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CONTOS DE UM FUTURO DISTANTE Nº 21 — 05/07/2022

Ricardo dos Reis nos traz mais um conto "Funcionário do ano". E Sidnei Capella com seu novo conto "Não é meu".


Esse caderno tem a intenção de divertir os nossos leitores que, sempre acabam tirando algum ensinamento para suas vidas.

Leia, Reflita, Comente!

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FUNCIONÁRIO DO ANO


por Dos Reis


Na semana passada, enquanto o novo funcionário da lanchonete, Rarysson Fordy, preparava um sanduíche de pastrami para um cliente, o Dono do estabelecimento sentou-se em sua cozinha e pegou seu próprio café, com torradas e frutas. Percebeu que a chapa estava acesa e a desligou.


― Não deixe a chapa ligada quando não estiver usando, meu filho. Aqui nós evitamos o desperdício.


― O sanduíche não sai tão bom com a chapa fria. Eu estava montando o lanche e esperando a chapa esquentar.


― Nada disso, nada de desculpas. Vamos evitar o desperdício.


O Dono, na verdade, não ligava para essas coisas, aquele zelo era o preciosismo de quem acaba de contratar um novo funcionário e precisa mostrar a ele quem é que manda no pedaço.


― Uauuuu... Que lanche maravilhoso. Quero mais um ― disse um cliente famigerado.

O forte do local era o ponto: fácil de encontrar, amplo e muito próximo de uma estação de metrô. Ao terminar o café o Dono disse, com um resquício de inveja e um tom com excesso de aflição:


― Pode deixar a chapa ligada, se quiser.


Dava para notar que ele cultivava o espírito do politicamente correto, desde que o lucro fosse certo.


Rarysson deu prioridade ao lanche e manteve a chapa ligada. O movimento daquele dia foi melhor que o comum e no dia seguinte foi melhor ainda. Por vinte e dois anos aquela lanchonete manteve a mesma decoração, os mesmos lanches, a mesma clientela e não seria o novo funcionário quem iria mudar tudo. Mas o rapaz não se esquecia de dar um toque especial em tudo: era o tempero mais equilibrado, a prestimosidade no atendimento, o sorriso no rosto... Depois de uma semana o Dono do estabelecimento veio falar com os funcionários.

― Nós tivemos uma pequena melhora nas vendas, nada significante.


Que nada! As vendas tinham dobrado em uma semana e o Dono tentava minimizar o acontecimento.


― Ao menos estamos pagando o aluguel, não posso reclamar ― concluiu o Dono um tanto satisfeito.


O cheiro do café fresco antes do dia começar, do pão levemente prensado na chapa, o tilintar dos ovos frescos... tudo isso colaborava para que a velha lanchonete começasse o dia cheia.


― Rarysson, faz um lanche para mim ― gritou um cliente.


O Dono, já enciumado, se colocou à frente.


― Pode deixar, Rarysson. Eu faço o lanche para esse rapaz.


― Nada disso, meu senhor. Não é a mesma coisa. Eu venho aqui somente para comer o lanche do Rarysson. Eu quero que ele faça o meu.


― O Rarysson aqui é só um funcionário. A lanchonete existe há vinte e dois anos e sempre serviu os mesmos lanches. Diga logo o que quer.


O cliente não aceitou a oferta, virou as costas e foi embora.


― Isso me parece um sinal dos absurdos que vem pela frente. É só o que me falta agora, os clientes associarem nossos lanches a um reles funcionário. Eu sou o mestre aqui, pode vir quem quiser. Faço o melhor lanche que o mundo já viu.


Alguns funcionários ficaram exasperados com a intromissão do Dono, mas logo o trabalho voltou ao normal.


― Rarysson, venha cá.


― Pois não, senhor.


― Pegue essa vassoura e limpe esse chão, quando terminar pode limpar o banheiro.


― Mas senhor, eu estou fazendo lanches agora.


― Nada de fazer lanches, meu rapaz. Isso não é coisa para você. Aqui você limpa o chão, entendeu?! Deixa isso para quem sabe, ninguém limpa o chão como você. E agradeça por eu não lhe mandar embora.


