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Foto do escritorLuiz Primati

REFLEXÕES Nº 145 — 01/12/2024

Máquina de escrever antiga
Imagem criada com a ferramenta de IA Midjourney

 

AUTOR LUIZ PRIMATI


LUIZ PRIMATI é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books. Em março lançou seu livro de Prosas Poéticas, "Melancolias Outonais" e o romance de suspense "Peter manda lembranças do paraíso" estará disponível em julho de 2024.

 

DURO EM SÃO PAULO

São Paulo não me acolhera com braços abertos. A cidade, imensa e impiedosa, parecia sussurrar que eu jamais seria parte dela, que meu lugar era em outro canto. Assim que cheguei, publiquei um texto nas redes sociais. Naquele momento, fora um devaneio poético, mas, com o passar dos meses, cada palavra parecia ganhar um peso real. A cidade testava minha força, empurrava-me ao limite. E, aos poucos, meu sonho começava a ceder ao peso da realidade.

A pior fase chegou quando abri minha conta bancária e encontrei apenas R$ 200. Esse dinheiro precisava durar 15 dias. Não era uma escolha; era uma sentença. Acostumado a uma vida com compras semanais de supermercado, fast-food nos finais de semana e um chope para aliviar a rotina, vi tudo desmoronar. A primeira renúncia foi a saída para o bar; depois, os pedidos de fast-food desapareceram. Sobrou o básico, e mesmo isso estava escasso. Quando o dinheiro chegou ao limite, o luxo de antes parecia distante como um sonho. Restaram menos de R$ 20 por dia e um futuro enevoado.

Nos momentos mais sombrios, vi-me encarando a possibilidade de não conseguir mais. O pensamento de estar ao lado dos mendigos nos semáforos cruzava minha mente como um pesadelo constante. E o que eu faria? Que habilidade eu poderia usar para sobreviver? Minha família, tão acostumada a uma estabilidade maior, não conseguia esconder a revolta. Minhas orações diárias buscavam força, clareza e paciência, mas a pressão era esmagadora. Cada dia era uma batalha interna para não ceder.

No auge desse período sombrio, encontrei um sopro de alívio ao abrir o livro Na Pior em Paris e Londres, de George Orwell. Foi como segurar uma lanterna em meio a uma noite interminável. Nas páginas, Orwell descrevia a miséria com uma sinceridade crua: a luta por um pedaço de pão, o abrigo precário, o trabalho exaustivo em cozinhas de restaurantes. Ele não apenas narrava, mas fazia-me enxergar minha própria batalha refletida em cada linha.

Ao me imaginar na posição de mendigar, disputando atenção nos semáforos ou buscando formas de arrancar alguns trocados, enxerguei o abismo em que quase caí. Orwell tinha uma vantagem: sua pobreza era uma experiência temporária, um experimento para dar vida ao seu livro. A minha, não. Aquela era a minha realidade, nua e sem artifícios.

Ao terminar o livro, percebi que minha batalha não era apenas financeira; era uma prova de resiliência. A vida em São Paulo era uma arena, e eu era apenas um gladiador tentando sobreviver. As provações me moldaram, mas também me despiram de toda a vaidade. Não havia espaço para sonhos grandiosos; só restava a luta pela sobrevivência.

E, ainda assim, sobrevivi. Aprendi que cada centavo tinha um peso, que o dinheiro, embora essencial, precisava ser tratado com respeito e planejamento. A vida continua difícil — não é como se os desafios tivessem desaparecido —, mas aquela batalha eu venci. Hoje, olho para trás e entendo que saí dela mais forte e, acima de tudo, mais grato. Grato pelas lições, pelos recomeços e pelo valor que o pouco agora representa em minha vida.


 

AUTORA LUCÉLIA SANTOS


LUCÉLIA SANTOS, natural de Itabuna-Bahia, escritora, poetisa, cronista e contista e antologista. Escreve desde os 13 anos. É autora do livro "O Amor vai te abraçar" e coautora em diversas coletâneas poéticas. Seu ponto forte na escrita é falar de amor e escreve poemas e minicontos infantis.

