Recebemos muitos pedidos de escritores para participarem do caderno de REFLEXÕES, que sai aos domingos. No entanto, para que os leitores tenham mais dias para refletir sobre tudo que o cerca, resolvemos abrir mais um caderno que se chama BECO DOS POETAS. O título nasceu de uma prosa poética da poetisa portuguesa, JOANA RITA CRUZ. Para abrir o caderno, nada mais justo do que sermos brindados com o texto sensível, inteligente e reflexivo que essa autora nos presenteia.
Com Joana, apresentamos mais autores como: José Juca, Gustavo Anjos, Stella Gaspar e Rick Soares. Sejam bem-vindos a mais uma viagem pelo mundo literário.
Leia, Reflita, Comente!

O BECO DOS POETAS
por Joana Rita Cruz
IG: @joanarc_poetisa
Naquele dia em que passei pelo beco dos poetas, vi solidão. Um recanto
amargurado e humilhado pelo mundo, onde choram os esquecidos e onde criam
os desprezados. Nas ruas da cidade lusa, que ao sol da manhã agradecem a beleza
e ao brilho das estrelas devem o encanto, a arte esconde-se nas sarjetas.
E pela rua augusta em que andam os malabaristas, ouvem-se risadas da sociedade.
Naquele dia em que os meus passos ecoavam na calçada e as lágrimas
desvaneciam-se no empedrado, pensei que o esquecimento e o destino mal-amado
são o fado dos poetas.
Mas naquele beco tão sombrio criaram-se as mais belas melodias e a história se fez
pelas palavras e sem violência, e naquela triste e deplorável sarjeta, pintaram-se as
obras de arte que davam voz aos incompreendidos.
Oh leitor, da prosa e da poesia, vem aqui dar vida a este recanto, vira a página da
rima e da dor e cria vida com teu encanto.
O encanto do aspirante a artista, cujas lendas podem estar bem enterradas, mas se
levantarão das prateleiras para mostrar a grandiosidade da sua arte mal-amada.
Sei que rimei na prosa e perdi a rima na poesia, sei que o beco é sombrio e
insuficiente, mas que seria do mundo sem o pensador e o criativo, sem o escritor e
o arquiteto, que seria do mundo e de Lisboa sem as suas sarjetas?
E por isso relembro o amor que em meu coração é tão latente por estas letras e
relembro o que vi, naquele dia em que passei pelo beco dos poetas.
ARTE! TUDO É ARTE?
por José Juca
A discussão é ampla, e percorre séculos. Não! Milênios. O que é arte? Sim, este é o princípio. Para nortearmos nossa questão, nada fácil. Já que no decorrer dos tempos, filósofos, cientistas, historiadores, pensadores etc., tentam responder esta pergunta. O resultado, uma infinidade de conceitos surgiu ao longo da história.
Então! Vamos pontuar.
“Arte é habilidade que o ser humano tem para realizar ideias, fazer e criar coisas, com fins utilitários... arte utilitária? Decorativos... arte decorativa? Expressando emoções, histórias, culturas… Baseadas em valores estéticos.”
Sendo assim, relógios, cadeiras, tênis, mochila, estampa de camiseta, design de automóveis, arte culinária, arte marcial, arte de domar cavalos, arte de costurar, arte militar, o que tudo isso tem em comum? Porque tem! Percebem? A função… Social, utilitária… Tendo em vista o conceito ora citado, se trata de arte, não é mesmo? Arte utilitária. E se exercitarmos um pouquinho mais nosso pensamento, veremos que se trata de pontos, linhas, cores, formas, composições, habilidades, criatividades etc., para compor... Arte, então!
Por outro lado, teatro, ópera, pintura, escultura, música, dança, arquitetura, grafite etc., diferem da arte utilitária, por ser decorativa; feita para o deleite, apreciação, satisfação da emoção, podendo ser criação individual, coletiva, ou mesmo, cultivar o lazer; ainda possibilitando abalos, comoções, reflexões, mudança de comportamentos, transformação e modificação de vidas e sociedade.
