Nossos colunistas: Luiz Primati, Ipê (Odilon Azevedo Filho), Arléte Creazzo, Antônio Carlos Machado, Joana Pereira, Joana Rita, Alessandra Valle, Simone Gonçalves, Lina Veira, Rick Soares e Stella Gaspar.
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ORDEM VIVA
por Ipê (Odilon Azevedo Filho)
Facebook: Odilon Azevedo Filho
Não creio em uma força capaz de eliminar o bem e sobreviver. O erro e a ignorância são destruidoras. Se afirmar pelas vias destes acaba em acabar consigo mesmo. A existência é fruto da união. A união depende do amor. O amor é a cola que aglutina as coisas em uma ordem viva.
O CÂNCER JÁ TE PEGOU?
por Luiz Primati
IG: @luizprimati
Se a sua resposta foi NÃO, então se prepare! Você não vai escapar.
Quando um câncer acomete uma pessoa, todos à sua volta são afetados de alguma maneira.
Os parentes mais próximos são os primeiros a sentir, depois vem os amigos e em seguida os conhecidos.
Ainda um mistério para a medicina, esse mal segue fazendo vítimas pelo mundo.
Eu tive, 2 vezes, e estou vivo para contar como é passar por isso.
Antes de prosseguir preciso esclarecer que não estou aqui para me lamentar, tampouco para que as pessoas tenham compaixão, pena ou dó de mim. Estou aqui para ajudar as pessoas que estão encarando a doença pela primeira vez.
A primeira reação quando uma pessoa recebe a notícia é de que o exame pode estar errado, que o médico pode não ter analisado corretamente. Depois vem o conformismo e a aceitação da doença. Eu já aceitei logo que recebi o resultado. Nem todos são assim.
O meu câncer foi de testículo, por duas vezes. Quando o primeiro susto passou e escapei ileso do tratamento que, durou 6 anos, o meu médico jurou que o homem que passava por esse câncer estava livre para o resto da vida.
A surpresa foi no sétimo ano, quando, por uma cirurgia de rotina, outro câncer foi descoberto. Ainda era resquício do primeiro e o tratamento agora era quimioterapia. No primeiro câncer, após a retirada do testículo, somente exames sanguíneos e tomografias foram recomendados.
E agora eu pergunto para você que está passando por essa situação, o que fazer quando você se conscientiza que está com um câncer e que precisa fazer uma quimioterapia? No meu caso aceitei e me prontifiquei a obedecer a tudo que minha médica recomendasse.
O processo de quimioterapia é pesado. Nas primeiras sessões e na primeira semana é bem fácil. Parece que nada muda em nossa vida e em nossa rotina. Eu fazia tudo sozinho e até trabalhava durante as sessões. Bastava ficar sentado na cadeira, reclinar o corpo e até dormir se sentisse vontade. Como não sabia ficar parado, levava meu notebook, colocava no colo e ficava trabalhando. Quando dava sono eu colocava o notebook de lado e tirava um cochilo. Se roncava eu não sei, mas acho que sim.
Na minha família quem mais foi afetada foi minha esposa. Qualquer doença a apavora, mas o câncer a deixou em pânico. Durante todo o dia ela orava e pedia para as pessoas pela minha saúde. Eu seguia otimista e dizia para ela se acalmar. Eu não tinha o que fazer a não ser acreditar. Minha religião me ensinou que cada um tem um roteiro traçado e passar por dificuldades faz parte do destino. E assim eu agia, otimista, com fé. Mas para ela eu estava negando a doença. Por vezes escutei ela falando para as pessoas ao telefone que eu estava na fase de negação da doença. Eu apenas ficava triste. Negar a doença seria não a aceitar e se recusar a fazer os tratamentos. Assim eu penso. Aceitei e encarei o tratamento. Se entrasse na batalha admitindo a derrota, não teria chance alguma.
Mas ser otimista e ter fé não é o suficiente. Quando a quimioterapia entra na segunda semana a gente começa a sentir os efeitos físicos indesejados. Desde o início minha médica dizia para eu tomar os remédios para enjoo mesmo não os tendo. Eu tomava e eles acabavam me deixando um pouco sonolento. Como detestava ficar nesse estado, e não tinha enjoo algum, parava de tomar o remédio. E aí é que o enjoo vinha forte e me arrependia de não ter obedecido.