 

FRAGMENTOS


Como uma rocha cheia de marcas que nunca somem, assim são as feridas que se abrem em nós, podem cicatrizar com o tempo, mas, ficam as marcas.


Somos feitos assim, de pedacinhos, cada fragmento nos molda, alguns crescem, outros se destroem. Aprender com as dores é uma tortura, mas, faz de nós seres humanos mais fortes e perseverantes.


Olhar-se no espelho literal é fácil, ali nós nos arrumamos superficialmente e corrigimos algumas imperfeições, mas, olhar-se no espelho interior dói.


Não nos tornemos escravos das dores, isso maltrata, nos corroem por dentro e quando nos damos conta, estamos quase mortos em vida.


Meditar no nosso íntimo, fazer uma limpeza em nosso coração, pode nos proporcionar um alívio repentino, é a beleza que mais precisamos cuidar, a interior. A externa sempre encontramos um jeitinho de aprimorar, mas, a joia que há dentro de nós, pode naufragar e nunca mais ser encontrada.


 

AUTORA STELLA_GASPAR


Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.

 

O BELO

 

Conhecer e apreciar o belo é um importante pilar do desenvolvimento humano.


É belo amarmos uns aos outros. Sentir o brilho da proximidade do calor humano, em nossos olhos imaginários, nos olhos da nossa alma, enxergar belezas esculpidas pela vida.


O nosso existir é um desfrutar de diferenças individuais, é repleto de tentativas e inquietações.


A beleza está na busca da felicidade em ser, daí destacamos o nosso bem-estar em primeiro degrau, antes do ter, do desejar mais do que podemos e assim, permanecermos insatisfeitos.


Os jardins, os rios e mares, todas as contemplações naturais, nos oportunizam travessias, energias e esforços.


O céu na terra pode ser possível, quando embelezamos a nossa existência, com respeito de ser como somos, cada dia com a insistência em melhorarmos, fazendo de nosso mundo interior festivais de emoções.


A esperança é bela e necessária, em um tempo, onde as dores se transformam em rotinas. Mas a dor, o sofrimento, não são infinitos, temos o arco-íris bordando o céu, quando nossas lágrimas transbordam.


Temos a doçura de amar, e é nesse sentimento que nos chega à beleza, para ser cultivada, nos gestos, nos carinhos, nas nossas histórias com folhas em branco.


Podemos fazer o que for preciso para que as pessoas à nossa volta se sintam belas, com o preenchimento de emoções nos seus corações.


Um fotógrafo com uma boa técnica, uma boa câmera e uma boa lente pode registrar pérolas de beleza estética. Porém, mais lindo e emocionante é quando consegue capturar a doçura de uma alma...


 

AUTOR ANDRÉ FERREIRA


ANDRÉ FERREIRA, 46 anos, solteiro, é natural de São Paulo, cidade onde vive até hoje. De religião cristã, André valoriza profundamente os ensinamentos de sua fé. Filho de Elza, uma paulistana determinada, e de Luís, um bon-vivant, André foi criado com amor e sabedoria por sua avó Maria, a melhor das avós. Apaixonado por atividades físicas, André também aprecia uma boa conversa, a leitura de livros enriquecedores, além de se encantar com a arte e a poesia.

 

PADRÃO DE BELEZA


Vivemos em um tempo

que as pessoas valorizam

muito a beleza física,

mais que a beleza

da alma humana,

e nesse mundo

cheio de imperfeição

as mulheres estão

cada vez mais buscando

a beleza na forma

da perfeição, tanto

que nos últimos anos

o número de lipoaspiração

cresceu absurdamente.

 

Mulheres que saem

desordenadamente

em busca do padrão

de beleza; mulheres

obcecadas pelo corpo perfeito,

há também mulheres

que só desejam melhorar

a sua autoestima

e por conta disso acabam caindo

nas mãos de falsos doutores

que se aproveitam desse movimento de corpo perfeito

e dessa busca pela

beleza a qualquer custo.

