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REFLEXÕES Nº 74 — 30/07/2023


Imagem gerada com IA MidJourney


 

AUTORA MIGUELA RABELO


Miguela Rabelo escritora de crônicas, contos e poemas, com seu primeiro livro solo de poemas: "Estações". Também é mãe atípica e professora da Educação Especial no município de Uberlândia-mg.
 

AFOGAR-SE


Enquanto imersa estava no mar, às vezes me prendia a tudo que acreditava ser. No entanto, de repente me soltava, diante ao que pareço de fato ser para o outro, me perdendo neste emaranhado de sensações e percepções que ecoam entre você, o reflexo que vê de frente ao espelho e sua representação “holográfica” do que os outros interpretam como fato, através de suas crenças e verdades.


E assim, submergindo em milhares de pensamentos e em um desejo intenso de me fragmentar no pó de areia de onde outrora brotamos… Me debato entre as ondas que tentam me carregar e afundar, não sabendo assim, me desvencilhar e nadar contra a correnteza de pensamentos obsessivos a me envenenar e por isso, vou deixando a maré me carregar…


Então eis o dilema que me deparo: deixar a maré me levar, tentar nadar sem sair do lugar ou esperar por um milagre em alguém me resgatar?


Vivenciei exatamente essa experiência metafórica… e como um milagre, alguém me resgatou. Porém, quando acontece subjetivamente… esse afogar-se, pode ser silencioso e invisível e assim, o que fazer?


Afinal, quem somos? Qual nossa finalidade diante a existência? Se sou errante, por que ainda perduro? Se sou substituível, por que persisto? Se sou limitada frente a capacidade da inteligência artificial, por que ainda insisto? Porque além dessas questões existências, ainda enfrentamos dilemas carnais, espirituais e financeiros, não sendo por isso simples, apenas jogarmos luz aos nossos problemas objetivos diante a tempestade a céu aberto no meio do oceano. Enfrentamos todos os problemas concretos e emocionais ao mesmo tempo.


E por isso, talvez essas questões tenham florescido de forma mais intensa diante da proximidade da mudança de ciclo e de uma provável crise de meia-idade, sobre a qual tanto se fala… Fatidicamente esteja caminhando para ela… e está tudo bem, não existindo nada de errado em sentir e refletir sobre isso.


Fugir dessas questões, seja de qualquer forma, não resolve em nada essa equação… talvez até piorem… Porém, só você mesma pode responder a todas elas sem colo, consulta, literatura de autoajuda ou resposta provida de inteligência artificial. Salve as tentativas de busca de análise, que auxiliam no encontro destas respostas e melhor compreensão de nós mesmos.


Viver talvez seja aprender a resolver suas equações pessoais sozinhos… Por isso que às vezes é mais cômodo, continuar sentindo ou vivenciando de forma pueril a vida, brincando entre as ondas, sem se arriscar em mergulhos profundos, mantendo-se a margem do mar e se satisfazendo em apenas catar conchinhas diante a vida e colecionando assim, belas memórias.


Porém, em algum momento, teremos que pagar por isso, cedo ou tarde. Pois, amadurecer e enfrentar o profundo mergulho, o risco do afogar-se e aprendizado diante a esta experiência é demais necessário nesta viagem.


Entendendo que se ainda insisto com minha escrita limitada e permeada de erros. Talvez seja apenas com uma catarse de respiro ou suspiro diante das angústias que sufocam e que ainda não são magicamente solucionadas pela inteligência artificial, que responde pelo que tange na nuvem, mas que está aquém do que palpita na alma e lateja na carne errante, repleta de angústias e embriagada de paixões.


 

AUTORA BETÂNIA PEREIRA


Betânia Pereira, historiadora/enfermeira, colunista na Revista The Bard. Participou de várias antologias poéticas. Escreve desde que aprendeu a escrever. Escreve poesias, prosas, textos de autoajuda, reflexões. Escreve sobre todas as pessoas que rondam as vidas que viveu e as que ainda viverá.

 

ATRAVESSE! NÃO AFUNDE!


