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REFLEXÕES Nº 10 — 06/03/2022

Novas colunistas na área: Lina Veira e Lucélia Santos. Sejam bem-vindas ao nosso blog! Estamos recheados de conteúdo com nossos colunistas: Arléte Creazzo, Odilon Filho, Rick Soares, Joana Pereira, Joana Rita, Alessandra Valle, Antônio Carlos Machado, Simone Gonçalves, Lina Veira e Lucélia Santos.

Leia, Reflita, Comente!


Imagem: https://lightfieldstudios.net



GUERRA DA ESPERA


por Arléte Creazzo


Enquanto soldados viajam para locais que muitas vezes os próprios parentes não podem saber onde estão indo, esses mesmos parentes esperam seu regresso.

Dias sem notícias, um silêncio que agride o coração.

Para cada soldado que parte, um número muito maior de pessoas aguarda.


Elas veem seus parentes partirem para guerra e começam uma guerra particular dentro de si. Enquanto sentem orgulho de verem aqueles que amam, fazerem algo que lhes dá orgulho, sentem ao mesmo tempo a dor da separação.


Quantos últimos abraços uma mãe dará em seu filho, na incerteza da volta?


Quantos — mamãe volte logo — não serão ouvidos até que a guerra se acabe?


A espera também mata. Ela vai assassinando aos poucos o coração dos que ficam.


Os que ficam no centro da guerra, esperam por um lugar seguro, esperam que nada de mal aconteça à sua família, esperam que tudo termine.


O esperar nos domina, principalmente por não sabermos o que virá com a espera.


A guerra é feita por homens fracos, que enviam os fortes em seu lugar, para que conquistem coisas que não lhes pertencem.


E esses homens fracos só esperam as medalhas para serem colocadas no peito.


Há sempre uma longa espera na guerra: o soldado espera ser convocado, a família espera que ele volte vivo e o mundo espera que a guerra acabe.



ATÉ BREVE


por Luiz Primati


Quinta-feira recebi a notícia de que meu amigo Fernando Blasi tinha desencarnado e confesso que fiquei triste. Porém, não vim aqui para ficar me lamentando, dizendo palavras para emocionar as pessoas e essas coisas todas que sentimos quando alguém se vai. Vim aqui para contar como ele era comigo. O destino fez com que o meu caminho se cruzasse com o do Fernando, numa época conturbada da minha vida profissional. Eu não o conhecia e não pedi para ele ser meu sócio e quando percebi, na mesa de meu sócio, sentava-se Fernando. Assustei-me! Quem era aquela pessoa que se apresentava como novo dono da empresa? E, por que não fui avisado? Só o destino explicaria. Passado o susto inicial, tentei me concentrar no meu trabalho que era desenvolver software. Fernando era o administrador da empresa e começou a levantar a situação em que ela se encontrava. Tivemos momentos de constrangimento, quando Fernando me questionava sobre a parte financeira e eu respondia não saber. Ele não se conformava com isso. Torcia o nariz, tirava os óculos e me dizia que isso era inconcebível, afinal eu tinha 50% da empresa e era responsável na mesma proporção por tudo. Depois de um mês em que convivemos entre investigação, desconfiança, levantamentos financeiro, Fernando me chamou para uma conversa séria. Explicou-me que a empresa estava falida e fora enganado. Disse que forçaria o meu ex-sócio a retornar para a empresa e queria seu dinheiro de volta. Eu não soube o que dizer, pois, meu sócio desapareceu numa noite e no dia seguinte Fernando assumira. Eram muitas revelações e foi um período bem difícil para mim. Passado o susto, resolvi sair da empresa, deixando-a para meu ex-sócio que assumira novamente e recomecei a vida. Sai quase sem nada. Apenas com meu computador e dele tiraria o meu sustento. Aprendi uma lição: a de não confiar tanto nas pessoas e ganhei um novo amigo. Nessa lição ainda não recebi a nota máxima, mas estou tentando. Depois desse episódio, comecei a frequentar a casa de Fernando e nos reuníamos por horas em seu escritório. Ele sempre tinha uma “Original” gelada para debatermos sobre softwares, computadores, programação. Foi nessas noites que ensinei algo sobre programação com banco de dados e Fernando aprendeu rápido. Ele tinha facilidade para assimilar novos conhecimentos. Metódico, calculista, empenhado. Comecei a admirar Fernando pela sua amizade e por ter me feito enxergar a saúde de minha empresa. Em nossos encontros conheci seus filhos Rodrigo, Francisco e Marcelo. Tive uma maior proximidade com Rodrigo e Francisco, pois acabei desenvolvendo websites para eles. Acabamos nos tornando amigos e Rodrigo o meu sócio. Nossos caminhos seguiram rumos diferentes e algumas vezes ao ano nos reuníamos para conversar e tomar uma Original. A cada encontro, descobria que Fernando estava embrenhado em novos negócios, descobrindo novas tecnologias e sempre querendo saber mais. Só que muitas vezes eu é que aprendia com ele.