No entanto, se não chegamos ao entendimento de que tudo é arte, podemos dizer que em tudo está a se manifestar, está presente, de importância inigualável. E hora, comunico... única!
Diante de tudo isso, um eco pode ressoar em nossas cabeças... E se tudo é arte, se qualquer coisa é arte... Fortunas são empregadas para se adquirir um simples objeto. Opa! Espera aí! Simples? Parece surgir a necessidade de qualificar! Qualificar a arte! Então, teremos outro segmento reflexivo... Obra de arte! Mas, tudo é arte. Hã! Hã! Hã! Qualifiquemos arte! Vejo que ainda temos o que compreender... Mas, ai é outro páreo... Segue a filosofia... Estética...
MULHER BRASILEIRA
por Gustavo Anjos
IG: @anjos_anjinho
“Homem tem que ser respeitado”.
Nem todos os homens são dignos de respeito.
Na noite passada um marido pegou a sua mulher menstruada,
Ela não queria ter relação,
Pois, naquele momento não era uma boa ocasião,
Mas mesmo assim ele não teve compaixão,
Pegou ela na marra,
Mesmo ela dizendo NÃO,
Um verdadeiro sem noção,
Que não sabe aceitar um não como resposta.
Mas eles nem importam se as mulheres estão indispostas.
Sabe como muitas mulheres são vistas?
Elas são vistas como objeto sexual,
E as pessoas precisam entender que isso não é normal.
A vida de uma mulher é um constante carnaval,
Corre aqui,
corre ali,
vai pra lá,
vem pra cá,
Tem que lavar,
tem que passar,
tem que ser a cuidadora do lar.
E adivinha só?
Nas noites noturnas os maridos vão chifrar a mulher que só sabe trabalhar.
Elas ainda são taxadas como vagabundas.
“Só andam mostrando a bunda”.
“Não fazem mais que sua obrigação”.
Mas pera aí meu irmão,
Mulher não nasceu só pra trabalhar,
E o seu dever é respeitar.
AMANDO TEUS TOQUES
por Stella Gaspar
Toques de lábios
Toques oleados
Toques mágicos
Na flauta de teus dedos
Tocando nossas almas.
O toque da beleza
Tem em ti inspiração
Especial e linda...
Como o toque de nossos corações
Deixando o amor nos fazer.
Toques dormidos e despertados
No teu outono
E na minha primavera
Invadindo suavemente
o ar dos mistérios aromatizados.
Conquistaremos o mundo do amor
Alegremente e amadamente
Com o toque de nossa afinada melodia
Sentindo tuas mãos dançando
Sobre meus batimentos cardíacos.
Teu toque me faz
Sentir o arrepio do vento
E o calor do sol
Te beijando, entrego-me ao teu abraço
Pensando que estou
Em um mundo
Com canteiros
De beijos lapidados pelas flores.
O SEMEAR DO POETA
por Rick Soares
IG: @rick.so.ares
No jardim da caminhada
O semear do poeta
poucos podem compreender
A não ser outro poeta
As palavras são invólucros
que contém seus sentimentos
seja dor, seja amor, seja aflição...
são as sementes do momento
No jardim da caminhada
o semear do poeta
poucos podem compreender
a não ser outro poeta
ele semeia em vários solos
alguns regam a semente
outros quebram este ciclo
e as sufoca tão somente
No jardim da caminhada
o semear do poeta
pouco a pouco compreendi
os frutos, não é ele quem colhe
e tampouco ele escolhe
Em qual Jardim irá florir
CHARGE

NOSSOS COLUNISTAS
Da esquerda para a direita: Joana Rita Cruz, José Juca. Depois Gustavo Anjos, Stella Gaspar e Rick Soares.
Parabéns ao Luiz Primati pelo incentivo,
Que textos maravilhosos de encher nossos corações de amor, alegria e esperança, parabéns Poetas: Juca, Joana, Gustavo, Stella e Rick
Mais textos reflexivos. Brasil Paralelo influenciando nossos escritores.
Uma bela estréia do caderno Beco dos Poetas. 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