AUTOR AKIRA ORDINE
AKIRA ORDINE é um escritor, poeta e músico carioca. Desde cedo apaixonado pela literatura, utiliza a arte como espaço de luta e refúgio, colocando bastante de si em tudo o que escreve. Tem muitos livros, vários deles, verdadeiros amigos.
VIVA O ANO VELHO
Convenhamos, não existe um ano novo de forma concreta ainda. Não enquanto as pessoas não modificarem suas atitudes, seu modo de agir e de pensar. Por isso, viva o Ano Velho!
E não digo isso de forma a saudar os acontecimentos desse ano que se encerra, pois como todos os outros, sempre é repleto de perdas para o mundo e para a sociedade. Mas sim, para provocar uma reflexão no leitor que se debruça sobre essas palavras no último dia do ano.
Não existirá ano novo se existirem pessoas sem ter o que comer em um mundo em que, já há tempos, existe comida para alimentar à todos de forma integral. Assim como não existirá ano novo se o ser humano continuar agravando as mudanças climáticas, pois ao contrário do que muitos pensam, essa crise do clima não acabará com o planeta, mas sim com as condições de vida humana nele.
Por que comemoramos o ano novo então?
AUTORA ALESSANDRA VALLE
IG: @alessandravalle_escritora
Alessandra Valle é escritora para infância e teve seu primeiro livro publicado em 2021 - A MENINA BEL E O GATO GRATO - o qual teve mais de 200 downloads e 400 livros físicos distribuídos pelo Brasil. Com foco no autoconhecimento, a escritora busca em suas histórias a identificação dos personagens com os leitores e os leva a refletir sobre suas condutas visando o despertar de virtudes na consciência.
LEMBRAR OU ESQUECER?
Mais um ano findando, é hora de fazer um balanço de tudo o que vivemos.
Tenho certeza de que existem muitos momentos para serem lembrados e outros tantos a serem esquecidos.
Por exemplo, já pensou em quantas pessoas te magoaram? Mas isso, sinceramente, deve ser esquecido, pois em nós não deve haver espaço para o ressentimento.
Por outro lado, já pensou em todas as pessoas que você magoou? Isso não deve ser esquecido, mas sim perdoado, pois em nós deve haver muito espaço para o arrependimento e reparação.
Procure esquecer todos os episódios de doença que te visitaram durante o ano, mas não se esqueça de agendar consultas médicas pois é melhor prevenir do que remediar.
Sabe aquela festa que você não pode ir? E aquela que não te convidaram? Esqueça, mas quando estiver feliz, procure estar por perto daqueles que te fazem bem.
Os olhares invejosos e as maledicências, definitivamente, esqueça, pois as energias de um novo ciclo nos fazem brilhar ainda mais, pois potencializam a autoiluminação.
Aproveite para realizar qualquer tipo de objetivo, desde que seja no bem, pois para toda ação há uma reação oposta de igual intensidade.
Viva! Ame! Cuide! Cumpra seus deveres!
Feliz ano novo!
AUTOR LUIZ PRIMATI
Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.
FELIZ 2015
À medida que mais um ano se encerra, é comum nos perdermos em reflexões sobre os meses passados e na elaboração de planos para o futuro. Eu também me via nesse ciclo, mas algo mudou ao longo dos anos.
Agora, em vez de reservar essas reflexões apenas para o final do ano, elas se tornaram parte do meu cotidiano. Em momentos espontâneos ao longo do ano, eu paro para ponderar sobre minha vida, as pessoas que me cercam, minhas ações e o que almejo para o futuro. Afinal, limitar essa introspecção a um único momento do ano começou a parecer uma ilusão, uma promessa efêmera que evapora nos primeiros dias do novo ano, sem deixar rastros das metas outrora estabelecidas.
Portanto, em vez de me prender às resoluções de fim de ano, prefiro mergulhar nas memórias dos anos anteriores. Uma dessas recordações, particularmente querida para mim, é a do final de 2014, quando decidi levar minha família para uma aventura europeia. Era um roteiro de sonhos: Natal em Portugal, Réveillon na Espanha e as férias de janeiro na França.
