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REFLEXÕES Nº 151 — 16/03/2025

Máquina de escrever antiga
Imagem criada com a ferramenta de IA Midjourney

 

AUTOR LUIZ PRIMATI


LUIZ PRIMATI é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books. Em março lançou seu livro de Prosas Poéticas, "Melancolias Outonais" e o romance de suspense "Peter manda lembranças do paraíso" estará disponível em julho de 2025.

 

POR QUE MUDAMOS?


Quando duas almas se cruzam e a chama do amor se acende, promessas ecoam como se o tempo pudesse ser capturado em uma única batida do coração. Ingênuos, acreditamos que o caminho à frente permanecerá intocado, como um rio que nunca altera seu curso. Mas isso é uma ilusão.


Observo casais que, após décadas, ainda dividem o mesmo teto. Será que o fogo que os uniu ainda aquece seus dias? Ou será que apenas carregam o peso de um juramento feito sob a luz de um momento fugaz? É fácil se acomodar, deixar o medo de um novo começo ou do vazio segurar as rédeas. Assim, suportam-se, em silêncio, enquanto o tempo erode o que um dia brilhou, marcado por cicatrizes de mágoas e imperfeições.


E então me pergunto: somos nós os juízes impecáveis da existência? O que nos faz crer que nossas palavras são o reflexo puro da verdade? Talvez seja hora de olhar para o espelho da nossa própria fragilidade. Reconhecer que falhamos, que nossa companheira também tropeça, e que isso não é um fardo, mas um convite. Estamos aqui, neste planeta, para crescer, para aprender com os tombos, para entender que nossa vulnerabilidade não nos rouba a grandeza.


Quero cruzar a linha final ao lado daquela que escolhi. Mesmo quando minha mente vacilar, que eu nunca perca de vista a razão que me fez erguer os olhos para ela. E assim, minha amada, peço-te perdão por não ser perfeito. É contigo que aprendo a cada dia ser um homem melhor.


 

AUTORA STELLA_GASPAR


Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.

 

NASCENDO E RENASCENDO COM AMOR

 

Nascendo e renascendo, entusiasmada em todas as manhãs, buscando ser melhor do que fui ontem, adorando o poder do sol e, na noite, as estrelas dignas de admirações. Assim, creio na vida, nas belas paisagens e nas somas dos afetos.


Ter um coração que não para de bater, sentindo a vida vibrando, como é bom viver, abdicando do que me faz diminutivo. Quero ser sempre os desejos dos meus desejos, e ter o poema eterno do amor em poesias como uma flor de lótus.


Ter uma alma que contemple as linguagens universais do que chamamos amor, como é grande essa sensação de efeitos positivos. Ser verdadeiramente amada, vestindo-me de amor e afetos. Quanta vida, posso até me sentir envaidecida, como as flores que acredito…têm prazer no ar que respiram.


Você tem a magia do céu, é a graça e a harmonia, é a alegria de minhas misturas. Esse é também um pleno estado de ser, como uma suave brisa entre as mais puras inspirações.


Nascer e renascer, como tão bem nos diz Fernando Pessoa: “Tenho fome da extensão do tempo e quero ser eu sem condições. Ah, nada assim é monótono, nem um entardecer de esperas, tudo passa, menos a nossa liberdade de amar, nascendo e renascendo na gente!


“Amar é um ato de paciência e de humildade, é uma longa devoção.” (Rubem Braga)


Te mantenho comigo em minha existência.


 

AUTOR ANDRÉ FERREIRA


ANDRÉ FERREIRA, 46 anos, solteiro, é natural de São Paulo, cidade onde vive até hoje. De religião cristã, André valoriza profundamente os ensinamentos de sua fé. Filho de Elza, uma paulistana determinada, e de Luís, um bon-vivant, André foi criado com amor e sabedoria por sua avó Maria, a melhor das avós. Apaixonado por atividades físicas, André também aprecia uma boa conversa, a leitura de livros enriquecedores, além de se encantar com a arte e a poesia.

 

MÁQUINA DE IMPOSTOS


Vai chegando o início de ano

e logo começa a saga

do povo brasileiro que paga imposto o ano inteiro,

e a saga começa pelos

seguintes impostos:

IRPF, IPI, IOF,

ITR, ICMS, IPVA,

ITCMD, ISS,

IPTU e ITBI.


