

AUTOR LUIZ PRIMATI
LUIZ PRIMATI é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books. Em março lançou seu livro de Prosas Poéticas, "Melancolias Outonais" e o romance de suspense "Peter manda lembranças do paraíso" estará disponível em julho de 2024.
CAMALEÃO DIGITAL
Ainda me lembro vividamente de quando completei 7 anos. Era outubro de 1969, e em janeiro eu ingressaria no primeiro ano primário na escola do Rotary Club de Jundiaí. Mas isso pouco importava; o que realmente me ocupava a mente era me livrar de velhos hábitos—como uma cobra trocando de pele.
Eu segurava um pano, que um dia foi uma fralda, amarrado a uma velha chupeta. Sim, aos sete anos, eu ainda a mantinha sob o nariz, inalando o cheiro reconfortante da borracha que me lembrava chiclete. Não a chupava mais, mas o hábito permanecia como um fantasma da infância.
Minha mãe me deu um ultimato: era hora de deixar isso para trás. A escola estava começando, e chupetas eram para bebês. "Você já tem idade para abandonar esse vício", ela disse.
Reunindo toda a coragem que um garoto de sete anos poderia ter, joguei a chupeta no lixo do banheiro e fui para o meu quarto derramar lágrimas silenciosas. Minha mãe acreditou que eu tinha superado.
Mas velhos hábitos custam a morrer. Escondido, resgatei minha preciosa chupeta e a guardei em uma caixa de sapatos no topo do guarda-roupa—um santuário secreto. Durante todo o primeiro semestre de 1970, escalava até lá, pegava a chupeta e me perdia em seu cheiro familiar por horas. Eventualmente, percebi que estava agarrado a um passado que precisava superar, e finalmente a deixei ir.
Minhas filhas tiveram seus próprios portos seguros. Uma encontrava conforto em bichinhos de pelúcia e colecionava Snoopys—seu refúgio em mares turbulentos. A outra adorava suas bonecas Barbie. Todos nós, à nossa maneira, seguramos pedaços da infância, como cordas que nos ligam a tempos mais simples.
À medida que transitamos do mundo da fantasia para o reino da lógica e da razão, devemos soltar essas muletas. Mas, às vezes, o coração demora a acompanhar a mente.
Dias atrás, li sobre uma senhora de 70 anos que foi ao Japão e voltou com um cachorro robô. Quando perguntaram para quem era o brinquedo, ela respondeu: "É para mim, e não é um brinquedo. A partir de agora, é meu bichinho de estimação." Insistiram se não seria melhor um animal de verdade, e ela retrucou: "Este cão robô não faz xixi nem cocô. Não preciso alimentá-lo, ele nunca morre e, quando canso de brincar, mando ele se calar e ele obedece."
Isso não é apenas uma anedota curiosa; é uma janela para nossa cultura digital em evolução em um mundo sempre conectado.
Quando eu era adolescente, amizades eram forjadas cara a cara—nos parquinhos, nas praças, nas esquinas. Hoje, os jovens tecem vastas redes sociais através de telas, colecionando centenas de "amigos" que nunca encontraram. Relacionamentos se formam e se dissolvem ao toque de um dedo. Bloqueie alguém ou saia de um grupo, e a conexão desaparece como fumaça.
As amizades tornaram-se tão descartáveis quanto copos de papel, desprovidas de profundidade e permanência. Dizer "eu te amo" por um aplicativo resume-se a uma sequência de emojis. Não há contato visual, voz trêmula, emoção genuína.
Enquanto um garoto digita "eu te amo", está simultaneamente respondendo a outras cinco conversas em grupo. As palavras são enviadas, mas será que o sentimento está ali?
O mundo mudou sob nossos pés. Valores foram reescritos. As pessoas mudaram.
Sou um relicário de outro século. Será que me adaptei? Sou um camaleão digital se camuflando nesta nova paisagem, ou um dinossauro eletrônico condenado à obsolescência?
Imerso em tecnologia diariamente, gosto de pensar que me adapto rapidamente. Acompanho tendências, muitas vezes mantendo um passo à frente da geração mais jovem. Mas até quando?
Venho da era das fitas cassete, discos de vinil, gravadores de rolo, fitas de vídeo, CDs e DVDs. A geração atual já nasceu na era do streaming—um mundo onde a mídia é intangível e instantânea.
Se contarmos nossas experiências de criar mixtapes em fitas cromo ou ferro, planejando encontros para compartilhar novas músicas em um aparelho 3 em 1, eles nos olhariam como se falássemos de rituais antigos.
Mas naquela época, o tempo parecia abundante. Os dias se estendiam infinitamente, e 24 horas comportavam a capacidade de uma semana de experiências de hoje.
Parece conto de fadas, mas é a pura verdade.
As crianças que nascem hoje, arquitetas do futuro, talvez não se reúnam em lanchonetes com os amigos. Em vez disso, imprimirão suas comidas favoritas em impressoras 3D. Carros serão autônomos, tornando a habilidade de dirigir obsoleta. Cruzar o globo poderá ser tão rápido quanto um piscar de olhos.
Músicas poderão ser transmitidas diretamente em nossas mentes sem dispositivos. Filmes projetados diretamente em nossas retinas.
E os relacionamentos? Serão efêmeros ou duradouros? Encontraremos amor com outros humanos ou seres artificiais? Nossos companheiros serão de carne e osso ou aglomerados de pixels e código?
Será que o amor será uma emoção que compartilhamos, uma interação virtual ou meramente uma reação química desencadeada em nossos cérebros?
O futuro é um vasto oceano inexplorado cheio de mistérios. Eu adoraria navegar por essas águas daqui a dois séculos, testemunhar a evolução de perto. Mas sei que essa é uma viagem que minha geração não fará.
No entanto, avanços na pesquisa genética sugerem que crianças nascidas em breve poderão viver até 200 anos—um testemunho do potencial da tecnologia em remodelar a humanidade.
Muito nos aguarda. Criações e destruições, progressos e retrocessos—todos parte da marcha implacável da evolução digital.
Não podemos deter essa maré. A questão é: vamos nos adaptar como camaleões ou nos tornar fósseis como dinossauros?
Você está preparado para as mudanças?