Esse plano não foi fruto de um impulso. Levamos seis meses meticulosamente planejando e economizando cada centavo, antecipando cada detalhe para que pudéssemos experimentar o inverno europeu por 30 dias. Esses preparativos, cheios de expectativa e entusiasmo, ainda ressoam em minha memória, preenchidos pela doce nostalgia.
O ponto alto dessa jornada começou no último dia do ano. Vestidos com nossos casacos mais quentes, desafiamos o frio cortante para explorar as maravilhas de Barcelona. A primeira parada foi a “La Sagrada Família”, uma magnífica obra de Antoni Gaudí. Lá, sob a vastidão de suas torres espetaculares, capturamos momentos eternos em nossos celulares — selfies que enquadravam nossos sorrisos com a igreja imponente ao fundo. Cada clique era uma tentativa de congelar aquele instante, de guardar um pedaço daquele lugar mágico conosco.
Dentro da vastidão da "La Sagrada Família", fomos imediatamente envolvidos pela aura de um mundo quase mítico. As esculturas que adornavam cada canto pareciam desafiar as leis da natureza, tão intensas e vivas que quase se podia questionar se não eram obra de entidades celestiais, e não de meros mortais. A luz, filtrando-se através dos vitrais coloridos, espalhava um arco-íris de cores pelo espaço, cada raio de luz trazendo uma energia jovial que contrastava, de maneira quase mágica, com a solenidade das esculturas antigas.
Depois dessa imersão na grandiosidade de Gaudí, buscamos refúgio do frio cortante em um café aconchegante, escondido nas sombras da igreja. Ali, com nossas mãos envolvendo canecas de chocolate quente, sentimos o calor reconfortante se espalhar por nós. O sabor doce e rico do chocolate e a textura macia dos croissants, ainda quentes do forno, eram pequenos luxos que nos aqueciam por dentro. Enquanto saboreávamos cada gole e mordida, conversávamos sobre o quão diferente estava o clima em relação ao nosso país. Lá, o termômetro marcava 30 graus, uma lembrança distante do calor tropical que agora parecia pertencer a outro mundo. Aqui, envoltos na atmosfera de zero graus, cada sopro de vapor que se desprendia de nossas xícaras parecia dançar no ar frio, um pequeno espetáculo que celebrava o nosso estar ali, juntos, vivendo aquele momento único.
Repletos de energia, seguimos para o próximo destino: “La Pedrera”, também conhecida como “Casa Milá”. Neste ícone arquitetônico de Gaudí, cada passo revelava uma nova maravilha. Corríamos, quase como crianças em um parque de diversões, de um lado para o outro, nossos celulares sempre à mão, capturando cada ângulo, cada curva inesperada daquele labirinto de criatividade. Queríamos eternizar cada detalhe, cada momento, para que, no futuro, pudéssemos reviver a magia daquele dia.
O terraço da Casa Milá se revelou como um cenário tirado de um sonho. Lá, pisos de ladrilhos coloridos se estendiam sob nossos pés, criando um tapete mosaico que parecia contar histórias. As formas abauladas, lembrando igloos, dominavam o cenário, recortando-se contra o céu de Barcelona. Neste espaço, Gaudí demonstrava por que era um mestre incomparável, um artista cuja visão continuaria a inspirar gerações de arquitetos e sonhadores.
Com o crepúsculo aproximando-se e o relógio marcando quase 17h, sentimos o dia acelerar. Era hora de retornar ao hotel. A noite de Ano Novo nos esperava, e queríamos estar preparados para receber o novo ano que se anunciava. Nossos corações batiam com a expectativa da celebração que se aproximava, uma página ainda em branco na história de nossa família, pronta para ser escrita com as cores e alegrias daquela noite especial.
A ansiedade pairava no ar enquanto aguardávamos o Uber naquela noite de Ano Novo. Minha esposa havia escolhido a “Plaça de Espanya” para comemorarmos, imaginando que seria o cenário perfeito para dar as boas-vindas ao ano que chegava. Porém, à medida que o relógio avançava inexoravelmente para as 22h, e nosso transporte ainda não havia chegado, uma sensação de descontentamento começou a se instalar. Minhas filhas, que haviam passado horas se embelezando com maquiagem, compartilhavam do mesmo sentimento de frustração. A noite, que prometia festividades e celebração, agora pendia à beira do fracasso.