E além de todos esses gastos,

nós enfrentamos os preços

altos nas prateleiras

dos supermercados,

e nos açougues o sonho

da picanha esbarra

no preço final

que é caro e imoral

diante do cenário

e do baixo salário do povo brasileiro que está

indignado

com o preço do café

que é comparado

a grama do ouro.

E esse calvário do povo

brasileiro não para já que

dia após dia estamos

acompanhando a alta

do dólar e fica evidente

que o governo está se

tornando uma máquina

de cobrar impostos.


E diante desse descalabro,

nós ainda temos que aceitar a tentativa do governo

de emplacar uma regra

para monitorar os gastos

do povo no cartão

de crédito e nas

transações via PIX.


O engraçado é que o governo

quer saber se o cidadão brasileiro

gasta mais de R$ 5.000

no cartão de crédito

ou se faz transferência

via PIX acima deste

em sua conta bancária

diante de tudo isso

no mínimo a sociedade

deve fazer uma reflexão.


O que está por trás disso?

Quem ganha com essa situação?

Por que o governo quer

saber se o cidadão brasileiro

gasta ou movimenta

acima de R$ 5.000

nessas modalidades?


Por que o governo

quer saber quanto

o cidadão gasta,

mas não pergunta

ao cidadão brasileiro

como que ele faz

para viver com um

salário mínimo de R$ 1518.

 

 

AUTORA ARLÉTE CREAZZO


ARLÉTE CREAZZO (1965), nasceu e cresceu em Jundiaí, interior de São Paulo, onde reside até hoje. Formou-se no antigo Magistério, tornando-se professora primária. Sempre participou de eventos ligados à arte. Na década de 80 fez parte do grupo TER – Teatro Estudantil Rosa, por 5 anos. Também na década de 80, participou do coral Som e Arte por 4 anos. Sempre gostou de escrever, limitando-se às redações escolares na época estudantil. No professorado, costumava escrever os textos de quase todos, para o jornal da escola. Divide seu tempo entre ser mãe, esposa, avó, a empresa de móveis onde trabalha com o marido, o curso de teatro da Práxis - Religarte, e a paixão pela escrita. Gosta de escrever poemas também, mas crônicas têm sido sua atividade principal, onde são publicadas todo domingo, no grupo “Você é o que Escreve”. Escrever sempre foi um hobby, mas tem o sonho de publicar um livro, adulto ou infantil.

 

O QUANTO SOMOS MADUROS


Tenho visto pais exigindo maturidade de seus filhos aos quatorze anos, já querendo que eles decidam qual faculdade irão fazer, que rumo de vida querem tomar.


Eu com quatorze já trabalhava fora e com essa mesma idade brincava de bonecas.


Cobramos maturidade de nossos jovens enquanto fumamos e jogamos nossa bituca de cigarros pela janela do carro; exigimos respeito enquanto negamos um copo de água a um pedinte.


Cobramos a verdade das pessoas enquanto não atendemos ao celular, fingindo não termos visto a ligação.


Afinal o que é maturidade?


Vejo jovens com trinta e cinco anos, sem saberem ainda o que querem da vida. Mas será que somos pessoas realizadas em nossas escolhas?


É claro que não podemos esperar a vida toda para escolhermos, já que o nosso sustento vem de nosso trabalho e nenhum pai tem obrigação de sustentar filho maior de idade que seja saudável.


É preciso ter uma harmonia na vida, mesmo que nossa maturidade seja tardia.


Eu mesma aos sessenta anos (ou quase) não sei se posso me considerar uma pessoa madura. Os que me conhecem me entendem muito bem...


Estou em uma época da vida, que depois de muito pensar (ou nem tanto) cheguei a simples conclusão do que é maturidade (ao menos para mim): maturidade é você ser uma boa pessoa e saber ser feliz com o que tem.


Mas isso não significa que você não possa desejar mais, é claro que pode e deve lutar para conseguir, mas enquanto não alcança o que deseja, desfrute o que tem no momento.


Maturidade é saber respeitar o próximo e agradecer por cada pequeno milagre conquistado, seja o simples fato de caminhar sozinho ou poder se alimentar sem ajuda.