Outro efeito que vem quando a quimioterapia age em todo o organismo é a fraqueza. Eu me sentia normal e quando abaixava para pegar algo no chão, retornar ao estado ereto era um esforço gigante. Eu pensava que ficaria sempre forte e indestrutível e não era assim. O tratamento acabava com meus glóbulos vermelhos e nas minhas veias corriam glóbulos brancos em quantidades crescentes, tentando entender as mudanças repentinas que ocorriam no meu corpo.
Quando eu ficava fraco, com os resultados do exame de hemograma tudo abaixo do tolerável, a quimioterapia era suspensa e eu ganhava alguns dias de folga para que meu corpo recuperasse as energias.
Outro efeito indesejável era minhas veias. De tantos furos que elas recebiam para a quimioterapia, elas ficavam imprestáveis. O enfermeiro não conseguia mais furá-las, pois ficavam duras e tinha que escolher outra. As marcas iam se acumulando pelos braços e às vezes as veias das mãos eram as candidatas mais prováveis do dia.
Para completar o ranking de efeitos colaterais, a perda do paladar era o pior. A recomendação médica era de consumir alimentos feitos com limão: sucos, tortas, sorvete etc. E isso não é tudo: água gelada parecia água sem gelo e água normal tinha gosto de água quente. Junto a tudo isso vinha a perda do apetite e se eu não comesse forçado, nos horários corretos, ficaria cada vez mais fraco. E se você acha que tinha acabado, ainda tem mais. O organismo se desarranjava e o banheiro passava a ser quase que exclusividade minha, de quem estava em tratamento com quimioterapia.
As sessões de quimioterapia duravam entre 4 e 4 horas e meia, de segunda a sexta. Começava por volta das 7:30 e tinha a companhia de profissionais muito atenciosos, que confortavam as pessoas que ali estavam numa situação angustiante.
Vi amigos fazendo quimioterapia, vi desconhecidos, vi pessoas que traziam no rosto a tristeza e a incerteza pelo futuro. Vi gente otimista como eu.
Nenhum médico consegue afirmar com 100% de certeza de que existem cânceres curáveis. Eles sempre falam em probabilidades e para o meu tipo, as chances de recuperação beiravam os 100%, nunca atingindo o ápice.
Ainda sou daquelas pessoas que acreditam que 90% da cura está na mente e 10% na medicina. Eu poderia ter me abatido facilmente desde o primeiro revés, pois um câncer levou minha mãe muito cedo, repentinamente. E nunca deixei isso me abalar. Sempre acreditei que ela deveria ter passado por esse sofrimento e o destino traçado por Deus, para ela, fora cumprido.
Numa das semanas em que meus exames estavam indicando excesso de glóbulos brancos e fui impedido de fazer quimioterapia, acabei indo andar de bike com dois amigos. Andei uns 15 quilômetros. Me chamaram de louco e até hoje muitos não acreditam que foi verdade. Se a fé remove montanhas, por que eu não poderia andar 15 km de bike?
Para finalizar os efeitos indesejáveis da quimioterapia, tive a queda de cabelos, ficando completamente careca. E para coroar, tudo com chave de ouro, fiquei temporariamente impotente.
Depois de todo o meu relato, continuo dizendo: não tenham pena de mim. Se passei por tudo isso foi porque mereci. Devo ter feito algo bem ruim em outra encarnação e vim aqui para pagar pelos meus erros. E não me importo. O que é importante é nunca deixar que esses problemas atrapalhem a sua fé.
Se você começou uma quimioterapia recentemente e acha que não vai ter nenhum efeito colateral, se prepare. Se pensa que ninguém vai ficar sabendo e que sua vida vai continuar normal, prepare-se. A mudança vai ser grande. Só isso tenho para te dizer. Tenha fé, acredite e depois de alguns anos conseguirá olhar para trás e rir da situação, com respeito e não com escárnio, ok?
Assim foi a minha odisseia com o câncer e a quimioterapia. Depois de 3 meses de tratamento as coisas começaram a retornar ao normal e me senti de volta ao mundo dos saudáveis. Será?