Finalmente, o motorista chegou, já eram 23:30h. Rapidamente, ele colocou o carro em movimento, tentando navegar pelo trânsito intenso que engolia as ruas de Barcelona. Mas o tráfego era implacável, e nosso progresso era agonizantemente lento.
— Pai, estamos chegando? — A voz de minha filha mais nova cortou o silêncio, carregada de esperança.
Antes que eu pudesse responder, Natasha, a filha mais velha, com os olhos fixos em seu celular, constatou a dura realidade: não chegaríamos a tempo para a virada. Ana Luiza, ao ouvir isso, olhou para a tela e sua expressão se transformou num misto de resignação e desapontamento.
— Acho que passaremos o ano novo no meio do caminho — comentou minha esposa, sua voz envolta com um leve tom de tristeza. Naquele momento, dentro daquele Uber, enquanto Barcelona celebrava ao nosso redor, nossa pequena família enfrentava a perspectiva de uma passagem de ano longe da festividade que havíamos imaginado.
À medida que a contagem regressiva para o novo ano se aproximava do fim, ficava claro que nosso destino, a “Plaça de Espanya”, estava se tornando um sonho distante. E, de forma inesperada, enquanto os ponteiros do relógio marcavam meia-noite, encontramo-nos ainda dentro do Uber, distantes dos fogos e celebrações. Foi ali, naquele espaço confinado, que celebramos a chegada de 2015 — um brinde silencioso, trocado em olhares e abraços entre eu, minha esposa e minhas filhas. Até o motorista ganhou um “Feliz Ano Novo”.
Quando finalmente chegamos à praça, o cenário era de uma festa já terminando. Eram 10 minutos após a meia-noite, e as pessoas começavam a se dispersar. Os fogos de artifício haviam cessado, e os ecos dos gritos e risos de celebração se distanciavam no ar frio da noite. Restavam apenas pequenos grupos, alguns ainda conversando, outros apenas fumando em silêncio.
O ar carregava o odor adocicado de bebidas, e garrafas de vinho vazias, abandonadas aos pés do monumento, eram testemunhas mudas de uma celebração da qual não participamos. A praça, outrora palco de alegria e festividade, agora parecia apenas um lembrete do que poderia ter sido.
Caminhamos sem rumo, absorvendo a atmosfera pós-festa, nossos passos ecoando na calçada. Depois de vaguear por cerca de meia hora, encontramos uma estação de metrô e embarcamos no trem de volta para Santa Coloma de Gramenet, onde nosso hotel nos aguardava.
Durante o trajeto de uma hora e quinze minutos, observamos as pessoas ao nosso redor — algumas ainda imersas na euforia do Ano Novo, outras aparentemente exaustas, talvez refletindo sobre suas próprias celebrações. Em meio a essa mistura de emoções, eu e minha família compartilhávamos um sentimento de fracasso, um silêncio pesado que falava mais do que palavras.
Nessa noite, longe do conforto de nosso lar, enfrentamos a realidade de que nem todas as experiências atendem às nossas expectativas. Mas mesmo em meio à sensação de desapontamento, havia algo inegavelmente valioso naquela experiência compartilhada, um aprendizado tácito sobre a imprevisibilidade da vida e a importância de estarmos juntos, independentemente das circunstâncias.
Já passava das 2h da manhã quando finalmente chegamos ao nosso hotel, um oásis de calma em meio à euforia contínua do Ano Novo que se espalhava pela cidade. A cozinha do hotel ainda estava aberta, e agradecemos por essa pequena bênção. O aroma de sanduíches de presunto e queijo, reminiscente do nosso querido misto-quente brasileiro, enchia o ar, trazendo um conforto familiar. Uma sobremesa de chocolate e avelãs, uma doce indulgência européia, completava nosso lanche noturno. Com refrigerantes para minhas filhas e uma cerveja para mim, levamos nossa refeição de ano novo para o quarto, permitindo aos funcionários do hotel que se juntassem às suas famílias nas celebrações.
No quarto, após saciarmos nossa fome, nos acomodamos sob um cobertor quente, procurando conforto naquela cama estranha, mas acolhedora. Deitado ali, ouvindo o som abafado de gritos distantes e carros passando rapidamente, senti uma estranha paz. O mundo lá fora continuava sua celebração barulhenta, mas dentro daquele quarto, cercado pela minha família, havia uma serenidade reconfortante.