Respirar sem aparelhos e gargalhar por cada atitude boba que te faz feliz.


Maturidade é perceber que você ainda pode ir muito mais além, mesmo tendo mais passado do que futuro.


 

AUTORA KENIA PAULI


Olá, eu sou a Kenia Maria Pauli. Nasci em Colatina ES, mas já venho desbravando o mundo por duas décadas. Hoje, nesse atual momento moro na Inglaterra. E trabalho de forma que facilito e auxilio a conscientização nos sistemas. Sistemas esses, em que nós, de alguma forma nos relacionamos, quer seja de forma ativa ou passiva. Sou Conscientizadora Sistêmica. Escritora há dois anos com três co-autorias: "LEGADO - O VALOR DE UMA VIDA vol 3", "SEMENTES DE PAZ", "O PODER DA VOZ FEMININA NA LITERATURA". Também escrevi meu próprio livro que estará disponível no inicio do ano de 2025. Também atuo como Consteladora Familiar, Palestrante Internacional, Hipnoterapeuta clinica, Coach sistêmica, Título renomado como terapeuta internacional pela ABRATH (Associação Brasileira de Terapeutas). Sou graduada em Gestão Comercial e efetuei várias mentorias e cursos que me ajudaram nessa linda jornada.

 

CORAGEM E DETERMINAÇÃO: OS PILARES PARA CONSTRUIR A VIDA QUE DESEJAMOS


Há uma frase que carrego comigo há anos: a vida exige coragem, mas também força de vontade.


A coragem pode ser vista como a centelha que aciona o motor, impulsionando-nos a dar os primeiros passos. É ela que nos capacita a enfrentar desafios e incertezas, permitindo-nos dançar mesmo diante do medo. Nessa dança, encontramos harmonia, seguimos o ritmo e avançamos, apesar das adversidades.


Por outro lado, a determinação é o combustível que nos mantém em movimento. Ela desempenha um papel essencial ao nos ajudar a superar obstáculos, como pedras no caminho que, à primeira vista, parecem intransponíveis. É a determinação que nos motiva a persistir, mesmo quando a jornada se assemelha a uma montanha impossível de escalar.


Juntas, coragem e determinação formam as forças fundamentais para a construção da vida que almejamos. Em sintonia, elas nos permitem moldar a realidade de acordo com nossos sonhos e aspirações. É nessa união que encontramos o impulso necessário para transformar metas em conquistas e aspirações em realidade.


 

AUTORA MIGUELA RABELO


MIGUELA RABELO escritora de crônicas, contos e poemas, com seu primeiro livro solo de poemas: "Estações". Também é mãe atípica e professora da Educação Especial no município de Uberlândia-mg.

 

NOTAS SOBRE O AMOR: VÍCIOS AMANHECIDOS


Ilusoriamente, passamos tempos e às vezes até anos nos sentindo plenas e seguras, crentes que estamos curadas do vício de outrora. Esta sensação de empoderamento nos desperta coragem, autoestima elevada e ousadia em tentar de novo, nem que seja para errar diferente e melhor. Então, por isso, caminhamos pela vida dispostas a amar novamente, mesmo já descrentes de encontrar algo genuinamente decente e recíproco no meio desta estrada que cada dia se apresenta mais dura e insalubre.


Porém, um dia, por acaso, como uma pequena fenda que se abre no tempo e espaço, experimentamos a possibilidade de “viajar no tempo” e provamos apenas o aroma daquele absinto passado, já envelhecido e maturado, escondido no fundo do armário. Justamente aquela garrafa tão bem escondida, da qual nem mais me lembrava onde estaria... No entanto, ela rola pelo chão do quarto, enquanto tentava organizar a bagunça de roupas que estavam no guarda-roupa.


Ao me deparar com ela, um misto de estranhamento tomou-me... Medo, nostalgia, desejo e saudade nua e crua entraram em ebulição... Meu corpo estremeceu, a respiração ficou ofegante e senti nos lábios o gosto ácido daquela bebida amadurecida pelo tempo, porém que se mostrou tão fascinante e tentadora, como antes...


Então, seduzida por ela, respirei apenas seu doce aroma, perdendo momentaneamente a consciência e assim fazendo-me viajar no tempo e nas notas das fragrâncias e sensações anteriores ao ter me abdicado do vício de amá-lo...