Infelizmente tive uma complicação. Um dos componentes que era usado no tratamento do meu câncer, um tal de BEP, me causou um problema de pulmão. Minha respiração ficou curta e prejudicada. Eu respirava com a metade da capacidade de uma pessoa normal. Fui obrigado a fazer fisioterapia pulmonar e me disseram que nunca mais voltaria ao normal.
Contrariando todos os prognósticos, consegui vencer mais essa batalha e hoje meu pulmão não tem nenhuma sequela.
Ainda tive a sorte de não ter outros efeitos como a depressão, muito comum nas mulheres que tem câncer de mama.
Tudo isso foi para apavorar quem está fazendo quimioterapia? NÃO! Foi para tentar ajudar quem está passando por isso, calado, com dúvidas e muito medo.
A batalha começa antes da quimioterapia e vai além do término do tratamento. É preciso que você nunca perca a fé.
Coloco-me inteiramente ao dispor de quem precisar falar sobre o assunto. Muitas vezes você não encontrará respostas no seu médico, nem nos seus familiares. Só quem passou por isso compreende a profundidade que essa doença atinge. Conte comigo!
MINHA GÊNESIS
por Antônio Carlos Machado
IG: @machado_ac
Comecei a escrever na difícil fase da adolescência, fase das descobertas e de si mesmo, coisa que como sabemos segue pela vida afora, autoconhecimento é questão controversa e inacabada, nos fazemos e refazemo-nos o tempo todo.
Estamos em 1975, meu irmão me levou ao estádio do Morumbi para assistir á final do Campeonato Paulista de Futebol, me deixou na entrada e seguiu, era taxista, era a primeira vez que eu ia sozinho a um estádio, em todas as outras vezes tive nele a proteção do irmão mais velho, uma referência.
Estar num estádio lotado, era algo impactante para qualquer um que se visse diante de uma multidão, imagine para um garoto franzino que ainda cursava o ginasial.
Fiquei na geral, local destinado aos “menos favorecidos”, digamos assim, via-se mal e pouco, mas me lembro até hoje do grito da torcida no gol de falta do já lendário Pedro Rocha do São Paulo, vibrei como todos, mas sozinho.
Terminado o jogo, com vitória do meu time, segui a turma em direção a saída do estádio, era um domingo á noite, ônibus lotados, não me lembro se não havia ônibus que me deixassem próximos da minha casa ou se estavam tão lotados que não me encorajei a enfrentá-los, sei que segui na direção contrária num ônibus que me deixou em Pinheiros, distante de casa ainda cerca de seis quilômetros.
Decidi adolescentemente voltar a pé pelo único caminho que conhecia a Marginal Pinheiros, uma via expressa que na verdade não se destina a pedestres, um longo caminho em linha reta com a presença dos carros, da noite, nada mais.
Andei resoluto e naquela solidão noturna e primeira, resolvi “fazer companhia a mim mesmo” e comecei a falar e falar e falar: sobre coisas que naturalmente agora, quase 50 anos depois, nada me lembro, daria tudo pra saber o que pensava e verbalizava naquele dia.
Chegando em casa me pus a escrever sobre tudo que sentia, numa verborragia insana, me lembro claramente das folhas de sulfite espalhadas pela cama, pelos móveis, pelo chão... escrevia de maneira elétrica, compulsiva, como se as palavras tivessem que ser registradas, antes que morressem, postas para fora como uma erupção de sentimentos.
Hoje, meu processo criativo é ainda muito intuitivo, autobiográfico, circunstancial, às vezes me parece mediúnico até.
Quando escrevo ensaios ou crônicas naturalmente é um trabalho mais reflexivo e sistemático, muito embora ainda eivado de experiências vividas e de meu jeito, este mesmo que muitos já conhecem.
Acredito que a sensibilidade é a maior responsável pelo processo criativo de cada um, a capacidade de percepção de si mesmo, de suas mudanças, de seu entorno, das pessoas e suas angústias, suas manias e seus dramas pessoais, miudezas, minudencias, miscelâneas, o conjunto, as dimensões, os habitats de cada um, numa palavra: da vida de cada um.