O teto do quarto se transformou em uma tela para as sombras dançantes, criadas pelas luzes dos carros que passavam. Elas se moviam como fantasmas silenciosos, contando histórias que só a noite conhece.
Enquanto as sombras dançavam no teto do quarto, uma calma inesperada se apossou de mim. Lá fora, as celebrações do Ano Novo ainda ecoavam, mas dentro daquele pequeno refúgio, uma serenidade profunda prevalecia. Minha esposa e filhas, agora silenciosas, compartilhavam desse momento introspectivo.
A frustração inicial deu lugar a um sentimento de gratidão. Por um instante, pensei nas expectativas que todos nós tínhamos para aquela noite — o espetáculo de fogos, a multidão em festa, os brindes sob um céu estrelado. Nada disso aconteceu como planejado, e ainda assim, havia algo inegavelmente belo em nossa situação.
— Não foi como imaginamos, mas será que isso importa realmente? — Murmurei, mais para mim mesmo do que para os outros.
Ao meu lado, minha esposa suspirou suavemente.
— Sabe, eu sempre pensei que esses momentos especiais dependiam de grandes eventos. Mas talvez... talvez o verdadeiro significado esteja justamente no inesperado, no simples estar juntos.
As palavras dela ressoaram em mim. Era verdade. A vida, com suas reviravoltas e surpresas, raramente seguia um roteiro. E, no entanto, cada desvio, cada momento não planejado, tinha o poder de tecer memórias ainda mais ricas e significativas.
Minha filha mais nova, quebrando o silêncio, se aconchegou mais perto.
— Eu gostei do dia de hoje — disse ela, com uma sinceridade que só os jovens possuem. — Foi uma aventura. E aventuras são mais divertidas em família, não é Natasha? — Questionou Ana Luiza para a irmã mais velha.
Sua observação simples, mas profunda, trouxe um sorriso nos lábios de Natasha que sorriu e abraçou a todos.
Ela estava certa. Estávamos juntos, e isso era o que importava. Nossas experiências compartilhadas, mesmo aquelas que desafiavam nossas expectativas, nos uniam de maneiras que festas e celebrações jamais poderiam.
Naquela noite, enquanto o mundo saudava o novo ano com alarido e alegria, nós encontramos nosso próprio sentido de celebração — tranquilo, íntimo e real. E nessa simplicidade, descobrimos um novo tipo de felicidade, um novo jeito de acolher o ano que chegava.
E assim, enquanto as sombras continuavam a se mover e os sons da noite se misturavam ao nosso contentamento silencioso, adormeci. No coração, a certeza de que, não importa onde estivéssemos ou como as circunstâncias se desenrolassem, enquanto estivéssemos juntos, cada momento seria valioso. Cada ano novo, uma promessa de mais histórias a serem vividas e compartilhadas.
AUTORA STELLA_GASPAR
Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.
RESILIÊNCIAS DE JANEIRO A JANEIRO
Uma vida que foi percorrida de muitas experiências dia a dia, mês a mês.
Um calendário com números de desejos, com reflexões sobre a vida, sobre o amor e tudo que foi chegando em rodas-vivas do mundo. Viver é um ato de resiliência.
Quem eu fui, durante o ano que se vai?
Penso que fui várias linguagens, amplas de variados conhecimentos, tudo que me fez viver em um tempo. Na verdade, é comum dar continuidade ao que fomos para sermos diferentes.
Cada um de nós, tem na sua existência complexa, um mundo de resiliências plurais, as quais reagimos diferentes uns dos outros, diante das circunstâncias.
Fui e sou feliz com todos os amanheceres que me despertam naturalmente, com as emoções de renascimentos que me fortalecem, em especial no desenvolvimento da minha humanidade.
Sonhei com noites de cristais, diamantes e pérolas, me deixando amante da beleza do amor. Um mergulho com frases, poemas, mensagens. Amei e fui, sou amada, romântica com a parceria ideal. Aprendi e aprendo cada dia mais sobre esse sentimento, que me faz sentir que sou uma “mulher apaixonada”
Resilientemente escrevi, expondo as minhas impressões e ideias, meus verdadeiros desejos, minha experiência histórica e a minha compreensão da ordem, do caos e da desordem, tudo reconhecido por mim como sinais de vida.