Quando algo dá errado, as pessoas mudam e quando dá certo, as pessoas mudam também e durante uma semana Rarysson ficou dedicado somente para o serviço da limpeza. Nada de atendimentos, nada de fazer lanches. O Dono do estabelecimento assumiu a cozinha e distribuía xingamentos sempre que algo dava errado, ou seja, a todo momento. Enquanto isso Rarysson se divertia na limpeza. Fazia tudo com um sorriso no rosto: dava informações e sugestões aos clientes, limpava as mesas sem ar de reprovação, aceitava as brincadeiras... O Dono do estabelecimento chegou a considerar aquele comportamento como provocativo.


― Aqui não é lugar para brincadeiras, viu?! ― vociferou para o funcionário.


E como as vendas tinham caído muito naquele período se viu obrigado a restabelecer Rarysson ao seu antigo posto de serviço.


― Não se acostume com esse lugar. Eu preciso de um funcionário polivalente. Você está aqui para fazer o que eu mandar e pronto.


Rarysson aceitou a ordem e rapidamente vestiu seu avental e colocou seu chapéu de cozinheiro. As vendas voltaram a subir. Mas a cada elogio recebido da clientela Rarysson era devolvido ao serviço da limpeza e se tornou comum vê-lo limpando o estabelecimento e logo em seguida atrás do fogão fazendo sanduíches.


― Seu lanche é uma delícia, Rarysson ― elogiavam os clientes.


E o Dono do estabelecimento logo retrucava.


― Qual nada! Não tem nem bosta no cu para cagar. Se não sou eu aqui na retaguarda não haveria nada para comer.


E lá voltava Rarysson para o seu castigo atrás da vassoura.


― Fica aqui, seu imundo, quando aprender a varrer um chão direitinho você pode voltar para a cozinha.


Mas logo os clientes reclamavam do lanche e Rarysson tinha que duplicar a função.


Às sextas-feiras Laura, religiosamente, ia até a lanchonete comprar o lanche de seu chefe, a menina afeiçoou-se de Rarysson e quando o via pela minúscula janela da copa empinava seu corpo esbelto no balcão e acenava para ele.


― Bom dia, Rarysson.


Mas quem respondia era sempre o Dono da lanchonete.


― Bom dia para você também, minha princesa.


A menina sempre desdenhava e o Dono da lanchonete insistia em puxar assunto.


― Quanta formosura, heim, Lady Laura? ― falava melodioso e depois gritava para dentro da copa. ― Vem aqui Rarysson que a menina quer lhe ver. É certo que ela vai pedir alguma coisa.


Rarysson aparecia timidamente, limpando as mãos no avental. O Dono continuava insistindo.


― Então, o que vai querer hoje? Pode pedir que mando o meu capacho fazer. Você sabia que o Rarysson é meu capacho? Se eu quiser ele limpa o meu sapato com a língua, é só eu pedir, e ai dele se não obedecer.


― Eu vou querer o de sempre ― respondeu Laura.


― Rarysson, manda também uma porção de batata frita no capricho para minha Lady Laura. É por conta da casa.


Rarysson, caprichosamente, executou o serviço.


― Essa eu vi primeiro ― gritava o Dono da lanchonete, batendo fortemente as palmas das mãos em um estalo. ― Ninguém tasca.


― Esse cara é um “empata foda” ― cochichavam os funcionários.


Por causa de Laura o Dono passou a perseguir Rarysson, passava o dia inteiro no seu cangote, a lhe criticar o trabalho.


― E isso aqui? Não se usa mais limpar o balcão? Você tem sorte que a clientela gosta de você, senão já teria lhe dado às contas.


― Mas isso acabou de aparecer...


― Quem não lhe conhece que lhe compra, meu rapazola. Pega o meu carro, preciso que me leve até o mercado.


Tudo que passava pela mão de Rarysson era feito com carinho e da melhor forma e os clientes passaram a admirar também a sua paciência, demonstrada todos os dias pelas iniquidades do patrão.


No interior da lanchonete os problemas se erguiam como brotos de feijão. Dos oito funcionários apenas Rarysson era indiferente ao que acontecia. Alguns faziam somente o necessário, outros ficavam por pouco tempo no emprego, e um ou outro estava ali somente pelo salário, ainda que miúdo.


― Você está arruinando esse rapaz. Por que não o convida para ser seu sócio? ― disse um cliente que frequentava a lanchonete há três meses. ― Eu estou aqui somente por causa dele, caso contrário comeria em outro lugar.