Essa foi minha Gênesis como escritor: Fiat Lux!
TAPA NA CARA
por Arléte Creazzo
IG: @arletecreazzo
Não é segredo para ninguém o ocorrido na noite do Oscar com Will Smith e Chris Rock.
A questão que quero abordar aqui é outra.
Houve vários envolvidos: Will que bateu, Chris que foi agredido, Jada que se ofendeu, Denzel que apaziguou, a plateia que ficou dividida em opiniões.
Fora todas as pessoas que estavam presentes, há ainda os “psicólogos” anônimos com opiniões formadas sobre qual deveria ter sido a reação de cada um.
As pessoas são engraçadas para questões alheias às suas vidas.
Quando se trata da vida dos outros, elas sempre têm uma opinião formada.
Outra questão, é que é muito fácil você dizer o que cada um deveria ter feito, dias após o ocorrido.
Muitos falam da atitude do Will, como ele deveria ter reagido com a piada. Mas quando não se está na situação e teve-se tempo para pensar, é muito fácil você ter uma ótima opinião.
Isso faz lembrar-me de um humorista, que o quadro dele era exatamente sobre isso: o fato de termos uma ótima resposta, depois que o assunto já se encerrou.
Realmente este tipo de reação das pessoas me faz rir. Como é fácil controlarmos a vida alheia.
Todos temos excelentes soluções quando o problema não é nosso.
A questão é que quando a situação acontece, e se está no calor da emoção, fica bem mais difícil analisar todas as possibilidades, para saber qual melhor atitude tomar.
Sabemos que o silêncio muitas vezes é um tapa com luva de pelica, mas que seria muito bom esbofetearmos certas pessoas, isto seria sim.
Não tenho intenção em tomar partido de ninguém, cada qual que cuide de seus problemas.
E como dizem por aí “vou cuidar da minha saúde, já que da minha vida tem quem cuide”.
LEIO-TE NA NUDEZ COMO UM LIVRO
por Joana Pereira IG: @temjuizo_joana
Oceano é a imensidão que tens, consegues ser por marés todo o mar que levas dentro. Tanto és maré cheia na graciosidade, de sorrisos fáceis e corais coloridos, como és maré baixa quando na tristeza do silêncio te reconstróis. É nesse espaço que te escreves, de pés descobertos, onde consegues vislumbrar todo o arial dourado de que és feita. Conheces-te os defeitos, esmiuças-lhes as causas e, a partir daí, desenvolves a tua solidez, quase como uma rocha, para assim poderes regressar ao mar alto.
Distingues-te dos demais pelo coração que levas na boca e, tal como na boca, levas-lo na ponta dos dedos, como na mira dos teus olhos. Intensamente, ferves de amor, mas, do mesmo jeito, fervilhas na impulsividade da fúria, em palavras irreflectidas que nada mais querem demonstrar, se não a tua inquietude pela ingratidão, desrespeito e desumanidade. E pecas, pecas muito… por achares que sozinha és capaz de mudar um mundo que está completamente seco de empatia e apodrecido nas suas raízes, um solo infértil para pessoas como tu.
Reconheces tudo aquilo que és, entre o bom e o mau, um equilíbrio regrado, onde ditas as próprias regras. Só sabes ser assim, com uma leveza de dente-de-leão, que deixa o vento levar o que ruim é e guarda apenas o que é bom de guardar.
Nesta forma, despida do que querem que sejas, eu vejo-te inteira nesta perfeita complexidade. A tua intuição é crua, sem segundas intenções, de alma castiça e tão cristalina, inspiras a tua verdade, deixando-la bem armazenada ao peito. Mesmo vestida, mostras-te nua aos meus olhos, daquela nudez que fica na memória.
AO FALAR COM DEUS
por Alessandra Valle
Esta semana me senti cansada física e psiquicamente, a tensão do dia a dia materializou-se em dores musculares. Foram necessários analgésico, anti-inflamatório, fisioterapia, terapia e, principalmente, prece.
Isso mesmo, muita prece fora preciso para aliviar a tensão. Quem é espiritualizado sabe que a alma anima o corpo físico e compreende que para ela remédio melhor não há.
