top of page

REFLEXÕES Nº 25 — 19/06/2022

Grandes escritores, grandes reflexões. Aqui, todas as vozes podem se expressar.


Leia, reflita, comente!





Foto https://vipzinho.com.br/



AGRIDOCE


por Joana Pereira


E, como na vida, este sabor reporta-me para a mistura agridoce intrínseca, pois todos nós levamos dentro uma mistura inquietante de bem e de mal, de doce e salgado.


Todos nós conhecemos a felicidade e o amor, mas, por vezes, escolhemos estar tristes e angustiados. Sabemos ser honestos e sinceros, como na mesma frase, lançamos uma mentira e somos hipócritas.


E está tudo bem! Neste universo de bipolaridade cósmica, há que conhecer e experienciar o mau, para saber usufruir do bom. Afinal, o salgado e o doce também existem sozinhos.


Dos meus sabores de eleição, somos essa mistura complexa e inconstante. Do prazer à tortura, somos o que escolhemos ser nos contextos onde estamos inseridos.


Como o agridoce, somos esse mesmo equilíbrio, utilizamos essa sensação de forma inteligente para acrescentar valor culinário a um prato. Transportando essa aglutinação entre o bem e do mal para a nossa jornada e Eu interior, conseguimos, com sabedoria, utilizá-la de forma positiva.


E, reparem como o agridoce se pode comprovar numa das melhores experiências gastronómicas!




FALTA


por Ipê


Falta ar

um dia faltará

sempre falta

falta fará

faltará sua memória

faltará felicidade

falta é ausência

falta é destino

falta é inevitável

a falta nunca falta

falta sempre há

em tudo há uma falta

a falta evita a perfeição

sem falta só Deus não faltaria

falta sempre é

o que completa

a realidade do nosso mundo

somos feitos de faltas

mas ainda nos falta

a aceitação de tudo isso




VOO


por Antônio Carlos Machado


Então eu me perdi...

Era demais de redonda, de interminável aquela curva

não! Não foi a minha audácia que excedeu o ponto infinito de tangência,

foi aquela minha inominável vontade de me arremessar como uma pedra no estilingue...

Vi-me assim, caindo, fugindo...

... E as coisas ficando pequenas e o mundo todo lento e como que num sopro divino e final eu ia ali me expandindo… e flu-tu-an-do…

Um avião de papel.

Uma folha seca com a cor de todos os outonos

eu ia ali, passando entre todas as andorinhas e pardais...

Um instante, um único instante, aquele instante...

E assim de tão absurdo, me vi zunindo num baque final! Inerte, consumido nesse último golpe,

mas pleno dessa lúdica e alegre morte e feliz!


ACASO OU RENOVAÇÃO?


por Alessandra Valle


Durante a semana, várias situações envolvendo perdas de bens materiais ocorreram com membros de minha família, inclusive comigo. A princípio, pareciam ter sido circunstâncias que advieram do acaso, entretanto, essa sincronicidade não é coincidência. Ocorreram no tempo e no espaço, que, embora aparentemente inexplicáveis, estabeleceram relações conexas do ponto de vista psicológico.


Esses fenômenos sincronísticos não podem ser considerados acaso, pois bem observados se ligam a um objetivo exterior, que, direta ou indiretamente, vão de encontro a um estado psíquico comum.


“Que homem de bom senso pode conceber o acaso como um ser inteligente? E, além de tudo, o que é o acaso? Nada.” Questionam e afirmam os espíritos de luz que ditaram o Livro dos Espíritos, na resposta à questão n. 8.


“... o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente não seria mais um acaso.”, corrobora Alan Kardec, organizador da referida obra, em seus apontamentos a respeito da mesma questão.


Posso dizer, de modo figurado, que o acaso é pseudônimo do Criador quando não quer deixar transparecer a assinatura de sua obra.


Fomos “atingidos” por eventos diferentes, mas levados à reflexão sobre um mesmo assunto, o apego acirrado que atribuímos aos bens materiais.