Por fim, aderi a resistência para ser emancipada nos meus pensamentos, com muita satisfação, animação, vestida de gostos em ser o que pude.
Com laços afetivos não fui solitária, vivi de verdade, com as minhas verdades.
Desejo-lhes muitas resiliências e encantamentos plurais para o Novo Ano-2024!
AUTORA ARLÉTE CREAZZO
ARLÉTE CREAZZO (1965), nasceu e cresceu em Jundiaí, interior de São Paulo, onde reside até hoje. Formou-se no antigo Magistério, tornando-se professora primária. Sempre participou de eventos ligados à arte. Na década de 80 fez parte do grupo TER – Teatro Estudantil Rosa, por 5 anos. Também na década de 80, participou do coral Som e Arte por 4 anos. Sempre gostou de escrever, limitando-se às redações escolares na época estudantil. No professorado, costumava escrever os textos de quase todos, para o jornal da escola. Divide seu tempo entre ser mãe, esposa, avó, a empresa de móveis onde trabalha com o marido, o curso de teatro da Práxis - Religarte, e a paixão pela escrita. Gosta de escrever poemas também, mas crônicas têm sido sua atividade principal, onde são publicadas todo domingo, no grupo “Você é o que Escreve”. Escrever sempre foi um hobby, mas tem o sonho de publicar um livro, adulto ou infantil.
FELIZ ANO NOVO
Curioso é como nos rendemos ao desespero quando o final do ano se aproxima. Esperamos um ano inteiro, só para correr contra o tempo, tentando concluir tudo aquilo que deixamos pendente nos últimos onze meses. Em dezembro, é como se acordássemos de um longo sono, tentando pintar a casa, mudar o corte de cabelo, trocar de carro, organizar cada canto esquecido... Mas, por que essa pressa?
Essa corrida contra o tempo nos faz questionar: será que a vida está nos levando para o caminho errado? É momento de pausar. Pausar para refletir sobre essa autoexigência excessiva, sobre atitudes derrotistas, sobre como, muitas vezes, nos anulamos diante dos outros.
Ação é necessária, sim, mas com propósito. Ninguém pode traçar nosso caminho melhor do que nós mesmos, conhecedores de cada sonho e medo que carregamos. Pode parecer confuso, mas não é. Trata-se de libertar aquela versão autêntica de nós mesmos, frequentemente escondida sob camadas de dúvidas e hesitações.
Reitero, com convicção: a felicidade é, sim, uma escolha. Rompa as correntes que você mesmo forjou, pois ninguém tem o poder de nos diminuir sem nosso consentimento. Aprenda a transformar cada erro em um degrau para o acerto. Permita-se viajar, sonhar, brincar. Simplesmente permita-se ser feliz.
Como bem disse o poeta, é hora de abrir as asas e libertar as feras dentro de nós, mergulhar na vida como se fosse uma festa sem fim. A vida é uma celebração de oportunidades, e o final de ano é apenas uma mudança no calendário. Amanhã é uma nova chance, um novo começo.
Feliz Ano Novo, feliz nova jornada na vida. E que cada título que escolhermos para nossas histórias reflita a autenticidade e a beleza única de nossos caminhos.
AUTORA MIGUELA RABELO
Miguela Rabelo escritora de crônicas, contos e poemas, com seu primeiro livro solo de poemas: "Estações". Também é mãe atípica e professora da Educação Especial no município de Uberlândia-mg.
RETROSPECTIVA EM DÉCADAS: ENSAIO DOS 40
Quando lembro do misto de ansiedade e euforia que tinha com a chegada de 2023... hoje véspera de mais um ano novo.. tudo que vivenciei neste ano corrido, diz muito sobre as sensações de outrora...
Isso porque, tenho a certeza que os anos que terminam em 3 sempre trouxeram furacões em minha vida. . talvez porque eu tenha uma correlação absurda por ter nascido em 83. Dez anos depois, em 93 fui a popular da turma, sendo eleita como presidente de classe, a ao findar do ano, diante as decepções transcorridas, me transformei nas alunas do fundão e reprovada em matemática.
2003 ingressei na faculdade de arte, cheguei a ser reprovada por falta de tempo em estudar, por conta do trabalho. Mas tive momentos incríveis e inúmeras experiências inéditas, incluindo conhecer a capital BH, e nela me apaixonar por "Um rapaz latino americano" e contador de causos que me levou anos a fio em um romance platônico...