Peguei-me pensando nos rios que atravessamos diariamente, nas vidas vividas e corridas; nas noites a fio nas quais estamos sem fio, nos dias tenebrosos e nas penumbras de calmaria. Quantas águas já não tivemos que colocar os pés, o corpo, sentir e se sobressair. Penso no quanto navegamos até aqui e como fizemos isso, como nos transformamos muitas vezes nesses rios e somos um só com ele.


Rios calmos, serenas águas claras, outras águas barrentas em que ao tocar os pés se perdem as vistas. Rios selvagens, que nos prendem os pés, animais ferozes que assombram o ser. Mergulhos rasos, sem medo de afundar. Afundando em mergulhos profundos e voltando a tona nas margens, ainda cheios de lodo, respiração! Como isso nos torna capazes e nos permite evoluir.


Atravessamos rios efêmeros, sucumbem somente por ocasião e logo após sua ocorrência já não lembramos onde ele estava. Apesar de fundos, são passageiros e as águas vindas em enxurradas não causam traumas permanentes.


Nas travessias, secamos tantas vezes, diminuímos o fluxo, precisamos de chuvas e elas vêm em forma de tantas coisas e pessoas. Alimentando, enquanto as forças naturais voltam. Uma troca natural, uma simbiose do ecossistema.


Nas travessias, de rios caudalosos, precisamos de auxílio: barcos, braços, uma mão estendida. A Barco ou a pé temos que atravessar, ficar do lado de cá não é possível.


Os rios descem seu curso natural, assim como nós, nossa história. Vamos descendo e alimentando. Perenemente contendo água todo o tempo. De forma intermitente, desaparecendo uma vez ou outra.


Nas travessias ficamos, deixamos, desmanchamos, nos refazem, carregamos, trazemos, somos carregados e continuamos o curso, vez ou outra nas margens, em outra, bem afoitos, tomamos o curso… não fujamos, enfrentemos as águas turbulentas ou lentas. Sempre há saídas. E logo alcançaremos as margens!


 

AUTOR LUIZ PRIMATI


Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.

 

O BLEFE DE UM MILHÃO DE DÓLARES


Gameshows americanos com a promessa de uma recompensa de um milhão de dólares têm sido o auge do entretenimento televisivo por décadas. Uma sequência de perguntas é lançada aos participantes, e para cada resposta correta, um novo patamar financeiro é alcançado. Com um prêmio inicial de mil dólares e a promessa do cobiçado prêmio máximo após dez acertos, a inteligência se destaca como a chave do sucesso. Contudo, um novo formato surgiu e está causando inquietação...


A Netflix, sempre na vanguarda da inovação, apresenta um gameshow que premia tanto a precisão das respostas quanto a habilidade de persuasão do jogador. A dinâmica é intrigante: três participantes avaliam a resposta dada, e se ao menos um deles acredita na veracidade da declaração, o jogador é premiado - mesmo que a resposta esteja equivocada.


Em uma primeira avaliação, o programa parece inofensivo e até divertido, e sem dúvida irá prender minha atenção por mais alguns episódios. No entanto, ao refletir mais profundamente, surge uma preocupação perturbadora. Que mensagem estamos enviando às gerações futuras?


Analisando sob uma ótica mais crítica, o programa ensina que a mentira, quando não detectada, é não apenas aceitável, mas recompensada. É um desvio alarmante dos valores que aprendi de minha mãe e que passei adiante para minhas filhas: a verdade deve ser honrada acima de todas as circunstâncias.


Os perigos desta mensagem subliminar não devem ser subestimados. Poderíamos estar acidentalmente incentivando uma inversão de valores em nossas futuras gerações, transformando a sinceridade em desvantagem. Afinal, por que eles se arriscariam a ser punidos por admitir um erro quando poderiam ser recompensados por uma mentira bem contada?


Embora possa parecer apenas um programa inofensivo e divertido, talvez seja um lobo em pele de cordeiro, infiltrando-se em nossas casas. A vigilância é nossa aliada nesse contexto. Afinal, a realidade que transmitimos aos nossos filhos hoje irá moldar o mundo em que viverão amanhã.