― Sou eu mesmo quem faz os lanches daqui. Vocês nem sabem o que comem ― apressava-se o Dono da lanchonete a se justificar. ― Ele ainda nem sabe cozinhar. É apenas um ajudante de cozinha.


― Pois eu não como o seu lanche. Deus me livre!


― Pega ali a minha frigideira, Rarysson! Está vendo no que dá você ficar se amostrando pela janela. Agora as pessoas acham que você sabe fazer alguma coisa. Ele é só um leva e traz, minha gente ― e repetia as mesmas palavras outra vez. ― É só um leva e traz. Coitado.


Um número de clientes, que não queria se expor por medo de prejudicar Rarysson, dava sugestões para o rapaz abrir a sua própria lanchonete.


― Vamos lá, meu rapaz. Dê um fim nisso tudo. Esse cara não merece o funcionário que tem.


No entanto, outro bom número de clientes sentia medo de perder o jovem cozinheiro.


― Aguenta firme, logo ele irá reconhecer o seu trabalho.

Em um comunicado anônimo, um cliente sugeriu que a lanchonete pendurasse na parede uma foto, ressaltando o funcionário que se destacou no mês. Era uma forma de Rarysson ter o seu devido reconhecimento. O Dono aceitou a ideia e imediatamente a colocou em prática. O primeiro funcionário a se destacar foi Quirônio, o segurança.


― Escute, senhor ― insistiu um cliente. ― Você não acha que o Rarysson merecia estar em destaque? Eu só venho aqui por causa dos seus lanches.


― O Rarysson ainda não está no ponto. Precisa melhorar muito. Mas um dia ele chega lá.


No mês seguinte o funcionário em destaque foi Antônio, assistente administrativo da lanchonete.


― É muito estranho um funcionário administrativo receber o prêmio. Ele não tem contato com os clientes. Quem faz essa avaliação? ― reclamaram.


― É devido à sua idade e ao seu estado de saúde. Devo-lhe grandes favores, esse mês me fez economizar alguns reais em minha conta bancária. É um grande homem, podem acreditar.


No terceiro mês a filha do Dono, que mal aparecia na lanchonete, ficou em destaque.


― Como pode? ― reclamou o cliente da lanchonete. ― Venho aqui todos os dias e nem conheço essa menina.


― Vocês não sabem, porque eu não gosto de mencionar ― disse o Dono. ― Mas essa menina me ajuda um bocado.


Devido aos elogios de alguns clientes, Rarysson amargava uma pena dura de três meses nas funções de cozinheiro, auxiliar de limpeza e motorista. Sua jornada tripla começava às sete horas da manhã e algumas vezes ultrapassava às vinte e duas horas, sem interrupção.


― Por que você é um cozinheiro tão dedicado, Rarysson? ― perguntou um dos funcionários.


― Fui criado por minha avó e ela não permitia que eu falhasse em meu serviço. Ela me dizia: “Se você fizer todo o seu serviço e o lugar ainda estiver sujo é porque você ainda não terminou o serviço, e se isso for feito sem um sorriso no rosto não adianta nada, meu filho”.

― Ela explicou também que essa postura de “nunca falhar” é intimidadora? O patrão deve se sentir ameaçado por você, a todo momento. Não importa o que faça, você sempre será uma ameaça para ele.


― Mas isso não faz sentido, todos querem um funcionário dedicado.


― Só no discurso, na prática as pessoas precisam de alguém inferior. No seu caso, a única alternativa dele é de lhe desprezar, ou minimizar suas ações, não é o que ele faz?

Um cliente entrou no meio da conversa.


― Eu concordo com ele. Seu patrão cresceu cheirando picles, não sabe de nada ― brincou.


Rarysson e o cheiro de comida ainda pairavam sobre a lanchonete, e os clientes já chegavam para o jantar, enquanto o Dono se regozijava com o crescimento das vendas. Pela primeira vez, Rarysson olhou com desprezo e desconfiança para o Dono da lanchonete.


― Estamos cada vez mais perto de nossa meta. Os dias restantes prometem ser os melhores que já tive.


― Eu quero as minhas contas ― disse Rarysson, retirando o uniforme.


― Como assim? Depois de tudo que eu fiz por você? Aí fora você não terá uma oportunidade como a que lhe dei aqui. Será, no máximo, um auxilia de limpeza.