AUTORA LUCÉLIA SANTOS
LUCÉLIA SANTOS, natural de Itabuna-Bahia, escritora, poetisa, cronista e contista e antologista. Escreve desde os 13 anos. É autora do livro "O Amor vai te abraçar" e coautora em diversas coletâneas poéticas. Seu ponto forte na escrita é falar de amor e escreve poemas e minicontos infantis.
CANÇÃO DO MAR
Diante da imensidão do mar
Meu peito a desaguar
Dores, sonhos e aflições
Enquanto ele entoava canções.
Na praia, parecia uma criança
Observando as ondas à distância
Encantada com as espumas
Que vinham com as ondas, as brumas.
Águas salgadas que lavam lágrimas
Me pus a escrever muitas páginas
E com o coração cheio de gratidão
Guardei aquele momento, a doce canção.

AUTORA STELLA_GASPAR
Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.
OS MESMOS CAMINHOS
Caminhos mútuos, caminhos repletos de natureza, de belezas e sentimentos.
“É impossível ser feliz sozinho”, como a letra da música em sua imortalidade nos fala. Então, caminhemos juntos, com a amizade, a sabedoria, e o amor. Essa será a minha mensagem, o meu desejo, na indescritível vontade de caminhar com sensações, com emoções à flor da pele.
É tão bom, ter uma amizade que nos deixa emocionalmente bem, com uma visão mais otimista da vida humana e imaginária, é maravilhoso descobrir, que temos companhias nas nossas caminhadas, ultrapassando obstáculos, cruzados nos nossos caminhos.
Confiar, parar, e tomar um café, com um ou uma amiga(o), que sentimento feliz, é o companheirismo.
Há mais de 2 mil anos, Aristóteles (384-322) já tinha enfatizado a importância da amizade, a qual dividiu em três tipos. Ele afirmou ser impossível viver uma vida feliz, sem amizades significativas. Outro tipo de amizade, segundo Aristóteles, depende do benefício mútuo. Essas amizades são rápidas, pois quando o benefício de um dos lados deixa de existir, a amizade também se dissolve. Mas, tem também, a amizade do prazer mútuo. Ela está conexa a apreciação da companhia de um amigo, com gostos similares. Portanto, a amizade verdadeira, é respaldada na sinceridade, no desejo do bem do outro, é uma troca e um investimento de sabedoria e amor.
É essa a amizade, em caminhos mútuos, de afetos, diálogos, nos fazendo sentir, que somos importantes na vida do outro — nos tornando melhores pessoas.
Vamos progredir juntos?
Com o foco no amor e na sabedoria!
Sugestão de leitura:
FIDELER, D. Um café com Sêneca. Um guia Estoico para a arte de viver. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2022. 240 p;

