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REFLEXÕES Nº 112 — 14/04/2024

Atualizado: há 2 dias

Máquina de escrever antiga
Imagem criada com a ferramenta de IA Midjourney

 

AUTOR LUIZ PRIMATI


LUIZ PRIMATI é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books. Em março lançou seu livro de Prosas Poéticas, "Melancolias Outonais" e o romance de suspense "Peter manda lembranças do paraíso" estará disponível em julho de 2024.

 

CORAGEM

"Meu amor, estou grávida," ela sussurrou como quem revela um segredo ao vento. Naquele instante, senti o tempo estancar, e um filme de uma vida ainda não vivida projetou-se diante de meus olhos. Um sopro de pânico gelou minha espinha, mas respirei fundo, buscando oxigênio e coragem nas mesmas lufadas de ar.

Por que agora? Tão jovem, tão impreparado, questionei aos céus, como se o destino devesse me ouvir. Não, não era o momento ideal — eu, ainda um garoto, encarregado de guiar uma nova vida, uma garotinha. No entanto, em meio à tempestade de dúvidas, um raio de entendimento me atingiu: o momento certo é um mito tecido pela ilusão de controle.

Com o coração aos tropeços, avançamos para o altar, enquanto a vida que havíamos criado crescia silenciosamente, tecendo nossa transformação de dois para três. Sentia saudades do que ainda vivíamos, uma doce antecipação do adeus à dualidade.

A igreja erguia-se imponente, e meu passo até o altar parecia medir a eternidade. As palavras do padre eram ecos distantes, pois todo o universo se resumia ao mergulho nos seus olhos azuis — oceanos onde eu via o desenrolar do meu amanhã. Dizer "sim" foi o mais fácil dos gestos, aceitar o imponderável, isso sim, foi um desafio.

E então, nove meses depois, ela chegou — minha pequena, um feixe de vida em meus braços, um ser de pura inocência que me foi confiado para proteger. Acredito que não falhei.

Nos anos que se seguiram, minha pequena me pedia para deixar a luz acesa, rogava por mais uma história. E, nesses momentos, eu adormecia ao seu lado, o coração pleno, um livro entre os dedos.

Os desafios do início da vida a dois, com uma nova existência sob meus cuidados, testaram-me a cada passo. Contudo, aqueles grandes olhos verdes que me viam como seu todo jamais permitiram que eu desistisse.

O medo era uma constante sombra em minha jornada, mas dentro de mim pulsava uma coragem mais voraz que qualquer temor. Eu jamais deixaria minha pequena à deriva nas marés incertas do tempo.

Hoje, ela, já mulher, enfrenta seus próprios medos com seus dois pequenos. E eu só posso lhe transmitir um eco da minha própria jornada: "Coragem! Não deixe os medos te dominarem."

Repleto de gratidão, reflito sobre os anos enriquecidos pelo crescimento de minha família, pelas alegrias que minha garotinha e minha esposa me trouxeram.

Olhando para trás, após mais de 35 anos desde aquele primeiro arrepio de medo, percebo que a coragem foi minha bússola. Nunca devemos abrir mão dela, pois é ela que nos confirma como merecedores da maravilhosa tapeçaria da vida.

Àqueles que se deixam paralisar pelo medo, digo: nunca serão dignos de reivindicar mesmo o menor dos seus sonhos!


 

AUTORA STELLA_GASPAR


Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.

 

A SUPERAÇÃO DA "DOR"

A dor é para mim uma jornada que pode ser longa ou curta e por isso, superável.

Escrevo nesse texto reflexivo, sobre as dores da alma e do coração. A dor de uma ingratidão, a dor da indiferença que o outro tem acerca da nossa sensibilidade. Geralmente o ou os causadores dessa dor, são os dotados de muita razão e pouca emoção, a emoção que suaviza sentimentos, que acomoda dúvidas e que evita o poder autoritário.

 A dor física todos nós sabemos, que com uma correta medicação, com um adequado procedimento cirúrgico ela passa. É uma dor palpável, diagnosticada, que se mostra nua como nossas imagens nos reflexos dos espelhos.

Em outro âmbito, a superação da “dor”, está na bondade, na oração e no perdão.