― Foi triste perder um ano inteiro de minha vida nesta espelunca.


― Não seja ingrato, eu sempre lhe tratei como um filho.


― Um filho que limpa o chão, que serve pratos e ainda trabalha como seu motorista nas horas de folga. Para mim chega.


Rarysson virou as costas e foi embora da lanchonete, para sempre. Todos os dias os clientes lamentavam a sua ausência e o Dono da lanchonete se queixava do movimento fraco nas vendas. Embora ele tenha sido um ótimo funcionário ― e relativamente tenha desfrutado de boa relação com todos dali - nenhum laço o prendia mais a suas obrigações. Depois de se ver anulado por suas competências se via agora no direito de anular as pretensões de quem o usava de forma tão ingrata. Podia não ter sido o funcionário do mês, mas certamente seria lembrado como o funcionário do ano.


FIM





NÃO É MEU


por Sidnei Capella


Com o skate danificado e faltando poucos dias para o torneio, Renato Augusto, estudante do ensino médio, praticante de freestyle, estava preocupado em não conseguir participar do campeonato.


O jovem atleta praticante do esporte radical, precisava arrumar dinheiro para comprar um novo equipamento e, pagar a taxa de participação.


Pediu dinheiro para o pai que alegou não poder ajudar, por motivos de contenção de despesas familiar. Com a resposta negativa do genitor, recorreu ao tio que, nem terminou de escutar o pedido do sobrinho, respondendo estar com problemas financeiros.


“O que farei agora, para participar do torneio?” ─ pensou Renato Augusto, voltando para casa.


Chegou no aconchego familiar e encontrou a mãe, sentada no sofá da sala, assistindo novelas no aparelho de smart TV.


─ Mãe, eu preciso de dinheiro! O que a senhora pode fazer?


─ Nada! O seu pai já falou que agora não podemos gastar.


Escutou atentamente e, aborrecido pelo desinteresse da mãe em ajudar a encontrar uma solução para o problema, foi para o quarto contar as moedas do seu cofre, um porco de cor amarelo. Constatou que as economias não eram suficientes para sequer, comprar uma roda de um skate.


Acomodou o corpo na cama, desanimado e inconformado, ficou matutando… olhando para o teto, até ser chamado para o jantar.


Sem dizer uma palavra, terminou de jantar, pediu licença para os pais dizendo estar cansado. Sentou-se na cadeira da escrivaninha do quarto, finalizou as tarefas escolares, tomou banho e deitou na cama e adormeceu.


Amanheceu e Renato Augusto, levantou, colocou o uniforme escolar, tomou café matinal com os pais, escovou os dentes e partiu para o colégio.


Rotineiramente caminhando, travou uma batalha entre pensamentos desejosos de participar do torneio e a irritabilidade da dificuldade em obter o dinheiro para cravar a presença no evento esportivo.


Passou pelo portão de entrada da Instituição de ensino, caminhou tranquilamente no pátio principal em direção ao prédio A, onde estudava e, subindo as escadas, olhando para baixo, achou um volume de dinheiro, caído em um dos degraus.


Parou, olhou para todos os lados, e constatou que no local não havia pessoas nem câmeras de filmagem, afirmando em pensamentos… que naquele espaço composto de degraus e paredes, os únicos presentes eram ele, e o dinheiro sem dono. Fixou os olhos no pequeno volume dobrado e, com a fisionomia ressabiada, pegou a quantia, sem contar, colocando-a no bolso.


Entrou na sala de aula, acomodou-se na carteira e, com um vasto sorriso, cumprimentava os amigos de turma.


A dúvida de participação no torneio, mudou de rumo, a certeza de competir, falou mais alto. A única preocupação de Renato Augusto naquele momento era contar o dinheiro sem dono e, planejar o destino da quantia.


“Quando terminar a primeira aula, vou para o banheiro, contar o dinheiro!” ─ pensou.


Tocou o sinal e, como planejado em pensamentos, o jovem atleta skatista, caminhou ligeiramente para o banheiro coletivo, trancou-se em uma das divisórias individuais e, contou as notas.


Ao contar a última espécie do volume, constatou que o dinheiro achado, era o suficiente para colocá-lo no torneio e sobraria uma pequena quantia para um passeio no shopping.