AUTOR ANDRÉ FERREIRA
ANDRÉ FERREIRA, 46 anos, solteiro, é natural de São Paulo, cidade onde vive até hoje. De religião cristã, André valoriza profundamente os ensinamentos de sua fé. Filho de Elza, uma paulistana determinada, e de Luís, um bon-vivant, André foi criado com amor e sabedoria por sua avó Maria, a melhor das avós. Apaixonado por atividades físicas, André também aprecia uma boa conversa, a leitura de livros enriquecedores, além de se encantar com a arte e a poesia.
VIVA A LIBERDADE
O bairro da liberdade
no centro da cidade de São Paulo
é constituído por diversas
feiras ao ar livre restaurantes
chineses, tailandeses
e coreanos que trazem
uma culinária diversificada,
porém, a culinária
japonesa é predominante.
Atualmente,
o bairro da liberdade
é dominado pelos
comerciantes japoneses,
que recentemente receberam
uma grande homenagem
do governo estadual
da cidade de São Paulo
que renomeou
a estação liberdade
que passou a ser chamada
de estação Japão liberdade.
Mas grande parte
da nossa sociedade
cresceu ouvindo
essa grande inverdade
e não tem ideia
que há séculos atrás
a praça da liberdade
foi palco de inúmeros
atos de pura maldade
que eram cometidos
sem dó e sem piedade
pelas mãos inescrupulosas
da perversidade
que não queria de forma
nenhuma a liberdade
do povo negro
que há séculos
sofreu com vilipêndio.
E no Brasil do século XIX
os nobres burgueses
tentavam a todo custo
manter o regime de escravidão
e os escravocratas
pagavam fortunas
para os capitães do mato
recapturar os escravos fujões,
e quando as fogueiras
eram acesas no cair da noite,
era para começar
mais um rito de açoite.
E nesse tempo de escravidão
vários rebeldes se levantaram
contra os escravocratas
mas nenhum perpetuou
até que Chaguinha se rebelou
e fez do seu lema a liberdade
despertando diversos escravos,
contra os escravocratas
que ofereceram uma fortuna
e deram ordem
para a sua captura
que prontamente foi
atendida pelos capatazes
que não mediram esforços,
pois para eles os escravos
eram um grande negócio
e com muito
esforço dos capatazes
Chaguinha foi capturado
e pelos escravocratas
foi sentenciado
e por alguns dias
foi vilipendiando
e até a morte foi acoitado
e hoje os seus
restos mortais
se encontram
na capela dos aflitos.
E atualmente
na praça da liberdade
não tem nenhuma
homenagem póstuma
ao povo negro
que sofreu naquele
tempo cruel;
não tem nenhuma homenagem
ao rebelde Chaguinha
que lutou contra
o regime escravocrata,
fazendo do seu refrão
a liberdade;
por isso vale
a pena a sociedade
refletir sobre a real verdade
que os nobres burgueses
estão nos dizendo,
e não é nada
contra os japoneses,
mas o povo negro
merece respeito
e merece ter a sua
verdade revelada.

AUTORA SIMONE GONÇALVES
Simone Gonçalves, poetisa/escritora. Colaboradora no Blog da @valletibooks e presidente da Revista Cronópolis, sendo uma das organizadoras da Copa de Poesias. Lançou seu primeiro livro nesse ano de 2022: POESIAS AO LUAR - Confissões para a lua.
SUSSURROS DA NOITE
A noite chega...
Traz consigo todo o encanto.
Que enaltece as estrelas
E faz da lua sua testemunha
Com sua magia, a guiar meus sonhos.
De repente, nuvens surgem no céu
E escondem a beleza natural.
Um vento avisa que a chuva está vindo.
Nessa noite de primavera.
Trovões e raios anunciam uma verdadeira tempestade.
A ventania sopra através da janela.
Como sussurros de uma noite selvagem.
Dominação perfeita dos deuses da chuva
Fazendo uma festa no meu quintal.
Lavando a poeira parada
Levando a sujeira para bem longe...
É a natureza se impondo numa noite de primavera.