2013 encerrei um sonho, ao fechar a sorveteria em sociedade com meu pai e fui chamada para tomar pose no concurso para profa. de artes no município, dei a luz a um dos maiores sonhos da minha vida que sempre foi ser mãe e completei 30 anos.
E agora em 2023, não foi diferente de antes... Porém, hoje vejo que minha compreensão dos fatos já estão mais maduras, me fazendo aceitar com menos dor os fatos ocorridos e assim, iniciar a terapia esse ano foi essencial para compreensão e maturação da montanha russa que estava prestar a me aventurar...
Onde meu ano literalmente se iniciou com um beijo de despedida de um relacionamento de 4 anos de muitas transformações e intensidade... passando meses chorando, toda semana e brigando comigo mesma, em busca de respostas...
Passando o sangramento de outrora, enquanto a ferida cicatrizava, reencontrei em um vislumbre o amor de 20 anos trás, o percebendo com outras cores e contextos, nascendo ali a poesia "Encontros e desencontros", publicada na antologia "Um amor para recordar", onde através da reminiscência vivida no passado, me arrisquei em um delírio de carnaval e aventurei-me na busca do tão esperado encontro com o mar... Porém, por uma desventura do destino, minha busca foi intrompida por uma catástrofe natural... no entanto, o mar se fez presente, pelo olhar de um querido amigo, trazendo leveza e me deixando levar pela correnteza da queda de uma cachoeira dupla a nos velar...e me mostrar o nascimento de "Amores possíveis".
Que posteriormente se materializou em um conto da antologia "Amores Modernos" da Valleti Books.
Em março, na audiência de conciliação da Guarda do meu filho, consigo através de um acordo a tão sonhada e lutada guarda unilateral. Porém fatidicamente, no dia seguinte, após tantas histórias e guerras... quem sempre me ajudou, me ensinou a ser mãe e foi ponte entre de comunicação neste relacionamento caótico, se vai deixando um oco no coração de todos... E assim, uma parte de mim também morreu ali... uma dor profunda, onde perdi o chão e meu filho avó paterna que tanto amava.
Meses se arrastando na dor e aprendo a se virar sem ela, nasce o texto "metamorfose da alma" e quando início o projeto "A Rosa e o Beija-flor" com oficinas itinerantes em algumas escolas para trabalhar inteligência emocional com meu texto, na construção posteriormente de um romance infanto juvenil pelo projeto municipal de incentivo A cultura e ironicamente, depois de passar dois anos sendo recusada por ele.
Então, após de tantas desilusões transcorridos e melhor serem esquecidas, me reaproximo de um amor antigo, passando por cima de toda catástrofe e dor de outrora, tentando passar uma borracha nos rabiscos manchados...reatando com o pai do meu filho, depois muitas feridas e 5 anos de separação... éramos órfãos da mesma "mãe"e acreditei que almas gêmeas também, por toda estória ao longo dos 15 anos vividos, além das inúmeras afinidades..
Porém nesta fase vivi um misto da aventura e paixão do passado e um abismo de diferenças que não entendia... Porque ele não mudará tanto, eu que me confundi... no entanto, descobri depois que quem mudou de fato fui eu e de forma irreversível, dando a "luz" ao elucidativo ensaio "Juntando as peças do quebra cabeça: eterno retorno".
Neste ano ainda, com a ajuda deste amor, consegui realizar o tão idealizado sonho de encontrar o mar, depois de 17 anos, me perdendo entre as águas mansas e traiçoeiras desta velha paixão, que literalmente penetrou-me o corpo e a alma, me despertando para reflexões irreversíveis e parindo, ali na Bahia de todos os Santos e ao lado de amigos queridos a crónica "Afogar-se" e uma belíssima performance de dança de frente para o mar em um palco, que transmutou na conclusão da crônica "Palco da vida".
O Retorno infelizmente não vingou, onde as diferenças abrem suas fissuras e quando me coloco de frente a um dos fantasmas que sempre temi e me assombrava... não tendo escolha: ou me escondia e chorava ou olhava dentro dos seus olhos e o exortava... foi duro, doloroso, mas entendi que quanto mais fugimos, mas os medos vem em nosso encalço...