Como cada um irá refletir e agir daqui por diante, impactará na sua evolução moral e espiritual, pois as “coincidências” que ocorrem em nossas vidas são experiências imprescindíveis que atraímos e que se encaixam perfeitamente nas nossas necessidades de renovação interior.


Mas é preciso se questionar:


— O que será que Deus quer de mim?


Essa forma profunda de observação nos leva a caminhos renovadores, ao despertar para o processo do autoconhecimento e a percepção do poder onisciente de Deus em nós.


Jesus exortou a nossa ligação espiritual a Deus: “EU SOU A VIDEIRA E VÓS, OS RAMOS.” A comparação é de profundo significado, pois o Cristo é a manifestação de Deus no mundo sensível, é a verdadeira videira.


O Cristo nos orienta e ensina a vivermos em consonância com as Leis de Deus, entretanto, o Criador nos proporciona através das experiências de vida a nos harmonizarmos com Suas Leis. É a experiência, na prática, por vezes dolorosas, dependendo do grau de apego à matéria que se atribui.


O objetivo é que pouco a pouco nossa consciência se expanda e abandonemos o ego personalístico para nos reconhecer como partículas divinas, manifestações individualizadas de Deus.


Nada vem do nada. Os caminhos renovadores quase sempre aparecem em nossa jornada como “casualidades”, “coincidências”, “acidentes”, mas na realidade são as experiências de que precisamos para evoluir, através da qual Deus “podará os ramos que não dá frutos”.


Fontes de consulta:

Evangelho de João, 15: 5.

Questão 8 de “O Livro dos Espíritos”.




O QUE APRENDI DA VIDA


Só para avisar a todos, meu aniversário é em 3 de outubro, ok? Esse texto que coloquei aqui é do ano passado.


por Luiz Primati IG: @luizprimati


O que mais temo nessa minha existência é uma vida sem propósito. Passar uma encarnação inteira e no final concluir de que nada evolui, me preocupa. A vida não pode ser um acordar, comer, trabalhar, dormir, divertir-se, amar, procriar, morrer. Isso qualquer animal faz, até uma ameba consegue fazer tudo isso, com exceção de trabalhar, divertir-se e amar. Não sei se elas atingiram esse nível, acredito que não.


Conseguem entender o que eu digo? Que sentido faz passar uma vida sem descobrir qual o sentido dela? Não, não! Se pensa que estou louco ou perdido, não se preocupe. Minhas faculdades mentais estão em ordem. Sou libriano e como todo ser que nasceu sob esse signo, sempre reservamos um tempo para pensar sobre a vida. Eu sempre fazia isso desde muito cedo e meu pai olhava para mim, observando que eu olhava para o nada, como que hipnotizado e me dizia: “Luiz Roberto, está pensando na vida? Você é mesmo um poeta…”.

Eu ouvia essa frase do meu pai antes mesmo de saber o que era uma poesia e no final das contas fui atraído pela escrita. Previsão ou coincidência? Prefiro atribuir isso ao acaso, ou até mesmo como a continuidade de outras encarnações.


Hoje completo 59 anos e muitos pensamentos passam pela minha cabeça. Alguns, passageiros, outros, recorrentes e me imaginei num sonho, onde minha mente debate com uma realidade paralela.


Deitei cedo no sábado, pois no domingo comemoraria o aniversário de 59 anos. É incomum eu lembrar de meus sonhos, entretanto, acordei com as imagens nítidas na minha retina, como se realmente tudo tivesse ocorrido.


— Luiz? Ei, Luiz? Acorde…


— Já vou… já é hora do almoço? – Resmunguei sonolento.


— Não, Luiz. É hora da decisão! – Falou a voz com entonação grossa.


— Que decisão? – Falei sonado.


— Ei! Acorde! – Gritou mais forte a voz.


Assustei-me e quando dei por mim, estava sentado e olhando para a direção que vinha a voz. Estava escuro e tive que me esforçar para discernir alguma imagem. Com sacrifício vi um vulto, uma espécie de luz, disforme, azulada.


— Quem é você? Em que parte do meu sonho você estava? – Estava perdido e cansado.