A vida é uma troca. Um eterno aprendizado. Ninguém pode dizer que se doou a vida inteira e não absorveu nada de outras pessoas. Isso é ter a mente muito rasa e ideias mesquinhas. Sou grato a tudo que Fernando me ensinou e não foi pouca coisa e também não caberia aqui nesse post. Muito obrigado por fazer parte da minha vida. Você tinha combinado comigo e outras pessoas que viveria 150 anos, se lembra? Conseguiu chegar apenas na metade e isso prova o quanto não temos controle sobre a vida, muito efêmera. No entanto, tenho uma boa notícia para te dar, meu amigo: o espírito é eterno. Muitas encarnações virão. Milhares de anos, quem sabe milhões, ainda para retornar ao corpo físico e continuar a sua evolução. Espero que nossos espíritos ainda possam se encontrar numa dessas encarnações, pois ainda não aprendi de você tudo que precisava. Não vim aqui para me despedir de você e sim para te dizer “até breve”.



A NOITE TEM A COR QUE EU GOSTO


por Joana Pereira IG: @temjuizo_joana


A noite tem a cor que eu gosto, tem fantasmas do meu tamanho. Tem medos que adormecem e me deixam dormir também, pelo conforto das estrelas e os mistérios da profundidade de um céu escuro. A noite tem a cor que gosto, tem disfarces à altura da astúcia do meu coração.


Venham fantasmas, venham homens! A noite tem a cor que eu gosto, escurece-me, abafa-me, oculta-me a visão. O que não vejo, não enxergo e o que não sinto, não faz oposição.


Na noite caminho cega, mas imensa. Carregada dos desejos mais obscuros, os que, até a mim, metem medo. Num breu de aflição, as sinapses não cessam, mil e uma névoas se erguem do subconsciente, para fazer frente ao propósito da minha existência. A noite tem a cor que eu gosto, agora adormecida, num silêncio neurológico, o corpo esvai-se pelos lençóis, com a delicadeza que é a união destas duas pálpebras, onde os sonhos embaciam a alma e os medos se tornam meramente teóricos.




EU QUERO SER MAIS


por Alessandra Valle


Na busca pelo autoconhecimento passei a estudar o conceito de vícios e virtudes, mas apenas o conceito é pouco para afirmar que estou no caminho do aperfeiçoamento.


Passei então a refletir sobre meu comportamento e a perceber quais são as verdadeiras emoções que baseiam as atitudes que tomo diante dos acontecimentos da vida.


Entretanto, conhecer, refletir e perceber não podem estar desassociados à prática.


Por isso, para eu seja uma pessoa melhor é preciso praticar as virtudes que estão despertando pouco a pouco na minha consciência.


Caminhar no sentido do bem é um processo de construção.

Logo, quero ser mais...


ALEGRE, para perceber que alegria não é somente satisfação emocional, mas está associada à aceitação de que a Inteligência Celestial a tudo provê e socorre. Estar plenamente sintonizada com a paternidade divina, através das mensagens silenciosas e sábias que a Vida me endereça.


DESAPEGADA, para libertar o “ego” e desenvolver um amplo senso de liberdade e de confiança em Deus, para manter um relacionamento saudável e espontâneo com a família e a comunidade.


SÁBIA, para reconhecer com humildade as muitas coisas que ignoro e não incorrer na presunção de tudo saber ou conhecer.


