Pedro Paulo é obrigado a tirar umas férias forçadas. Isso é bom, não é? Será? Descubram lendo esse novo episódio.
Leia, critiquem, comentem!
Luiz Primati
TODAS AS FÊMEAS QUE ME DOMINAM
por Luiz Primati
IG: @luizprimati
FÉRIAS FORÇADAS
— Oi! Sogrinha querida — gritei quando ela abriu a porta. Fui em sua direção com meus braços abertos para acomodá-la num abraço carinhoso, mas ela se desvencilhou de minhas garras.
— Entra aí Pedro Paulo — disse minha sogra sem emoção na voz. — A Maria te botou para fora de casa de novo? — falou com desdém, já olhando de soslaio para Paçoca que a encarava de lado.
— Para fora? Imagine… Maria Maldiva só precisa de um espaço — falei sem jeito.
— Sei… um espaço de alguns quilômetros de você… — disse Dona Helvira sem crer em uma palavra que eu pronunciei. — E esse cão dos infernos? Por que o trouxe consigo?
— Pois é… ele é o problema — disse sem jeito.
Paçoca não gostou de minha observação e rosnou alto. Até Dona Helvira colou as mãos nos ouvidos tentando impedir que o som agudo de Paçoca afetasse a sua audição.
— Já entendi. Com essa cara de assustada e esse latido agudo, eu também não aguentarei. Entendo bem o que minha filha passou com vocês dois — disse sem ressentimento na voz.
— Serão apenas alguns dias — falei para Dona Helvira se acalmar. — Posso lavar a louça, limpar a casa e até lavar as roupas — sorri para ela.
— Faz o almoço também? — negociou Dona Helvira.
— Só de final de semana. Podemos pedir marmitex durante a semana. O que acha? — abri um sorriso para ela aguardando um SIM. Paçoca fez o mesmo.
Depois de alguns segundos de encarada de Dona Helvira, ela concordou.
— Entra aí e fica lá no quartinho dos fundos — sorri feliz. — Mas se esse cachorro cagar pela casa, você será o responsável.
* * *
Essas férias longe de Maria Maldiva seria bom para espairecer, colocar a cabeça no lugar. Sei que ela iria se arrepender pelo roxo que deixou no meu olho. Em breve eu e Paçoca poderíamos voltar ao lar. Por enquanto curtirei o pessoal do Bloco 15. Mais uma região inexplorada. Gente nova, amigos, festas. Seria uma experiência bacana. Estou começando a gostar desse condomínio. Como nunca tive a ideia de explorar todos esses blocos? Fiquei por anos, parado no Bloco 2. Era rua, bloco, bloco rua. Jamais imaginaria haver vida atrás do Bloco 3.
Não foi necessária uma semana para a minha lista de pessoas odiáveis aumentar. Minha sogra tem a mania de vigiar quem utiliza o banheiro. Sim, acreditem, minha sogra me vigia no banheiro. Sempre que ela ouve eu apertar a descarga e saio do banheiro, ela entra para investigar se deixei tudo limpo. Acreditam nisso? Pois é… e é uma verificação minuciosa. Dona Helvira levanta a tábua do vaso e verifica se não respingou urina e fezes para algum canto. Dona Helvira é exigente demais. Ela já deveria se dar por satisfeita pelo fato de eu mijar sentado. Que homem mija sentado? Você mija? Você que me lê? Então, por respeito a todas as mulheres da minha casa, que não são poucas, eu sempre mijei sentado. Isso não me deixou menos másculo. No entanto, isso não foi o suficiente para a Dona Helvira.
No começo eu usava o banheiro, dava descarga e saía. Depois que ela começou a pegar no meu pé, após fazer o número 2, tenho que levantar a tampa do vaso e olhar. Tenho que passar papel higiênico em tudo por onde sujei. Exigência dela e aceitei. Mas a mente da minha sogra é muito maquiavélica, e ela achou outra maneira de pegar no meu pé, e, por essa, eu não esperava, confesso.
Foi ontem que Dona Helvira me surpreendeu. Logo após usar o banheiro e verificar que nada estava sujo, sai do banheiro. Dona Helvira entrou e logo chamou minha atenção:
— Pedro Paulo, volte aqui já.
Fiquei com uma pulga atrás da orelha… por que ela estava falando comigo naquele tom? Voltei imediatamente, me preparando para um sermão. Paçoca foi até lá para ver a cena.
— O que foi Dona Helvira? Limpei tudo conforme a senhora me pediu? — falei em minha defesa.
— Não limpou, não — rosnou. Paçoca mostrou os dentes também.
— Limpei sim, aliás, verifiquei e não espirrou fezes para nenhum lado. Está tudo certo! O que você achou aí? — questionei preocupado. Paçoca olhou-me e depois para Dona Helvira.
— Estou vendo que a tampa da privada está molhada — acusou-me. Paçoca parece ter dado razão a ela, pois, me olhou mostrando os dentes e língua para fora.
— Mas o que tem? Quando apertamos a descarga, espirra água mesmo — me defendi e olhei feio para Paçoca. Aí dela se concordar com Dona Helvira!
Ela respondeu.
— Mas não pode ficar molhada. Se a tampa fica molhada, começa a ficar embolorada — justificou.
Aí eu me irritei:
— Dona Helvira, como assim? Embolorada? Está tudo limpo. Aonde a senhora está vendo problema? — coloquei as mãos na cintura. Paçoca deu um passo ao lado e ficou com Dona Helvira, me encarando. Cachorra traidora!
— E essa água aqui? — apontou. Paçoca fez uma expressão de concordância com Dona Helvira.
Para não criar mais constrangimento, peguei o papel higiênico e enxuguei o restante da água que ela achou. Agora é mais uma tarefa que tenho que fazer sempre que eu usar o banheiro. Paçoca me olhou com desdém e seguiu Dona Helvira quando ela foi até o quarto.
— Vem aqui meu neném — gritou Dona Helvira para Paçoca que logo abanou o rabo.
Com Dona Helvira a gente nunca vence. No máximo, empatamos.
Será que Maria Maldiva já me perdoou? Paçoca, sua cadela traiçoeira…
AUTOR
Luiz Primati
Como não sorrir, é demais de bom , que astral elevado ! Estou rindo com as cenas e Paçoca me encanta. Enquanto lia sorrindo, o meu cão me observava com olhar fixo, pensando o que de mim? Só ele sabe...
😂...não aguento isso ( cachorra traidora é demais )
Sogra é complicado, Pedro Paulo só se da mal, rsrsrsrsrsr
Afinal ainda está vivo, sobreviveu do outro conto para este, muito me espanta tal fato :D já mijei sentado também, por insistência feminina.