— Não importa quem eu seja. Vim aqui para realizar um desejo. – Disse a voz com autoridade.


— Oba! Posso pedir 3 coisas então? – Animei.


— Luiz, você não entendeu. Eu disse que vim aqui para realizar um desejo.


— Só um? Nas histórias de gênios da lâmpada, são três. Entendo que em tempos modernos os desejos foram reduzidos, e posso viver com isso. Deixe-me ver… desejo me tornar o homem mais rico do mundo. – Fechei os olhos esperando algo mágico acontecer.


— Tsc, tsc, tsc. Que vergonha! Um espírita, como você, pedindo por algo tão banal. Pensei que fosse capaz de coisa melhor.


— Você nem é real! Isso é um sonho e nesse caso posso pedir o que quiser sem me comprometer com a realidade. – Disse com certeza.


— Quem disse que isso é um sonho? É sério! Tem que aceitar o desejo apenas.


— Como assim, aceitar? Disse que eu tinha um desejo…


— Não, não! Eu disse que vim aqui para realizar um desejo e não pode escolher. Escolhi o desejo e você só tem que aceitá-lo.


— Hum! E se eu não gostar?


— Claro que gostará! Tenho certeza! – Disse o gênio azulado.


— Não sei não. Quero saber qual é esse desejo antes de concordar.


— Não estava preparado para isso. Ninguém nunca recusou esse desejo.


— Não sou igual a todo mundo e quero saber qual é o desejo.


— Meu Deus! Me enviam para cada missão… – resmungou o gênio.


— Está reclamando de algo? Se não está satisfeito, suma do meu sonho – falei bravo.


— Me desculpe, é que nunca me deparei com alguém que recusasse um desejo. Além disso, eu não sou um gênio como está dizendo.


— Eu não disse nada, apenas pensei.


— Leio pensamentos. Cuidado com o que pensa – ameaçou o gênio.


— Acabemos logo com isso. Preciso voltar a dormir. Fale-me qual o desejo que receberei e te falo se aceito ou não.


— Não sei… as regras não são essas… entretanto vou te revelar o desejo e duvido que não aceite.


— Revele então!


— Você retornará à sua juventude, com 18 anos! – Falou o gênio com voz triunfante esperando os aplausos, que obviamente não ocorreram.


— Juventude? Como seria isso? Acordaria em 1980? Com 18 anos e a experiência de hoje ou do jeito que eu era naquela época?


— Com toda a experiência que tem hoje.


— Hum! Qual a vantagem?


— Pense comigo… você teria 18 anos e a oportunidade de rever os passos que deu na sua vida, podendo mudar os acontecimentos. Você casou às pressas, engravidando sua esposa antes do casamento. Poderia evitar isso.


— Será?


— Poderia antever os problemas que enfrentaria na vida, planejando com calma e tomando as decisões na hora certa.


— Ficaria rico lembrando os números da Mega-Sena?


— Não! Claro que não! Todavia conseguiria planejar o seu futuro, o casamento, os filhos, as suas empresas e sócios, saberia como agir com sua esposa para fazê-la feliz. Seria tudo perfeito.


Nada respondi e comecei a andar pelo quarto. O gênio me seguiu com os olhos…


— Precisa parar de me confundir com um gênio…


Olhei para ele e nada respondi. Agora ele invadia meus pensamentos. Era o fim da privacidade…


— E então? – Disse o gênio.


— Obrigado, mas não quero nada disso. Quero que minha vida fique como está.


— O quê? Está maluco? Tem certeza de que entendeu o que aconteceria com você?


— Perfeitamente!


— E o que há de errado? Todos antes de você, aceitaram na hora.


— Já disse que sou diferente.


— Você tem algum defeito de fabricação, isso sim. Me dê um motivo apenas para não aceitar esse desejo.


— Bem, posso te dar vários.


— Estou te ouvindo…


— Se eu voltasse à minha juventude, com apenas 18 anos, talvez não me mudasse de cidade, poderia ter cursado uma faculdade, e dessa forma não conheceria minha esposa atual e nem teria as filhas que hoje tenho.