Porque descobri que amar pode ser um vício como qualquer outro e, por isso, somos sujeitos passivos de adicção, pois precisamos de estímulos contínuos, sejam eles por café, atividade física, validação externa, drogas lícitas ou ilícitas e também amar.


No entanto, como aquela máxima se confere de fato: a diferença entre o remédio e o veneno está na dose. E qualquer atividade citada anteriormente pode ser uma compulsão e gerar danos ou pode ser uma paixão e ser usada como motivação, crescimento (exceto as drogas ilícitas, estas infelizmente provocam o sistema límbico, alterando qualquer padrão de dopamina existente).


Então, descobri com esse deslize ao respirar seu perfume... que não, infelizmente não superei meu vício de te amar e isso pode ser trágico, pois sei que será muito difícil controlar a régua de parâmetro para qualquer pessoa que vier a se aproximar. Entretanto, isso também pode ser uma ferramenta valiosa para me proteger de futuras ciladas que a vida, vez ou outra, vai me colocar.


Porém, a grande descoberta que tive sobre toda esta experiência foi que o amor não pode ser morto a qualquer custo. Ele necessita de uma imensa porção de tristezas, raiva, decepções, frustrações e humilhações. Fora isso... é muito difícil curar seu coração de um grande amor. Pois como nos curarmos de algo que nos proporcionou alegrias, crescimento, respeito, reciprocidade, carinho, acolhida e companheirismo?


Talvez a solução seja um outro amor? Mas não estaríamos substituindo uma compulsão por outra? Pois é, meus caros... o vício do amor talvez não tenha cura, e assim vamos apenas adormecendo e bloqueando esse sentimento ao longo da vida, pois... provavelmente podemos amar romanticamente muitas pessoas ao longo da vida e está tudo bem. E esse alguém mais presente em voga será o ou a contemplada de mais atenção e carinho, mas sim, o sentimento de outrora ainda estará à espreita. Porém, não para “dar o bote”, como uma serpente sorrateira, mas sim para nos lembrar quem nos transformamos através do amor de outrora, nos recordando, como lembrete em fazermos diferente em uma nova oportunidade ofertada pela vida de sermos felizes ao compartilhar experiências que nos ensinam a viver e ir aprendendo a nos despir de verdades passadas, nos lapidando diante dos tropeços anteriores...


Então, sigo, depois de respirar e transpirar o absinto... sentindo que continuarei viciada neste amor, porém, e felizmente, não mais dependente dele para viver ou sobreviver... Carregarei-o comigo, dentro de um precioso porta-joias, o qual muito continuará sendo valioso, alertando-me sempre em não aceitar menos do que mereço ou que ele poderia me proporcionar. Pois entendi, depois de tantas leituras, palestras, filmes, até de um livro escrever... que o amor, quando ele nos faz bem, não se morre por morte assistida ou homicida, ele permanece em nós... mostrando que somos melhores do que antes, por crescer com aquele sentimento e também aprender a soltar, para ele, assim, voltar a voar... E, se for para ser, um dia, como um belo colibri, voltará para a Rosa em forma de ninho, se assim ele algum dia a reconhecer... Porém, se não acontecer, a vida perdura e outros laços e teias vão sendo tecidos de crescimento e aprendizado nesta fabulosa jornada, que todos fomos convidados, ou melhor, convocados a caminhar, cada um no seu ritmo... porém, sem pressa na chegada, pois a grande sacada nesta odisseia, na qual cada qual interpreta o protagonista de sua própria tragédia pessoal, é justamente todo o aprendizado durante os ensaios e o grande dia, talvez seja todo legado de construção que deixaremos e outra parte que também levaremos...


 

AUTOR WAGNER PLANAS


Wagner Planas é nascido em 28 de maio de 1972, na Capital Paulista, estado de São Paulo, Membro da A.I.S.L.A — Academia Internacional Sênior de Letras e Artes entre outras academias brasileiras. Membro imortal da ALALS – Academia Letras Arttes Luso-Suiça com sede em Genebra. Eleito Membro Polimata 2023 da Editora Filos; Moção de Aplausos da Câmara Municipal de Mairinque pelo vereador Edicarlos da Padaria. Certificado do presidente da Câmara Municipal do  Oliveira de Azemeis de Portugal. Autor de mais de 120 livros entre diversos temas literários, além de ser participante de 165 Antologias através de seu nome ou de seus heterônimos.