PACIENTE, para poder descobrir o momento certo de perseverar ou de abdicar de relações, situações, vínculos e atividades que envolvem o meu dia a dia.


AFETUOSA, para respeitar os ideais e as convicções diferentes dos meus.


LÚCIDA, para não exaltar o talento, nem evidenciar a inabilidade; analisar os fatos na sua totalidade, buscando entendimento, imparcialidade e moderação.


COMPASSIVA, para possuir um entendimento maior sobre as fragilidades humanas, mais realista, menos exigente e mais flexível com as dificuldades alheias.


CORAJOSA, para utilizar minhas próprias potencialidades e descobrir a força que existe em meu íntimo, pois que Deus me convoca, principalmente, a trazer à tona a luz que existe dentro de mim e não me entregar, nem me esconder em refúgios externos.

Em citar as virtudes que quero potencializar em mim, fiquei cansada, por isso, é preciso ter boa vontade e bom ânimo para não desistir.


Ainda bem que não temos uma só existência, como nos ensinou o Mestre Jesus:


— “Em verdade, em verdade digo-te: ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.”


Fontes de consulta:

Evangelho de João 3: 1 a 12

Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIII, 7



DESEJO


por Odilon Azevedo Filho


Se eu pudesse

dizer com a sua boca,

eu trocaria a minha com a sua

para me confundir com você.


Assim,

depois nasceria

uma criança na guerra.

O nome dela seria esperança.

Sobrenome da paz.


DO QUE SOMOS FEITOS?

por Rick Soares


Do que somos feitos? Você eu não sei, mas com certeza não somos feitos da mesma forma. Não somos feitos das mesmas lágrimas, do mesmo choro, nem das mesmas alegrias.


Não somos feitos dos mesmos amores, dos mesmos traumas, nem das mesmas dores.


Então não apontemos o dedo um ao outro. Não digamos como o outro se sente ou como deveria se sentir. Não digamos como devem reagir às circunstâncias que os rodeiam se não temos a mesma essência.




APOCALIPSE HUMANO


por Joana Rita Cruz


Li muitas histórias, sagas inteiras, sobre mundos pós-apocalípticos em que caem cinzas do céu e as flores são memórias quase apagadas. As alterações climáticas são um aviso, como um sismo premonitório antes do terramoto e há mais do que evidência de que a nossa falta de consideração pelo nosso planeta pode ser o fim do mesmo, o fim da raça humana, o fim das eras.


No entanto, as questões ambientais prosseguem com um ritmo geológico, que apesar de cada vez mais acelerado ainda nos dá muito tempo para condenarmos o mundo a um indigno fim por pura estupidez humana.


Vejo o fim do mundo como uma terra desolada por ondas invisíveis de radiação entre campos de batalhas em vão, vejo o fim da sociedade como uma falta de cultura e moral, uma epígrafe de corrupção, ganância e egos absurdamente inchados.


A insaciável sede por poder do ser humano será o nosso fim, sejam países insatisfeitos com a dimensão mais do que suficiente do seu território ou as pessoas comuns que por se acharem superiores maltratam os seus irmãos de espécie, aquilo a que chamamos falta de humanidade será ironicamente o fim da humanidade.


Numa sociedade em que a arte seja parvoíce, o bem burrice e a honestidade fraqueza não sobrará qualquer amor, nem convenções sociais, nem união, no fundo, a falta de amor e da necessidade de ser politicamente correto irá revelar um apocalipse.


Talvez seja pouco modesto, mas acredito que a vileza do ser humano é aquilo que nos pode levar ao fim das eras em menos tempo. Alguns países já vivem ou preparam guerras, nas redes sociais há pessoas que publicam espancamentos e bullying com hashtags de orgulho e, no fundo, o mais enraizado em cada sociedade é o dinheiro e não a felicidade.


Por isso o meu apocalipse, a minha visão de fim do mundo é a de um mundo que parece ter sido destruído por bombas atómicas e armas de fogo, mas, no fundo, tudo terá sido destruído pela incapacidade dos seres humanos de serem Humanos.




COLECIONISMO


por Simone Gonçalves


Um amor, acima de tudo. O colecionismo faz parte de uma cultura que vem de geração em geração, com a certeza de que sempre teremos no decorrer dos tempos algo nostálgico para contemplar.


