VIDAS INTERROMPIDAS
Vidas Interrompidas, de Mateus Almeida, é uma lânguida melodia, uma homenagem que transcende a mera existência, um lamento às almas corajosas que desbravaram o desconhecido em busca de um amanhã mais promissor.
O êxodo rural, essa travessia dolorosa, rasgou o seio de famílias, separando-as do aconchego de seu lar ancestral, empurrando-as para um futuro nebuloso. A tentativa de cortar as raízes sombrias de uma vida estagnada, por vezes, tornou-se um adeus eterno.
Fragmentos de existências se perderam no tempo, famílias despedaçadas pela cruel disparidade social, a luta para respirar fora das algemas da miséria. Decisões carregadas de peso, deixando para trás uma trilha de sonhos partidos e corações solitários.
O monstro da solidão engoliu alguns, enquanto outros, valentes, venceram, abraçando novas culturas e trazendo os amados para o regaço do progresso. Mas nem todos foram abençoados pelo destino; a distância cresceu como uma fenda intransponível, unida somente por palavras escritas e visitas efêmeras, tão breves quanto um suspiro.
Mateus Almeida, uma voz a narrar o que seus olhos viram, sua mãe, o cerne do livro, lhe empresta a autoridade de quem conhece a dor da emigração. As páginas não são meras folhas, são consolos e lamentos para quem viveu essa tristeza tangível.
Cada linha, um afago; cada palavra, um soluço. Cartas, contos e poesias não apenas preenchem os espaços em branco, mas curam o vazio de uma alma despedaçada.
Surge então, um autor com uma sensibilidade que toca a alma, cuja beleza em seus escritos me surpreendeu, mesmo após quatro décadas de convivência com as palavras. E você, leitor, sentirá o mesmo encantamento, a mesma melancolia que se derrama destas páginas.
Vamos, pois, mergulhar nessa história que nos chama com seu canto triste e melancólico, e permitir que ela nos envolva com sua verdade emocionante e poética?
LUIZ PRIMATI
Editor da Valleti Books