 

AUTORA ARLÉTE CREAZZO


ARLÉTE CREAZZO (1965), nasceu e cresceu em Jundiaí, interior de São Paulo, onde reside até hoje. Formou-se no antigo Magistério, tornando-se professora primária. Sempre participou de eventos ligados à arte. Na década de 80 fez parte do grupo TER – Teatro Estudantil Rosa, por 5 anos. Também na década de 80, participou do coral Som e Arte por 4 anos. Sempre gostou de escrever, limitando-se às redações escolares na época estudantil. No professorado, costumava escrever os textos de quase todos, para o jornal da escola. Divide seu tempo entre ser mãe, esposa, avó, a empresa de móveis onde trabalha com o marido, o curso de teatro da Práxis - Religarte, e a paixão pela escrita. Gosta de escrever poemas também, mas crônicas têm sido sua atividade principal, onde são publicadas todo domingo, no grupo “Você é o que Escreve”. Escrever sempre foi um hobby, mas tem o sonho de publicar um livro, adulto ou infantil.

 

CABEÇA DE CRIANÇA


Cabeça de criança é algo fantástico! Elas pensam de forma tão simples que complicam nossos pensamentos.


Diana (hoje uma linda mulher) minha querida sobrinha do coração — filha de amigos muito queridos, costumava ficar comigo por algum tempo. Eu lecionava e quando tinha festinha na escola, lá estava Diana.

Inclusive aos quatro anos, foi a noivinha em meu casamento.


E tudo que qualquer pai e mãe achassem estranho ser feito por seus filhos, lá estava tia Lelé (eu) ensinando Diana.

Me lembro inclusive uma vez de seus pais entrarem em contato comigo, para me perguntarem o que aconteceu que Diana saia abraçando as árvores que encontrava pelo caminho.

Tive que confessar minha culpa, afinal em um de nossos passeios, paramos para abraçar uma árvore.


Fui lembrada deste fato pela própria Diana, que dias atrás, veio me confessar que agora ensina a própria sobrinha a abraçar árvores e desta vez com foto para comprovar o grande feito.


Seu próprio pai tornou-se vítima de seu pensamento infantil.

Não me lembro ao certo quantos anos Diana tinha, mas em um dos passeios pela rua com seu pai, ele brincava com ela, levantando-a pelas árvores, fazendo com que sua cabeça passasse pelas folhas.

E a cada árvore que passavam Diana gritava: — Mais alto, papai! Quero passar minha cabeça nas folhas!

E assim caminharam ao longo da rua, onde Diana era suspensa em cada árvore que passavam.

Alguns dias depois, Diana e seu pai, sentados no sofá, assistiam a um programa na tv. Ele percebeu que o pensamento dela estava longe e intrigado, quis questionar a pequena sobre o que estava pensando, perguntando então:

— Filha, você não está prestando atenção ao programa, estou vendo que está com o pensamento distante, o que passa por sua cabeça?

Diana, em toda sua simplicidade infantil, não teve dúvidas e respondeu:


— Passa folha, papai!


 

AUTORA STELLA_GASPAR


Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.
 

SOMOS O QUE SOMOS


Somos o que escolhemos ser, desde que iniciamos um novo dia.


Podemos até pensar que somos como a escrita de uma linda poesia, encontrando em cada letra e palavras o brilho da esperança sem fim, afinal quem espera com esperança quase sempre alcança.


Somos jardins humanos, despertando o sol, mesmo em dias de chuva, afinal nossos corações possuem um arco-íris com as nossas cores preferidas.


Sempre somos, não podemos fugir dessa verdade, todos nós queremos a felicidade e o bem-estar que depende de nós mesmos.


Quase sempre nos encontramos presos às nossas zonas de conforto, nossos medos nos paralisam porque, o que mais queremos em um mundo de violências é a proteção, para continuar nossas caminhadas, seguindo nossos corações.


Viver, sentir e ser, amando-nos a cada dia a nós primeiro e depois o outro e os outros. Acreditar, crer-se sem fugir de nossas realidades e verdades. Vamos nos achar todos os dias?


Converse com você, sinta-se de dentro para fora, não reprima suas vontades, e o amor que você tem por dentro de sua existência.


Leve sempre na bagagem de teu “ser pessoa”, o que pode ser melhor para você dizendo: sou o que sou.


 


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