Engana-se quem acredita que uma prece deva ser feita apenas ao dormir ou ao acordar. Ao longo da semana, estive em estado de prece muitas vezes ao dia, pois elevei meu pensamento inúmeras vezes ao chamar por Jesus.
Sem fórmula e sem repetição, assim foram as minhas preces, pois um bom pensamento mais vale do que mil palavras.
Entretanto, confesso que foi difícil manter a sequência de ideias para a divina conexão; a mente se distraiu com as obrigações e com as paixões humanas. Algumas noites, dormi sem terminar minhas preces.
Recordei-me de quando Jesus, após a última ceia, ciente de que o calvário estava porvir, angustiado, se retirou levando consigo três de seus apóstolos. O Mestre os convidou para se manterem em estado de prece enquanto orava, mas os escolhidos dormiram, vacilantes na manutenção dos elevados pensamentos.
Durante sua prece Jesus entrega a angústia que estava sentindo e confia nos desígnios de Deus para sua vida, dizendo:
— Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice; contudo não se faça a minha vontade, mas sim a tua.
O Divino Amigo acredita no despertar da consciência daqueles que ama, mas sabe que cada um tem seu tempo, sua trajetória, seus débitos e culpas acumulados ao longo das sucessivas vidas. Precisou dar seu exemplo de amor incondicional na prova dura de morrer de forma violenta como foi na crucificação.
E, na contabilidade divina, todos vão saldar seus débitos e acumularão créditos para a evolução, logo, no meu caso, fazer tensão muscular nada mais é do que um dos sintomas de angústia e rigidez diante das provações desta vida. Falta-me, ainda, a confiança.
Por isso, em todas as minhas preces, breves ou demoradas não pode faltar aquele pedido a Deus que Jesus me ensinou: seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu, mas que não me faltem força, fé e coragem para enfrentar as provas e expiações desta vida.
Fontes de consulta:
Evangelho de Lucas, 22:42
O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXVII – Pedi e obtereis.
AS REDES DA VIDA
por Joana Rita Cruz
IG: @joanarc_poetisa
Lança as redes em desespero
Atira-as já hoje
Procura desde cedo
Sonhar alto e chegar longe.
Cresce sem espectativas
Vive a vida em festa
Mas de ideias destemidas
Como a de não dormir a sesta.
Não só no baloiço
Procures voar tão alto
Aprende a brincar de berço
E a imaginar em sobressalto.
Sê criança ousada
Sem medo da vida
Com sucesso na alçada
E uma viagem só de ida.
Para as conquistas mais incríveis
Para as terras mais bonitas
As oportunidades são imedíveis
E a vitória é coisa das queridas.
Lança as redes desde cedo
Permite-te viver, permite-te amar
Para te educar me esmero
Lanço as também eu ao mar.
AS MÃOS DE BIANCA
por Simone Gonçalves
IG: @apoetizar_se
As mãos de Bianca
Sempre chamaram minha atenção.
Delicadas, pequenas
Mas sempre mostraram força.
Nas linhas da vida tracejadas,
Como mapas a mostrar caminhos.
Os que já vieram marcadas pelo destino,
Como os que com o tempo vem conquistando
Mas sempre com determinação e força
Em tudo que já colocastes suas digitais.
As mãos de Bianca
Já me deram tantos carinhos...
Desenharam os primeiros rabiscos
Que guardo como tesouros.
Acolheram lágrimas de uma saudade,
Tocaram instrumentos e fizeram o som
da música me acalentar.
As mãos de Bianca
Por elas enxergo minha vida
Nesses rabiscos em suas palmas,
Que vão encaminhando pela direção
Do amor, da felicidade e sempre prontas
Para um acariciar na alma,
Te segurarei sempre minha filha,pelas suas mãos,nos momentos que se sentir frágil
E pelo encontro de nossas mãos ,
A força do amor falará mais alto.