— E isso não é bom?


— Claro que não! A vida que construí até hoje não foi fácil. Venci muitos obstáculos. A vida com minha esposa sempre foi de dificuldades, como a de todo mundo. Estamos vencendo os obstáculos juntos. Somos espíritos em evolução e sempre a decepciono com palavras que não quero dizer. Isso faz parte do meu crescimento e do dela. É errando que acabo aprendendo com as minhas falhas e melhorarei na próxima vez. Se eu já soubesse de tudo que aconteceria, poderia parecer um homem perfeito para ela, pois só faria o que ela gostasse.


— Acho uma ideia excelente!


— Mas eu não penso que seja tão boa assim. As minhas filhas não são perfeitas e eu também não sou. Entretanto, para mim elas são perfeitas, pois, não quero que elas mudem nada. Juntos estamos aprendendo a conviver e a evoluir. Estamos enfrentando uma vida que nos comprometemos que fosse assim. É a causa e efeito e é necessário passar por tudo isso.


— Luiz, não estou te entendendo. Quer dizer que você prefere uma vida miserável, sofrida, com atritos, infeliz e sem dinheiro? Que diabos de ser-humano é você que está recusando um presente tão divino que te ofereço?


— Gênio, você não compreende. A minha vida não é e nunca foi miserável. Enfrentar dificuldades é parte do aprendizado e nesses 59 anos que completo, aprendi que dinheiro não é tudo. Estar ao lado das pessoas que amo é mais importante do que uma conta bancária recheada.


— Ah! Então vai me dizer que não queria estar ao lado de sua mãe até hoje?


— Gostaria sim, e para recordar, ela teve a vida ceifada pelo câncer. Se eu retornasse aos 18 anos, com o conhecimento de hoje, julga que conseguiria evitar a sua morte? Descobriria a cura para o câncer?


— Claro que não. No entanto, poderia passar mais tempo ao lado dela.


— Gênio, eu sempre me cobrei por não ter passado mais tempo ao lado de minha mãe. Voltar no tempo em nada ajudaria. Eu poderia me tornar um filho triste, sabendo que ela morreria devido a um câncer. Poderia me revoltar com Deus e com os médicos por saber que ninguém mudaria seu destino. Isso seria realmente benéfico para minha mãe? Hoje sei que poderia ter sido mais atencioso, mais carinhoso com ela e essa dor me fez bem. Pela dor acabei compreendendo a importância de retribuir o carinho que ela me deu. Na próxima encarnação serei um ser-humano melhor, e isso me basta.


— Poderia resolver agora essa situação.


— Não, não posso! Não existe fórmula mágica para evoluir rapidamente. O tempo determina o estágio em que tudo deve acontecer. Não existem atalhos para a felicidade e nem para a vida eterna. Inexiste pressa em evoluir, visto que minha alma é imortal.


— Que discurso mais piegas, Luiz. Eu até acredito que você está me gozando… é uma piada, não é? Fale a verdade? – O gênio riu nervosamente e após ver que minha expressão era séria, o riso se afastou de seu rosto.


— Gênio, eu estou feliz com a vida que tenho e não me arrependo de nada que fiz. Se o tempo voltasse eu procuraria fazer tudo igual, pois ia querer obter os mesmos resultados: a mesma esposa, as mesmas filhas e o mesmo neto. Fazer algo diferente mudaria o curso da minha vida e não quero ficar me lamentando por algo que não aconteceria, amigos que não conheceria, destinos que não desejaria.


— Devo ter errado de beneficiário. Vou embora e vou te deixar com a sua vida medíocre.


— Gênio, você nem deveria ter aparecido. Minha vida já é perfeita (na medida do possível), mesmo com todas as imperfeições que a permeiam. Não existe vida perfeita a não ser nos filmes e nos perfis do Facebook e Instagram. A realidade é muito diferente, cheio de problemas, de dor, de enfrentamento e também cheia de alegrias, pessoas que amo e que me amam. Perfeitas? Não! Eu mesmo estou longe da perfeição e é por isso que a vida importa: porque ela é imperfeita de uma maneira viciante!