Voltou para sala de aula, pegou a apostila, na mochila, e ao levantar a cabeça, notou a presença junto ao professor do monitor de alunos, que, passou um comunicado:


─ Atenção, alunos! Alguém achou dinheiro, nas dependências do colégio? ─ perguntou, sem obter nenhuma resposta. ─ Se alguém souber quem achou, favor levar ao conhecimento da direção escolar ─ comunicou e saiu da sala de aula.


O silêncio tomou conta da turma escolar. O professor iniciou um ditado e Renato Augusto, sem escrever, debruçou-se na carteira, entrelaçou os dedos nos cabelos encaracolados, coçou a região posterior da cabeça e, falou em um tom de voz alta, interrompendo a aula do educador.


─ O que faço agora?


─ Renato Augusto! Algum problema? ─ perguntou o professor. ─ Quieto ─ solicitou educadamente, e continuou a ditar.


Como um vento levando poeira, carregou a certeza do jovem skatista, em participar da competição. A fisionomia, mudou de euforia para um olhar angustiante, o sentimento de dúvida, era visível no olhar de Renato Augusto.


Saiu da aula, alegando ao professor, não passar bem, caminhou em direção ao pátio e notou a presença de um grupo de jovens, comentando sobre o dinheiro perdido.


A ansiedade aflorou no peito, a consciência gritava em não devolver a quantia e, de participar do torneio. Os pensamentos não frisavam uma decisão. Gladiou internamente contra o dever de entregar o dinheiro ou de calar-se.


Os princípios morais, ensinados pelos pais, um deles a honestidade, martelava em uma consciência confusa.


Sentou na mureta fabricada de cimento que, separava o pátio, da quadra poliesportiva e contemplou… uma pequena rampa de skate, construída pelos alunos adeptos do esporte, usada para treinos.


Não aguentando suportar a pressão interna dos pensamentos incertos, decidiu, no período reservado para o lanche dos alunos, pedir opinião para dois amigos confiáveis da turma.


Levantou do extenso assento cimentado, pegou uma pequena pedra e tacou em direção da grama aparada, mostrando um estado de revolta. Caminhou em direção a sala de aula e antes de chegar ao destino, levou um susto com o som agudo sinalizando aos alunos o início do intervalo.


Aproximou-se do primeiro amigo confiável que, estava lanchando e papeando com o cantineiro, referente a jovem estudantil dona do dinheiro achado.


─ É uma garota que perdeu o dinheiro? ─ perguntou, Renato Augusto.


─ Sim! É a Michele. Se fosse eu que tivesse achado, não devolveria ─ respondeu o primeiro amigo. ─ Ela é patricinha e muito metida ─ justificou.


Escutou atentamente a opinião egoísta e invejosa do companheiro de turma escolar e, saiu a procura do outro amigo.


Sem muito caminhar, deparou-se com o outro amigo confiável em uma roda de estudantes, discutindo o assunto mais falado do dia na escola, que, era a devolução do dinheiro achado. As opiniões eram diversas, definidas em argumentos diferentes, divididas entre respostas positivas e negativas.


─ E você, Renato Augusto! Devolveria o dinheiro? ─ perguntou o segundo amigo.


─ Não sei! ─ respondeu Renato Augusto e, saiu da roda estudantil, regressando para os estudos.


Entre pensamentos… de devolver e não devolver o dinheiro, lembrou dos bons ensinamentos dos pais e, a voz da honestidade, sussurrou no ouvido do jovem skatista Renato Augusto que, levantou-se da carteira escolar, correndo em direção da sala de aula, da aluna Michele.

─ Michele, toma o seu dinheiro, achei na escada do prédio.


─ Já tinha até esquecido! ─ Michele pegou o dinheiro com olhar de desprezo, sem se sensibilizar com um gesto honesto, retornando para sala de aula.


Não entendendo a atitude hostil da aluna, Renato Augusto, entrou no banheiro coletivo, lavou o rosto, ergueu a cabeça, respirou fundo e pensou:


“O que é pior, uma pessoa com falta de honestidade ou com a falta de gratidão?”


Voltou para o lar com a certeza que, por motivos financeiros, não participaria do torneio de freestyle. Ao mesmo tempo, aliviado e satisfeito, por tomar a decisão correta.


FIM





NOSSOS COLUNISTAS


Ricardo dos Reis e Sidnei Capella.

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