 

ENTRE OS ANJOS


Entre os anjos,

Ouvi sobre bondade,

Dos arcanjos,

Aprendi a caridade.


A vida era de paz,

Com lindas orações,

Entre eles, a gente refaz,

A vida nos corações.


Mas tudo era sonho,

De quem vive nas ruas,

Onde as verdades são cruas,

Onde prevalece o frio e abandono.


Mas eu tenho fé,

Sou filho de José,

Em oração eu peço,

Uma vida, que eu mereço.


Mesmo perdido nas ruas,

Onde a verdade pouco vi chegar,

Onde reina palavras chulas,

Eu nunca deixei de amar.


E na noite estrelada,

Sobre jornal e papelão,

A notícia da televisão,

É que a artista está sendo amada.


E quem olhará nossa situação,

Dormindo entre o frio e o relento,

A mercê da chuva de vento,

Sem merecer a gratidão.


E o dia que eu partir,

Finalmente estarei entre anjos e serafins,

Então para sempre eu vou sorrir,

Afinal, eu sonhava com uma vida assim

 

 

AUTOR AKIRA ORDINE


AKIRA ORDINE é um escritor, poeta e músico carioca. Desde cedo apaixonado pela literatura, utiliza a arte como espaço de luta e refúgio, colocando bastante de si em tudo o que escreve. Tem muitos livros, vários deles, verdadeiros amigos.

 

MOFO


Abri a geladeira e lá estava ele

com suas faces, vértices e arestas

sertões, subúrbios, centros e complexos

carcomidos pelos fungos.

Não era da França

Brasil, demasiadamente Brasil

Uma guerra, uma anomia

os vermes gradualmente consumindo tudo

destroçando a estrutura basilar

A normalidade de como aquilo deveria estar

ou pelo menos parecer

E eu não fiz nada

Garanto que você também não fez pois não tinha poder sobre

Quem trabalha, que fez isso tudo, deixou passar

O mercado lavou as mãos

Alguém poderia ter cortado a parte podre

e problema resolvido, vais dizer

Mentira. Cortar só não resolve

Eles ainda estão aqui

se multiplicando e tomando tudo.


Assim como aquela coisa toda

feita de adenina, timina, citosina e guanina

tecidos, corpo, estrutura e existência

Não há segunda, terceira, quarta chance sobre ela

as coisas infelizmente já se consolidaram

o estrago já foi feito

as células já foram mortas

as ligações químicas já foram cortadas, parasitadas

nunca será mais a mesma coisa, acredito eu

Pois ele ainda está aqui

o erro

Não agi a tempo de não cometê-lo

Não percebi que as coisas não estavam certas

Quando eu olhar para aquela figura

continuarei achando que tudo

poderia ter sido diferente

Era tão incrível olhá-la, admirar tudo o que ela representava

o apego que eu tinha

o que eu fiz para estar com ela.


Aquela obra não era francesa

Era brasileira de Petrópolis

Mas ela nunca mais vai olhar para mim do mesmo jeito

Pois eu deixei o mofo aparecer, se multiplicar

e tudo se degradou de forma quase autofágica,

Um hospedeiro se autodestruindo

Por algo que nunca naturalmente será seu.


O Brasil teria sido outro

Nossa relação teria sido outra

e embora fale de coisas que mofaram

Quem dera que esse poema tivesse sido em algum momento sobre um queijo.


 



2 comentarios


Amei os textos, cada um dizendo o quanto viver, sentir é importante.😍

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Mais uma vez, nossos escritores fizeram a diferença no mundo, dedicando seu tempo e talento para nos trazer textos que provocam reflexão sobre a vida.

Sabemos que nem tudo são flores. A realidade, por vezes, é um remédio amargo, mas necessário. Fugir dela não nos fortalece; encará-la, sim. As palavras aqui reunidas nem sempre serão suaves, mas é na verdade — ainda que incômoda — que encontramos espaço para evoluir.

Parabéns a todos que se entregaram à escrita com dedicação. E que privilégio para aqueles que souberam absorver, mesmo que em parte, a essência das experiências compartilhadas.

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