— Você está me confundindo. Deus deve ter me sacaneado e isso tudo é apenas um teste. É um teste, Deus? Acabou? Pode me tirar daqui? – O gênio dizia isso enquanto olhava para o alto, na esperança que alguém respondesse às suas questões. Nenhuma voz foi ouvida.


— Penso que errou de casa! Saia de fininho e fingimos que nunca nos vimos. Pode ser?


— Claro, claro! Obrigado pela conversa, Luiz. Até algum dia. E um feliz aniversário!


— Obrigado! Até qualquer hora…


Uma nuvem de fumaça azul surgiu do nada e o gênio sumiu. Acabei aspirando a fumaça e acordei tossindo. Acendi a luz do abajur e vi minha esposa deitada ao meu lado. Era um sonho mesmo.


Olhei para o rosto dela, que dormia serenamente, então beijei o seu ombro e agradeci por ela ser minha esposa.


Como disse ao gênio, estou longe da perfeição e sei que poderia ser uma pessoa melhor, no entanto, me esforço para melhorar um pouquinho a cada dia. Esposa e filhas, me perdoem por ainda não ser a pessoa que desejavam. Vocês são muito mais do que eu merecia e sou grato por isso.


Apaguei a luz, fechei os olhos e voltei a sonhar. Sem gênios dessa vez!



HOJE


por Simone Gonçalves


Hoje

viva

saia de mãos dadas

contigo mesmo

se olhe

se admire

se revigore

se ame

deixe a alma te elevar

por onde fores

leve sorrisos,

abraços

à quem vier lhe encontrar

sem medidas

se entregue ao prazer

do seu dia desfrutar

porque o viver é

no hoje

no agora

é pra já

bora ser feliz

e se amar




RONDÓ JUNINO


por José Juca


Festejos nossos, juninos,

Juninos por tradição!

Come e bebe de montão…

Festão pagã, europeia,

sob solstício de verão.


Juninos por tradição!

Come e bebe de montão…

Do índio, milho, mandioca,

A festa cristã, na oca.


Juninos por tradição!

Come e bebe de montão…

O Brasil comemorando,

Santo Antônio casamenteiro,

São João iluminando,

São Pedro, Jesus, centeio…




AMAR OU ODIAR


por Arléte Creazzo


Engraçado como um mesmo objeto, comida ou pessoa, pode trazer sentimentos tão diferenciados.


Há coisas que são totalmente extremistas: ou amamos, ou odiamos.


Comida chinesa/japonesa é uma delas. As pessoas que costumam comer desta comida dizem amá-la. Em contrapartida, as que não gostam, odeiam.


Isso acontece também com bife de fígado. Conheço pessoas que amam de paixão esta “iguaria”, da mesma forma que outros odeiam e não podem sequer sentir o aroma.


Isto acontece também com alguns políticos brasileiros.


Há os que são apaixonados por um determinado político, da mesma forma que outros o odeiam.


Balas de hortelã são outra coisa que disputam os sentimentos opostos.


Até mesmo a natureza tem os dois partidos.


Tenho uma amiga que diz que moraria em uma chácara, se ela fosse toda cimentada e outra, que aproveita cada canto da casa para plantar um verde.


Mas o maior problema do extremismo é o radicalismo. Odiar quem não ama o que amamos.

Somos intolerantes aos que pensam diferentes de nós.


Demoramos muito para aceitar que a opinião alheia é tão valiosa quanto a nossa.


Onde fica aquela regra que diz que duas cabeças pensam melhor do que uma, já que só aceito quem pensa como eu?


Na verdade, não percebemos que nós mesmos mudamos de opinião durante nossa vida.


Um alimento que amávamos na infância, passamos a odiá-lo por termos comido demais, da mesma forma que passamos a amar alimentos que antes não comíamos.


Nosso paladar muda. Por que não mudarmos de opinião também?


O fato é que para mudarmos de opinião, temos que aceitar que o que pensávamos antes estava errado e ninguém gosta de admitir erros.


Pois é amigos, erramos sim. E muitas vezes erramos feio.