 

E nessa história de beleza

a qualquer custo mulheres

estão perdendo as suas

vidas na mesa de cirurgia

em clínicas clandestinas

que se espalharam

pelo Brasil, onde falsos

médicos vêm usando

das mídias sociais

para propagar fórmulas

mágicas com intuito

de alcançar um padrão

de beleza que a sociedade

vem impondo, mas, na verdade, eles são um

bando de charlatões.

 

E infelizmente as mulheres

acabam acreditando em

médicos que não são médicos, mulheres atraídas

pelo barato que acaba saindo caro, mulheres

são levadas para clínicas

fundo de quintal e prestes a realizar um sonho,

essas mulheres não se dão conta do ambiente precário que estão sendo submetidas,

clínicas sem condição

nenhuma de operar,

e de prestar um

bom atendimento.

 

Mulheres, que são persuadidas

e por conta do bom

preço são iludidas,

e no ato cirúrgico

elas são mal atendidas,

e depois disso elas

são submetidas

a um ato atroz,

e acabam mutiladas,

e muitas delas são assassinadas,

e as que sobrevivem

ficam pedidas

e com as suas

vidas destroçadas

elas se sentem injustiçadas.

 

E abandonadas na

beira das calçadas

essas mulheres buscam

a mídia para salvar

novas vítimas desses

falsos médicos,

e assim a busca pelo

corpo perfeito e a ilusão

da oferta barata que

transformou o sonho

em um pesadelo,

que acabou afetando

diretamente diversas

famílias que depois

desse fato, foram destruídas,

mães que precocemente

deixaram os seus filhos órfãos

e pais que enterraram

os seus filhos deixando

de seguir a ordem natural da vida que são os filhos enterrarem

os seus pais.

 

E nós, enquanto sociedade,

devemos nos perguntar:

Será que precisamos ter um corpo perfeito? Na atual sociedade, existe um padrão de beleza? E se existe! Qual é o padrão de beleza? Ou esse padrão é para massagear o nosso ego? Será que não é para ostentar?

 

Enfim, o que sabemos é que

ao buscar por um profissional

na área de saúde, se atente

aos baixos valores cobrados

e busque por informações

no conselho regional de medicina.

 

 

AUTORA ZÉLIA OLIVEIRA


Natural de Fortuna/MA, reside em Caxias-MA, desde os 6 anos. É escritora, poetisa, antologista. Pós-graduada em Língua Portuguesa, pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Professora da rede pública municipal e estadual. Membro Imortal da Academia Interamericana de Escritores (cadeira 12, patronesse Jane Austen). No coração de Zélia, a poesia ocupa um lugar especial, gosta de escrever, afinal, a poesia traz leveza à vida. Publica no Recanto das Letras, participa com frequência de antologias poéticas, coletâneas, feiras e eventos literários. É organizadora e coautora do livro inspirador "Poetizando na Escola Raimunda Barbosa". Coautora do livro “Versificando a Vida”.

 

OUTROS NUTRIENTES


O corpo precisa de alimento físico

E de outros nutrientes:

A Palavra de Deus, música e poesia

Animam o dia.

São alimentos da alma

Que a mente e o coração acalmam,

São combustíveis que infundem energia,

Revigorando o viver,

Faz-nos renascer.


Alimente-se da Palavra de Deus, música e poesia,

Assim viverá com mais alegria!


 

AUTORA SIMONE GONÇALVES


Simone Gonçalves, poetisa/escritora. Colaboradora no Blog da @valletibooks e presidente da Revista Cronópolis, sendo uma das organizadoras da Copa de Poesias. Lançou seu primeiro livro nesse ano de 2022: POESIAS AO LUAR - Confissões para a lua.

 

SILÊNCIO PROFUNDO


Estou só.

A solidão da noite deseja me acompanhar.

Mas não me permito tê-la ao meu lado.

Quero apenas mergulhar num sonho.

No qual posso estar com você...

Um desejo abissal me devora.

Sinto uma vontade insana de me entregar

Ao teu corpo silente, envolto em segredos

E encontrar-me em teus braços

Sob a luz do teu olhar

Silenciosamente...

Num sonho profundo.


 

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1 Comment


Stella Gaspar
Stella Gaspar
Dec 08, 2024

Tudo escrito com tanta maturidade e competência... só elogios! 😍🌹

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