É assim, volto para solitide de outrora, tentando organizar a casa após a passagem de um furacão que me revirou do avesso... No entanto, deixando claro para mim que eu não era mais a mesma mulher de anos atrás, amedrontada e que tudo a agradava... agora sabia exatamente o que me satisfazia e por isso não abriria mão do que me saciava a alma. E assim me perdi em alguns amores platônico, porém agora tendo a clareza de eram apenas miragens necessárias a inspiração da minha escrita.
Enfim o ano caminha para seu término e dou luz ao sonho gestado durante anos e neste último de 2023 em especial... a conclusão do meu livro "A Rosa e o Beija-flor", fruto de um projeto lindo que muito tive orgulho de ser a idealizadora, ao lado de uma equipe fantástica e em especial do querido amigo e irmão Jimmy Russ que admiro imensamente. Finalizo esse livro, como um filho que gestei das emoções e percepções que o relacionamento anterior que findou no início deste ano, me proporcionou, tendo seu DNA assinado na belíssima capa por ele produzida, como uma forma de conciliação e simbolismo de todo amor que por nós foi regado e transbordado, sendo este livro um rebento da prova do amor de outrora, que assim irá perdurar e maturar as emoções de todos aqueles que se permitirem nesta terna e bela estória de amor.
E terminarei o ano solitária, imensas em tantas experiências e reflexões aprendidas e descobertas ao longo deste intenso e denso 2023 que se encerra. Carregando o alívio de ter tentado e não me acovardado diante das avalanches apresentadas... e também com um misto de receio do que irá se apresentar para o novo ano de 2024... que não teremos a certeza de nada, apenas desejos e projetos... porém carregando agora a máxima, recentemente revelada sobre minha ansiedade, no texto "Metáfora do beija-flor"... a vida é exatamente como ele...
AUTORA ROBERTA PEREIRA
Roberta M F Pereira nasceu em 1986 e cresceu na cidade de Brumado, interior da Bahia. É Historiadora, Tradutora, Intérprete de Libras, Professora e Poetisa. Desde bem jovem já demonstrava seu amor e dedicação a escrita, especialmente poesias. Tem suas poesias publicadas em diversas coletâneas e no site Recanto das Letras com o pseudônimo, Betina. É autora do livro “Verdades de um Coração Ferido”.
MINHA ÚLTIMA REFLEXÃO DO ANO PARA VOCÊ
Enfim, chegamos ao final de 2023 e nem dá para imaginar tudo que passamos até aqui.
Durante o ano parecia que estávamos em um campo de batalha, algumas perdidas, outras vencidas e outras que ainda estamos lutando e buscando forças para seguir em frente.
Por isso, tenho algo muito importante para dizer a você querido(a) leitor(a): O seu ano valeu a pena! Se você está lendo essa mensagem, significa que o seu coração está batendo e te mantendo vivo(a).
Não se culpe por coisas que você não deu conta de fazer ou que estava totalmente fora do seu controle. Passamos por situações que nos fizeram voar ou nos deixaram no chão…
Em meio ao luto, a dura tarefa de cuidar de quem se ama e que por ventura está doente…
Todas às vezes que você lutou para colocar comida na mesa e ao chegar em casa teve que começar uma segunda jornada.
Pela dura pena que você aplica a si mesmo e não permite o descansar…
Queria eu ter o poder de acabar com essas batalhas sem fim, mas a única coisa que posso te dizer é:
Continue travando a árdua batalha para se manter vivo(a)!
Continue olhando para o túnel e perceba que há uma luz no final…
Ame profundamente as pessoas que estão ao redor e que às vezes você nem percebe a sua presença…
Permita-se ser amado(a)!
Não chore pelas promessas que não cumpriu, ou fique pensando em renová-las… às vezes, você só precisa viver e seguir o fluxo.
O maior presente que você poderá ter no ano de 2024?
É poder abrir os olhos e ver a luz do sol brilhar…
Encher os pulmões de ar e sentir seu corpo renovando a cada suspiro…
Sentir teu coração bater em um ritmo único e saber que ao abraçar alguém esse ritmo se transforma em uma música…
Estar vivo(a)!
Sim, a maior dádiva que temos e que esquecemos muitas vezes é que cada dia é um presente.
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