O ato de colecionar pode envolver uma paixão, com prazer em ter esse poder de juntar coisas que despertam uma satisfação muito grande. A sensação de que pode ter um mundo de riquezas nas mãos, porque a sua coleção de uma ou mais coisas se torna um tesouro de valor incalculável.


Nesse valor tem sentimento que não se pode substituir por nada, pois tem amor. Mas é um tipo de amor que vai se moldando conforme seu interesse na ânsia do querer ter mais e mais...


Você procura, pesquisa, começa a trabalhar um espaço dedicado a deixar ali, explícito aos olhos (às vezes só aos seus), ou no prazer de expor se for uma coleção que até mesmo exige essa forma de exibir sua riqueza.


De qualquer maneira, o colecionador tem interesses pessoais nessa questão. O que também pode ser definido como mania, dentro de uma beleza visual, o tocar, sentir algo tão intenso e a energia que vibra, alegria na satisfação de ter paciência em todo cuidado que exige essa dedicação.


O saber respeitar uma opinião contrária, mas que é recompensado pela interação com o meio social e cultural que essa prática pode proporcionar.


Todavia, essa arte de colecionar tem por si só uma forma de enaltecer a questão de que, ter esse hábito pode fazer muita coisa de valor, que se destaca mais pelo lado sentimental, nunca deixar de existir e com isso não permitir uma parte da nossa história chegar num fim.




CONFISSÃO


por Lina Veira


Não pense mal de mim, caro leitor

Nem do amor

Nem da água

Nem da natureza humana

No fundo, sou uma melancólica escritora apaixonada pelo deserto das riquezas da nossa fauna e flora.

O amor e a água sempre existiram

Moléculas dos dois circulam pela natureza

Pelos nossos corpos

Em cada canto dos barulhos e silêncios

Desde sempre a quantidade de água na terra é a mesma

O firmamento é que separa as águas de cima das águas

de baixo

— O que mudou de fato?

Eu conto:

Foi a quantidade de amor

A quantidade de seres humanos

A correnteza e o barulho de cada canto

Incapazes de transformar rios doentes e contaminados

Em correntes de água saudável

— O direito básico do ser humano




PERDÃO


por Lucélia Santos


Ao sentir agonia, aquela ausência de paz, lembrando-se de quem não perdoou um dia e decidiu viver com isso por toda vida. É o momento em que a mágoa o prejudica, é como se envenenar e esperar o outro morrer, é remoer um acontecimento que já não existe, que o tempo já levou e mudanças aconteceram. É como se achar perfeito sendo imperfeito. Somos errantes e falhamos todos os dias. Necessitamos de perdão, por que então não perdoar?


Acredito que o perdão é uma qualidade poderosa e edificante, é uma decisão que nos dá chance para um recomeço, é ser humilde para pedir e corajoso para dar, é saber usar a sabedoria que temos na medida certa.


E quando chega o momento em que ao outro se perdoa, sentimos aquela sensação confortante, como um bálsamo para prosseguir em paz, um alívio imenso, como se tivesse se livrado de uma pesada carga. Se necessitas dar este grande passo, desejo-te coragem e persistência, que a esperança de um novo dia de união e paz nos acene constantemente. E que o abraço do perdão nos aqueça sempre que necessário.




AMORES TRANSFORMANTES

Perguntas sem Respostas


por Antônio Carlos Machado

Sólido, o que é sólido?


É o palpável, o que você pode pegar, saber a forma, o peso, a cor, a textura, o cheiro e tantas características que a sua sensibilidade puder perceber.


E os amores? As relações afetivas, como são hoje, em pleno século vinte e um? Seriam agora:

Amores Líquidos?


Em tempos outros, não muito distantes (falo do tempo em que não havia internet, “zap-zap” e outros que tais) as relações se faziam de uma maneira simples, direta, sem maiores rodeios digamos assim.


Hoje não necessariamente, a pessoa que quiser ter um relacionamento seja ele do tipo que for, precisa ir até qualquer lugar, através, aqui mesmo na tela de um computador ou de um telefone celular, será possível contatar alguém em qualquer parte do mundo.