UMA HISTÓRIA SOBRE DEPRESSÃO
por Lina Veira
IG: @linaveira
Eu estava na sala de espera para fazer um exame de ultrassom – rotina –, quando chegam duas senhoras com certa intimidade. Uma aparentando ser muito mais jovem que a outra. A mais jovem que parecia mais velha, caminhava em quase total imobilidade nos seus 50 anos; e a mais velha que parecia mais jovem, ainda disposta e firme apesar de seus quase 70 anos era sua mãe. E essa mãe cuidava com toda suavidade que um bebê precisa de sua filha. Mas pela razão da vida não teria a filha que cuidar da mãe? Neste caso não. O que teria acontecido com aquela tão jovem mulher? Fiquei observando. Pensando... Meu Deus! Quanta tristeza havia no seu olhar, no seu andar e quem sabe no seu coração.
Quando foram imediatamente chamadas:
– S I B E L E de…
Era seu nome. Por destino, nos encontramos numa outra sala para troca de roupas... A mãe, uma senhora muito bem vestida, fina e educada, tornava visível sua aflição e se explica como se já nos conhecêssemos, enquanto levava sua filha ao banheiro.
– O carro, tive que deixar a algumas quadras daqui, não encontramos estacionamento livre... E continuou: tudo isso é depressão. Já faz 6 anos que ela está assim. Os remédios já destruíram parte de seus órgãos e muitos outros remédios precisa tomar para tratar seus efeitos. Ela fuma 50 cigarros por dia... E me olhava quase em lágrimas. Ela toma 3 litros de coca cola diariamente. O que acelera ainda mais todos seus problemas. Ela se bate e bate nas paredes de seu apartamento. Suas filhas não moram mais com ela. Uma depressão profunda que afetou toda sua família e principalmente a ela, e não sabemos mais o que fazer. Desde que assumiu a gerência de (...) E abandonou o trabalho.
Tem dias que ela não quer levantar da cama, não vai mais ao salão cuidar do cabelo ou fazer uma unha. Dia a dia, ela fica assim, de cabaça para baixo, em silêncio, numa tristeza profunda. Quando a convencemos de fazer algo ou realizar um passeio, ela pede para cancelar depois que aceita.
Agora, depois de seis anos mudamos todos seus médicos e incluímos uma nova terapia. Sou católica carismática, mas já estive em todos os lugares de oração. Na busca de uma melhora para minha filha. E ela falou, falou como se precisasse explicar sua vida, sua história... Para mim.
DEPRESSÃO: desespero. Quem não viveu ou vive algo parecido em sua vida? E lembrei de quando meu marido teve, assim que nos casamos. Uma doença aparentemente inofensiva na primeira, segunda ou terceira caixa medicada. Uma doença que diante da geração mais medicada e viciada em drogas do mundo, não parece incomodar. Pois, como disse outro dia: É remédio para animar, para acalmar, para transar, para sofrer menos, para não sofrer. É remédio para não pensar, para dormir, para não se deprimir, para não sentir. É remédio para emagrecer, para esquecer, para não sentir fome; para olhar o mundo e não enxergar a si, o outro. Deixando assim morrer todo nosso instinto de sobrevivência, todo nosso desejo de ser, como um analgésico viciante e mortal, quebrando toda nossa energia armazenada. Só não existe remédio para amar, para ser feliz. Para respeitar o outro e a si mesmo. Para sorrir verdadeiramente, para ser verdadeiro e expressar o que sentimos de fato.
Essa Senhora apenas me pediu algo simples e profundo. Algo que todos nós estamos necessitados - a oração - Ela me pediu aquilo com tanta necessidade que nunca vi nada igual e fiquei feliz por isso não sei por quê. Interseção. Vou orar sim, por SIBELE. Falei para aquela senhora enquanto seus braços me procuravam para um abraço de despedida. Uma cena que não vou esquecer tão cedo e me ensinou muito.
E você que leu tudo isso por curiosidade, por sempre ler, faça um minuto de silêncio e interceda por essa senhora de nome SIBELE, por sua mãe e família e tantos outros na mesma situação que ela. Eu ainda não a esqueci. E se você está deprimida (o), não se deixe fraquejar diante deste diagnóstico. Deus nos criou para sermos vencedores como ele! VENCEDORES! Lembra-se de sua morte e ressurreição? Ele os quer vencedores como ele. Vencedores de todo sofrimento e dor. De toda escravidão.