É importante, avaliarmos a origem da “dor”, causada por comportamentos autoritários, fracos e falsos e por aqueles seres pequenos, diante de um mundo tão vasto de complexidades.

Os seres humanos e suas incompletudes são hóspedes do orgulho, da incompetência, do diálogo e da escuta. Não estou generalizando, mas sim, me direcionando aqueles que pensam serem sábios com seus títulos, suas palavras ensaiadas, suas máscaras de amorosidades, mas, no fundo, não passam de comediantes. No fundo, estes sabem camuflar muito bem, as interações que estabelecem, sabem encantar e enfeitiçar e quando laçam suas presas ou as devoram,  as largam de qualquer maneira e forma. São os morcegos sugadores de nossas virtudes, que se aproximam para subirem ao pódio, fazendo de você seus degraus.

Não estou escrevendo sobre a “dor” como um sentir rancor, mas como um caminho que em superações nos ensina. Somos portadores de criatividades, de vontades. Andamos por caminhos largos e estreitos, com sensações que vão nos transformando e com nossas aprendizagens, os olhos da alma e do coração vão nos falando. Mas é preciso jogar-se aos riscos da vida, os encontros humanos são como lances de dados e dependendo seguimos com impulsos ou satisfações. Resta-nos termos permanentemente o olhar do amor sublime, renunciando às folhas caídas do outono, que cobrem nossos pés. Elas são secas e leves demais, para conhecer o nosso amor generoso.

Como essa superação funciona? –  Questionei - o que leva um ser humano a serenar sua dor emocional?

Há, como é linda a descoberta de que podemos penetrar no coração de nossas vidas e percebermos que somos fortes, vibrantes e que com a nossa segurança pessoal podemos encontrar um mundo de vontades: vontade de viver, de agradecer, de ter ao nosso lado amigos que são anjos de asas invisíveis, vontade de estar com alegrias, e sorrisos contagiantes, ser de verdade.

Certamente, a superação da “dor” depende de cada realidade de vida, porque no dia a dia precisamos encontrar palavras e sentimentos do bem, que transbordem em nossas almas. Aniquilar tudo que não nos faz bem, e assim, poderemos encontrar a calmaria do fundo do mar que vive em um cantinho somente nosso, de profundidade inabalável. Não devemos gastar demasiado tempo com a “dor” que nos foi destilada, mas sim, observar que acima de nós temos um céu tão puro, tão profundo e que um Deus poderoso não nos oculta as estrelas.

A dor superada é a nova quietude, é um cobertor de sol, iluminando nossos pensamentos. Que tenhamos cautelas com as aproximações de determinadas energias humanas, elas podem danificar, ou deixarem as nossas almas com pesos que não podemos carregar. É preciso ter humildade, aprendendo a arte de chegar, ficar e ir-se.

 

AUTORA SIMONE GONÇALVES


SIMONE GONÇALVES, poetisa/escritora. Colaboradora no Blog da @valletibooks e presidente da Revista Cronópolis, sendo uma das organizadoras da Copa de Poesias. Lançou seu primeiro livro nesse ano de 2022: POESIAS AO LUAR - Confissões para a lua.

 

AMIZADE


Nasce logo num olhar.

Sintonia nas conversas.

Pode ser virtual, cara a cara.

Até mesmo ainda por cartas.

Entre grupos com muitas risadas.

Ou somente duas pessoas.

Sem hora marcada para melhor se ver.

Aquele ombro amigo para desabafar.

Sorrir, chorar...

Falar o que quiser, ouvir sem medo.

Atenção, paciência...

Expectativa naquela notícia tão esperada.

Controle o que vem sem esperar.

Não é coisa difícil, porém, tem que ser do bem… saber sentir o coração.

Assuntos vêm e vão.

Sem hora para acabar.

Ah!. Nasce naturalmente.

Se encaixa perfeitamente.

É forte, resiste ao tempo… distância.

Não vê diferenças...

Percorre fronteiras,

Assim… doce e suave.

É a: Amizade


 

AUTORA LETÍCIA LOSS DE OLIVEIRA


LETÍCIA LOSS DE OLIVEIRA tem 37 anos, é professora universitária, do ensino básico, e perita legista. Tem na escrita seu refúgio e expressão, é neste espaço que transborda, aproximando-se de quem é. Seus gêneros mais afins são a prosa, a crônica e cartas.