Antigamente as pessoas não se conectavam elas simplesmente se conheciam, nas ruas, nos bares, no ambiente de trabalho, na escola, nas reuniões familiares ou de amigos, as pessoas eram apresentadas umas às outras de tal forma que havia sempre um mínimo vínculo, um fio de meada, uma amizade comum, um parentesco, uma referência...


Hoje não, não é preciso, você está interessado em conhecer alguém e simplesmente entra num site de relacionamentos, como o Tinder, por exemplo, e lá você escolhe por faixa etária, outras características e intenções, alguém com quem deseja se relacionar, tudo simples e fácil como comprar uma geladeira, um fogão, um armário ou fazer um pedido de comida para o seu jantar.


Basta ter um aparelhinho eletrônico e acesso à internet.


Tempos outros, tempos novos, outros tempos.


As redes sociais como um todo são porta aberta para infinitas possibilidades de relacionamento, a questão é: que tipo de relacionamento?


À par disso tudo vivido no mundo dito virtual, que em termos humanos, não se diferencia tanto assim do mundo convencional e palpável, as relações se constituem de uma maneira cada dia mais próxima do consumo, consumo leia-se compra de qualquer coisa.


As pessoas se conhecem, se experimentam e se descartam, da mesma maneira que fazem com objetos, gostam e desgostam com uma velocidade típica de uma sociedade de consumo.

Teria então o amor se tornado um item consumível?


A frase pode parecer forte, mas acredito que ela é bastante representativa do que acontece hoje de fato, as pessoas se conhecem e ops! Será que realmente se conhecem? Como e quando alguém pode dizer que conhece alguém? e para piorar o raciocínio eu pergunto ainda:


Você se conhece?


Você sabe o suficiente sobre você para poder dizer ao seu potencial parceiro/parceira, quem você é? Ou você vai me dizer que isso não é tão necessário que “os dois vão se desenvolvendo e crescendo juntos” (até que alguém os separe?)


Para melhorar a visão do texto me vejo tentado a fazer outros questionamentos:


O que você espera de um relacionamento é o mesmo que você está disposto a oferecer?


Qual a pessoa ideal para você?


Quanto tempo do seu dia você está disposto a reservar para essa pessoa?


Você tem paciência para esperar que seu parceiro/parceira se explique quando você não concorda com algum posicionamento?


Há com certeza mais uma penca, um cardume de peixinhos coloridos de perguntas possíveis sobre isso e com certeza você conhece boa parte delas.


Dia desses conversando com uma amiga, ela me disse algo que achei de extrema consciência:


— Estou me preparando para um novo relacionamento, não me considero pronta ainda por que preciso me gostar primeiro pra depois pensar em gostar de alguém.


A frase me fez pensar que de fato, há pessoas, muitas, na verdade, que nem sequer se gostam, ou seja, que não estão satisfeitas com elas mesmas, como então poderiam de fato, gostar de outras e manter uma relação saudável, proveitosa, enriquecedora, enfim algo bom?

Vivemos uma época em que o consumo se tornou um indicador de status social, uma notória degradação da sociedade, mede-se o valor das pessoas pela qualidade das coisas que ela consegue ter, comprar...


A questão é que não conseguimos comprar ninguém ao nosso feitio, como se faz ainda com os vestidos e ternos em costureiras e alfaiates, as pessoas não estão nas prateleiras dos grandes magazines e inclusive nem vem prontas, são mutações de R.G., metamorfoses em dúvidas ambulantes ou cheias de opiniões sedimentadas pelo tempo, não importa qual o tipo com o qual você se depara, ela será em alguma monta, menor ou maior, diferente de você.


Com esta pessoa que possui qualidades que você admira, virão outras tantas características indesejáveis que incluem muito mais que um belo par de pernas torneadas ou um nariz perfeito.


Resta saber se você terá disposição e disponibilidade para conviver com ela o tempo suficiente para conhecer isso tudo que pode estar numa maravilhosa, inquietante e também incômoda transformação.




NOSSOS COLUNISTAS


Da esquerda para a direita: Arléte Creazzo, Alessandra Valle e Luiz Primati. Depois Rick Soares, Joana Pereira e Odilon Filho. Por último Simone Gonçalves, Lina Veira, Joana Rita, Antônio Carlos Machado e Lucélia Santos.

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