Erramos principalmente e não abrirmos os olhos para opiniões alheias. Acomodamo-nos em nosso mundinho perfeito, de pensamentos perfeitos que acreditamos não poderem ser alterados.


Não damos chance para passarmos a amar aquilo que pensávamos nos fazer mal. Da mesma forma, que não deixamos de gostar de coisas que nos levam para baixo, simplesmente por não aceitarmos que erramos.


Podemos ser contraditórios com estes dois sentimentos. Afinal, em um determinado momento de nossa vida, podemos odiar a atitude de alguém que amamos, sem deixar de amá-la.




TRIDIMENSIONAL


por Miguela Rabelo


Assim são nossos medos...


Essa era a criatura "monstruosa" do domingo mal passado... era uma simples cigarra, na qual eu desconhecia a espécie e que me causou tremendo medo e taquicardia.


Minha mente ansiosa e amedrontada imaginou inúmeras possibilidades nas quais me sentia em risco, e no fim, era uma cigarra... um ser aparentemente inofensivo... que, no entanto, eu desconhecia e meu medo também…


Os medos e as dificuldades nos paralisam às vezes... essa paralisia ou inércia nos impede de caminhar e descobrir muitas das vezes nosso potencial de nos tornarmos mais fortes.


Ter conseguido retirá-la de casa aquela noite, não significa que superei meus medos.


 Apenas me mostrou que tenho coragem de enfrentá-los quando for assim necessário.


No dia seguinte, quando a encontrei viva e na janela ainda... fechei toda a casa e fiquei sufocada... estava tentando lidar com aquele medo dela retornar novamente, mesmo quando ela já havia partido...


Então percebi estar correndo risco de morrer sufocada por estar com medo de enfrentar minha fobia... justamente esta que estava tolhendo minha liberdade de respirar e viver.


Então na madrugada que o meu filho acordou e não mais dormiu... eu me distraí em meio ao cansaço... e quando percebi, ele havia aberto a janela.. e eu no desespero, estava alucinada com medo da pobre cigarra.


Porém, ela não estava mais lá.


Isso me serviu de lição para não deixar de viver pelo medo ou pelos inúmeros se's que a vida, nossa ansiedade e fobias nos sequestram de sorrir.


E assim, voltei a abrir todas as janelas para sentir a brisa me afagar e o sol me aquecer em mais um dia presente de vida




CAMINHANDO...


por Stella Gaspar


Ao caminhar sinto sentimentos profundos na companhia de meus silêncios.


Sinto o vento tocando à minha pele sensível, com inúmeros pensamentos escritos na minha memória. Gosto tanto de recordar, de lembrar o quanto os momentos em palavras, em serenas horas, ficam incorporados em mim, com sonhos e desejos em ritmos de vida que segue.


Caminhando vivo, sinto as sensualidades poéticas que me dão um prazer de felicidades, sinto o balançar das folhas de outono movimentando-se, e meus caminhos vão se transformando em delírios, recordando minhas paixões por um só amor, um grande amor.


Que delícia é me perder dentro de mim e me buscar, me encontrando inteira, escrevendo com os meus olhos, as festas das paisagens inspiradoras. Quero continuar sendo uma eterna aprendiz na arte de viver, na arte de me alimentar de entusiasmos.


Caminhando admiro as cores das flores que trazem um ar de felicidades, tão majestosas, tão sonoras e ideais. Tudo isso me forma, como uma caminhante de emoções, entre sorrisos e lágrimas de recordações e de sentimentos saudosos.


Sou tão eu, sou tão real e subjetiva, sou tão humilde como um ser de aprendências em caminhos solitários.


De repente me pego sorrindo, será que a felicidade está caminhando comigo?


Sim, sinto o deleite de sonhos no meu coração.


Ah! Como é completo esse beber de mim mesma, vestindo-me de caminhante senhora, princesa ou rainha.


Que momento sincero, me amando e continuando revelando ao céu enquanto caminho como verdadeiramente eu gosto do que sou, do que me forma e com a minha alma em oceanos infinitos, espero continuar sendo essa eterna voz que grita, que canta dentro de mim um mundo de carinho com vontades de amar e ser profundamente feliz!