A depressão é um grande desafio da medicina e psicologia neste século e somente com Deus no nosso coração poderemos vencê-la.
OLHOS QUE NÃO SE ENXERGAM
por Rick Soares
IG: @rick.so.ares
Às vezes não conseguimos entender as mudanças e sinais em nossos corpos, sobretudo quando estamos focados em atividades que acumulamos e preenchem tanto o nosso tempo quanto nossa mente.
Por vezes, se pararmos para pensar sobre algumas das atividades que desenvolvemos, que utilizamos como válvula de escape para nossas frustrações, muitas delas apenas nos vedam os olhos e camuflam, por certo tempo, nossa fragilidade.
No entanto, estamos certos que tudo a que estamos nos dedicando é o que nos mantém a salvo e nos faz sentir vivos e não percebemos o quanto de nós está sendo deixado em cada uma das atividades nem o quanto de nós estamos perdendo em nós.
Após ouvir de algumas pessoas próximas a mim que eu estava diferente, mais envelhecido, com olheiras, parei em frente ao espelho para me olhar e notei que os olhos eram meus, mas o olhar não era eu.
Não se encontrar em você é pior que não se conhecer.
O LIVRO QUE MORA NA GENTE
por Stella Gaspar
Estou convencida de que dentro da gente mora um livro que nos incentiva a continuar aprendendo a viver.
Seguimos e escrevemos em suas páginas ao longo do tempo, na construção humana de nossas vidas em silêncios ou gritos com pedidos de socorro.
O livro que mora dentro da gente, tem histórias compartilhadas com as pessoas próximas a nós. Os aprendizados nessa interação aumentam nossas riquezas sentimentais e a cada dia, vamos deixando tesouros em corpos de amizades.
Nosso livro é feito por dez dedos, com doses de tristezas ou alegrias.
Ah! É preciso arrumar as sensações deixadas em nós, pelos escritos no livro que mora na gente, acalmando nossas dores e feridas que precisam cicatrizar com as digitais do amor e de nossas verdades, percebendo que somos verdadeiramente amados.
O livro de dentro da gente é fiel e desinteressado, em suas escritas buscamos a felicidade. Nem todas as histórias cabem em suas páginas, portanto, é preciso ofertar ao mar o que sobra e deixar que a poesia musicalizada em nossos corações ao som das flautas, conduza nossas histórias de vida em navegações mar adentro com o amor absoluto nos guiando!!!
NOSSOS COLUNISTAS
Da esquerda para a direita: Luiz Primati, Arléte Creazzo e Alessandra Valle. Depois Joana Pereira, Joana Rita e Simone Gonçalves. Depois Antônio Carlos Machado, Ipê (Odilon Azevedo Filho) e Stella Gaspar. E por último Rick Soares.
rendi-me ao Machado 👏🏻👏🏻
Luiz, muito intenso, uma reflexão incrível!
Estão todos de parabéns, belíssimos escritores aqui! Que orgulho!
Simone fala das mãos da filha numa linda poesia. Rick nos faz refletir sobre os momentos que deixamos de nos enxergar e isso ocorre com todos nós em determinados momentos da vida. Stella trouxe a reflexão do livro que mora dentro da gente. Para mim ele é um livro com páginas em branco, aguardando que escrevamos a nossa história. Odilon, poeta e amigo, quer ser conhecido como IPÊ, seu codinome de agora em diante. Joana Cruz sempre com sua poesia precisa e direta, enquanto Joana Pereira também fala de livro, mas de uma forma inusitada. Arlete trás a reflexão do dia do Oscar. Até quando seremos analisados e julgados por atos instintivos sem que as pessoas realmente se coloquem em…
Machado, que cadência bonita descreves acerca da tua capacidade😍 de escrever!
Luiz, você é guerreiro e um vencedor, sem armas que destroem, mas com a força do querer viver😍. Admirável a tua luta...
Hoje falei no geral, mas tinha ficado na minha cabeça que ia comentar sobre o tema da depressão abordado pela Lina. Esse tema é recorrente entre os escritores. Muitos são acometidos por essa doença tão cruel. Pessoas que sofrem desse mal estão mais próximas que imaginamos. Obrigado Lina por ter abordado o tema.