 

3,8 CENTÍMETROS

 

Lua, nossa lua, satélite único a orbitar a Terra. Referencial como premissa, licença poética. Em nosso diminuto Sistema, de estrela de 5a grandeza como centro, a também pouco avolumada Terra é acompanhada elipticamente por ti.

 

No entanto tu, tão única, tão nossa, te demoves de nós cerca de 3,8cm a cada translação. 365 dias, 3,8cm de distanciamento.

 

A gravidade a mantém e a arreda. O paradoxo do paradigma. Todas as distorções no espaço-tempo tetradimensional a faziam nossa, acreditávamos. Nossa?

 

Como usar pronome possessivo para um satélite com atmosfera e características próprias, tão suas, tão Sua, e que seu próprio orbitar a liberta?

 

"Ó, lua branca

De fulgores e de encanto", de Chiquinha.

 

Se de fato dás abrigo ao amor, o que será de nós quando te fores? Quem restará até o derradeiro adeus? Quem há de arrancar esta amargura de meu peito, se aqui não estarás? "Dê-me o luar de tua compaixão", pediu Chiquinha. E peço eu.

 

Choro e silencio. É de natureza física teu apartar. Como ousar desejar-te minha?

 

Oh, lua branca. Seja. Esteja enquanto estiver. E vá, pouco a pouco, o tanto que deves ir.

 

Até tu, satélite único, de planeta único, te vás. És própria. És tua. És impermanência.

 

Mas enquanto estiveres, ainda que afastando-te, humildemente peço, "ó, lua branca, por quem és, tem dó de mim". Para que nosso "infinito enquanto dure" abrigue o meu amor. E que seja este, também, infinito na eternidade em que durar.

 

 

OBS: Este texto traz transcrições entre aspas da música "Lua Branca" de Chiquinha Gonzaga e do Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes.


 

AUTORA ZÉLIA OLIVEIRA


Natural de Fortuna/MA, reside em Caxias-MA, desde os 6 anos. É escritora, poetisa, antologista. Pós-graduada em Língua Portuguesa, pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Professora da rede pública municipal e estadual. Membro Imortal da Academia Interamericana de Escritores (cadeira 12, patronesse Jane Austen). No coração de Zélia, a poesia ocupa um lugar especial, gosta de escrever, afinal, a poesia traz leveza à vida. Publica no Recanto das Letras, participa com frequência de antologias poéticas, coletâneas, feiras e eventos literários. É organizadora e coautora do livro inspirador "Poetizando na Escola Raimunda Barbosa". Coautora do livro “Versificando a Vida”.

 

GENEROSIDADE


Quem ajuda outros

Ajuda a si próprio.

Praticar o dar é gratificante

E revigorante.

 

Passe tempo com outros,

Escute, dê atenção,

Seja um bom amigo,

Demonstre compreensão.

 

Demonstrar sentimentos de compaixão

Resulta em felicidade,

Torne a vida do outro mais leve,

Agindo com generosidade.

 

Seja solícito,

Coloque-se à disposição!

A generosidade contagia,

Outros o imitarão.

 

Quem é generoso

Sente alegria no coração.

Experimente ajudar

E sinta satisfação.


 

AUTOR WALTER BERG


WALTER BERG, pseudônimo de Valter Alves da Silva, poeta contemporâneo, professor de Língua Portuguesa, Licenciado em Letras Português e Literatura pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA, especialista em Gestão, Supervisão e  Coordenação escolar pela FAVENI, tem participação em várias antologias nacionais.

 

O SER VERBALIZADO


Os dois em uma só carne,

Amando, aceitaram-me.

Mulher! Que emoção maternal!

O ser verbalizado pulsou.

Criou cérebro, bateu o coração.

Vida sim, aborto não.

 

Desenvolveu-se e nasceu

Deixaram vim ao mundo

Sentir a beleza da vida!

Ser bebê, criança e adolescente,

Ser gente!

Aprender viver, conviver,

Amar, respeitar e ser tolerante.

 

Ser adulto civilizado

Educado e instruído.

Ser feliz,

Saber amar

E ser amado.


 

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