UNIVERSO DA POESIA


por Wanda Rop


O poeta é um ser abençoado

De sensibilidade à flor da pele

Num Universo Imaginário

Faz com que o amor se eleve


A poesia é o ar que respiro

É o abraço amigo que me envolve

É o amor revelado em palavras

Refúgio de quem ama e sofre


Triste é aquele que ama em segredo

Que nunca poderá se expressar

Sentindo saudade de alguém distante

Não imagina que em poemas se pode amar


Não há quem nessa vida

Nunca sentiu forte paixão

E num desvario sem fim

Seu mundo caiu ao chão


O poeta também sofre desses males de amor

Em inspirações noturnas e apaixonadas

Transcreve para o papel sua dor

Algo possível às mentes iluminadas




ESTÁ EM SUAS MÃOS


por Lucélia Santos


Ainda que estejamos em meio a uma tempestade, podemos lutar para que tudo fique bem novamente.


Sem deixar nos abater, podemos acreditar em nós mesmos, que somos capazes e fortes o suficiente para enfrentar os desafios da vida com a cabeça erguida e correr atrás do nosso objetivo. Sabendo que nada que é bom conseguimos tão fácil, precisamos dar o nosso melhor nessa caminhada desafiadora.


Os tombos que a vida nos dá, usemos como uma lição, como um aprendizado para situações posteriores.


Baixar a cabeça e demostrar fraqueza, só dificultará que realizemos os nossos sonhos.

Busque sempre sua melhor versão. Ao se conhecer, verá que é bem mais forte do que imagina e nada pode o deter.


Se fortaleça! Seu sonho existe para ser realizado por você. Não fique parado imaginando como seria, lute para ver acontecer.


Às vezes, no final do dia, tudo parece ter dado errado, daí enxergamos que, foi uma pausa, para voltarmos e procurarmos algo bem melhor. Algumas tempestades vêm para clarear o nosso caminho. Jamais desista de subir os degraus que restam, é lá que está o que tanto procura.


Todas as adversidades podem ser superadas, acredite! Se cair, levante-se quantas vezes for preciso, foi assim que aprendemos a andar de bicicleta.


Tenha certeza de que tudo vai passar, as provações sempre terminam.


Ser resiliente, não quer dizer que não vai doer, mudaremos o nosso percurso, terminaremos de subir os degraus, mas, às vezes, sofrendo ainda.


Não é uma tarefa fácil, mas, cada mudança é um degrau acima, e aos poucos a dor vai ficando mais leve e chegará o dia em que essa dor sumirá de vez.


Enquanto isso nos fortalecemos, e por não desistir, nossos sonhos e objetivos vão se concretizando sem perder tempo.


A resiliência é um grito de revolta, mostramos que o impossível não existe, e que nada pode nos derrotar.


A escolha está em nossas mãos. Se vamos baixar a guarda e desistir, ou levantar a cabeça, não aceitar, e ir à luta! As suas realizações estão em suas mãos.




CUIDE BEM DO SEU AMOR


por Rick Soares


O erro de plantar o amor em si, está em deixar que outra pessoa venha cuidar, regar, fazê-lo crescer, florescer… dar frutos.


Basta um descuido e tudo começa a murchar.


Se der tempo talvez o cultivador se retrate e volte a cuidar do que tu plantas-te, mas com vários descuidos restará arrancá-lo do teu peito para que não o veja morrer aos poucos…

E se teu solo for fértil a dor maior será pelas cicatrizes deixadas pelas raízes.


Cuide bem do seu amor.





NOSSOS COLUNISTAS


Da esquerda para a direita: Alessandra Valle, Luiz Primati e Antônio Carlos Machado. Depois José Juca, Ipê e Joana Pereira. Depois Simone Gonçalves, Miguela Rabelo e Rick Soares. Depois: Arléte Creazzo, Wanda Rop e Lucélia Santos. Por último: Stella Gaspar.

39 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page