AUTOR WAGNER PLANAS
Wagner Planas é nascido em 28 de maio de 1972, na Capital Paulista, estado de São Paulo, Membro da A.I.S.L.A — Academia Internacional Sênior de Letras e Artes entre outras academias brasileiras. Membro imortal da ALALS – Academia Letras Arttes Luso-Suiça com sede em Genebra. Eleito Membro Polimata 2023 da Editora Filos; Moção de Aplausos da Câmara Municipal de Mairinque pelo vereador Edicarlos da Padaria. Certificado do presidente da Câmara Municipal do Oliveira de Azemeis de Portugal. Autor de mais de 120 livros entre diversos temas literários, além de ser participante de 165 Antologias através de seu nome ou de seus heterônimos.
SOB O CÉU AZUL
por J. L. Gomes
Sentado sob a árvore, olhando o céu azul.
A grandeza de Deus em seu mundo de provas e expiações.
Deus ele fez da sua criação (a natureza), tão bela e perfeita, para que os homens encontra-se um caminho nela, para suas reflexões.
E nós, seres mortais, tivemos onde refletir nossos atos, nossas atitudes.
Pensássemos nos acertos da vida, e na quantidade de nossas falhas.
Além disso, criou algo fabuloso chamada Atmosfera, que engloba a terra e a sua quase forma esférica, como um filho protegido no ventre de sua amada mãe.
E nossa atmosfera é tão bela, que nos encanta com o céu sempre azul, mesmo quando às suas chuvas torrenciais, dilúvios, furacões, mesmo assim, durante o dia o céu continua azul.
E ao anoitecer, como as cortinas de um espetáculo, Deus no presenteia com a divina inspiração de um universo.
Deus se mostra sempre em nossa volta, deve ser por isso que todas nossas orações são elevadas ao céu, e por todas as formas de exercer a fé.

AUTORA ZÉLIA OLIVEIRA
Natural de Fortuna/MA, reside em Caxias-MA, desde os 6 anos. É escritora, poetisa, antologista. Pós-graduada em Língua Portuguesa, pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Professora da rede pública municipal e estadual. Membro Imortal da Academia Interamericana de Escritores (cadeira 12, patronesse Jane Austen). No coração de Zélia, a poesia ocupa um lugar especial, gosta de escrever, afinal, a poesia traz leveza à vida. Publica no Recanto das Letras, participa com frequência de antologias poéticas, coletâneas, feiras e eventos literários. É organizadora e coautora do livro inspirador "Poetizando na Escola Raimunda Barbosa". Coautora do livro “Versificando a Vida”.
NÃO MENDIGUE AMOR
O amor não deve ser forçado
Nem mendigado,
Deve ser conquistado
E todos os dias cultivado.
Que tristeza
Alguém querer forçar um relacionamento.
É perda de tempo
Se não há reciprocidade de sentimento.
Se você nutre um sentimento
Precisa exteriorizar,
Mas se o outro diz não,
APRENDA A RESPEITAR!
Não adianta forçar
Quando o outro diz não
E fala que gosta de outra pessoa.
Esqueça, não seja à toa!
O que adianta
Insistir por alguém
Que várias vezes disse não?
Pare de mendigar amor,
E aquiete esse coração!

AUTORA MARINALVA ALMADA
Marinalva Almada é diplomada em Letras Português/Literatura e com uma pós-graduação em Alfabetização e Letramento pelo CESC/UEMA, encontrei no ensino a oportunidade de semear conhecimento e despertar amor pelas palavras. Sou professora nas redes públicas municipal e estadual. Tenho como missão transformar vidas através da educação e da leitura literária. Deleito-me com a boa música, a poesia, a natureza, os livros e as flores, elementos que refletem em mim uma personalidade multifacetada. Escrevo regularmente no Recanto das Letras, participo com frequência de concursos literários, antologias e feiras literárias. Em 2023 realizei o sonho de publicar pela Valleti Books, o livro Versificando a vida, juntamente com as amigas Cláudia Lima e Zélia Oliveira.
O QUE REALMENTE IMPORTA?
Para que tantas roupas, se só tenho um corpo?
Para que tantos sapatos, se só tenho dois pés?
Para que tantos óculos, se só tenho dois olhos?
Para que tantos chapéus, bonés, se só tenho uma cabeça?
Quando comprares uma roupa nova, use-a logo, não espere ocasião especial.
O amanhã a Deus pertence. O que se vive é o hoje.
A gente vai embora, mas a vida continua.
Tudo fica e nada se leva. Tudo fica, inclusive aquilo que a gente mais gostava.
Tudo vai voltando ao normal, mesmo com a saudade apertando o peito de quem fica e as lembranças passando como um filme gravado na mente.
Textos adoráveis, fico feliz em ter o meu entre seus criativos pensamentos! 🤗