algum contato por meio de videochamadas, nada substitui o calor humano da presença física, que conforta de forma incomparável. A saúde mental dos idosos sofre com o tempo ocioso e a falta de atividades regulares.

Filhos e netos muitas vezes não percebem a profundidade do sentimento de abandono, tristeza, mágoa e solidão que se instala no coração dos mais velhos. Viver isolado, por escolhas que não foram suas, deixa o idoso confuso e sem esperança, muitas vezes levando ao sofrimento extremo.

Políticas públicas mais eficazes poderiam aliviar essa situação, sensibilizando as famílias sobre esse silencioso mal: a solidão.

Se você é filho ou neto e faz tempo que não visita um idoso querido, que tal iniciar a mudança com um telefonema? Esse pequeno gesto pode transformar radicalmente a vida dessa pessoa. Considerar uma visita semanal, mesmo que breve, pode ser suficiente para mitigar os efeitos do isolamento.

Lembre-se: o futuro nos reserva o mesmo lugar. Você gostaria de enfrentar essa realidade na pele?

“A solidão é fera, a solidão devora

É amiga das horas, prima-irmã do tempo

E faz nossos relógios caminharem lentos

Causando um descompasso no meu coração”


Alceu Valença


 

AUTORA STELLA_GASPAR


Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.

 

A CHAVE QUE ABRE E A CHAVE QUE FECHA

Penso em chaves e vejo minhas memórias, nos desertos ou nos paraísos, realidades que transcendem com minhas vidas em ciclos, vestidas de tempos e rostos que se abrem para as calmas ou tormentos.

Quantos sentimentos, quantos momentos, inspirações e intuições.

As chaves que abrem me convidam, para revitalizar energias e a chaves que fecham servem para isolar os roteiros tristes que os palcos do viver, me fizeram atriz.

Quero a chave do inédito, da beleza natural, das vozes de positividades, que ecoam dentro de mim. O que procuro, posso achar, utilizando a chave correta que meus olhos avistam, que as ostras abertas, afortunado minhas esperanças, presentearam-me com pérolas cheias de simplicidades. Tudo que abrimos com a chave da razão e da emoção, pode ser sublime e belo.

Abrir as portas dos nossos melhores pensamentos, fechar as portas para os nossos imaturos impulsos e tormentos. Plantar belezas interiores vestidas de verdades, dia a dia, me deixam respirando o máximo possível.

Ah, como é gratificante, poder ter a chave da memória dos deuses, que reinam na humanidade, onde os chamados dos infinitos, nos vestem de bem-estar!


 

AUTORA ARLÉTE CREAZZO


ARLÉTE CREAZZO (1965), nasceu e cresceu em Jundiaí, interior de São Paulo, onde reside até hoje. Formou-se no antigo Magistério, tornando-se professora primária. Sempre participou de eventos ligados à arte. Na década de 80 fez parte do grupo TER – Teatro Estudantil Rosa, por 5 anos. Também na década de 80, participou do coral Som e Arte por 4 anos. Sempre gostou de escrever, limitando-se às redações escolares na época estudantil. No professorado, costumava escrever os textos de quase todos, para o jornal da escola. Divide seu tempo entre ser mãe, esposa, avó, a empresa de móveis onde trabalha com o marido, o curso de teatro da Práxis - Religarte, e a paixão pela escrita. Gosta de escrever poemas também, mas crônicas têm sido sua atividade principal, onde são publicadas todo domingo, no grupo “Você é o que Escreve”. Escrever sempre foi um hobby, mas tem o sonho de publicar um livro, adulto ou infantil.

 

SOU ASSIM

Dizem que tudo que é bom dura pouco, e que na vida tudo tem seu tempo.

Em parte, eu discordo. Acho que muitas vezes podemos fazer o nosso próprio tempo.

O que era passado torna-se presente em um piscar de olhos. Tudo é questão de sentimento. A criança que existiu em mim pode ressurgir (se é que um dia desapareceu) num piscar de olhos, se der a ela oportunidade de aparecer. A jovem que fui, posso continuar sendo, sem ter que matar a adulta que existe agora.

Todos somos um só ser, a criança, a jovem e o adulto, e não é necessário que se mate um para que o outro sobreviva.

Sou saudosista, porque meu passado valeu a pena, e a adulta que sou hoje reflete a jovem que viveu feliz e a criança que brincou.

A música que tocou em mim, ainda ressoa em alto e bom som em meu coração.

Sou esperança pura, porque não deixei que a criança e a jovem que um dia habitaram em mim sumissem.

Sou o fracasso de muitas tentativas e o sucesso de outras.

Não sou a verdade, mas sou verdadeira, meus sentimentos são francos e não sei ser de outro jeito.

Sou intensa, não amo pela metade.

E as pessoas não precisam pensar da mesma forma que eu, para que eu as ame.

Beijos a todos vocês que amo.


 

AUTOR AKIRA ORDINE


AKIRA ORDINE é um escritor, poeta e músico carioca. Desde cedo apaixonado pela literatura, utiliza a arte como espaço de luta e refúgio, colocando bastante de si em tudo o que escreve. Tem muitos livros, vários deles, verdadeiros amigos.

 

EU QUERO IR DE UBER

Era hora do almoço e essa frase ressoava como um alarme em uma rua carioca altamente movimentada. Um garoto, que devia ter algo entre 6 e 8 anos, passou por mim com um homem de feições cansadas, que presumi ser seu pai, gritando em alto e bom som essa frase, a qual pude ouvir ainda por alguns segundos até se perder na imensidão dos ruídos de uma quarta-feira à tarde.

Essa história ficou na minha cabeça por mais de uma semana, e resolvi compartilhá-la, porque demonstra bastante o caos presente na contemporaneidade. Nesse momento, o leitor deve estar rindo aos montes do fato de estar sendo feita uma tempestade em um copo d'água, mas faço questão de explicar meu raciocínio.

Veja, não há nada que simbolize mais o colapso da legislação trabalhista do que os carros por aplicativo. E digo isso com o maior respeito do mundo aos motoristas e passageiros - até porque eu uso muito esse serviço para me deslocar - eles não são os culpados por isso.

Mas só quem já utilizou um serviço desses sabe o quão precarizante é, e o fato de ver uma criança da mais tenra idade implorando por esse transporte, enquanto seu pai, provavelmente já cansado da rotina, quase a arrasta pela rua, me despertou uma estranha admiração com pitadas de uma síntese aterrorizante.


 

33 visualizações2 comentários

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page