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ESTÓRIAS DO VALLETINHO Nº 3 — 30/07/2022


A Valleti Kids tem a honra de apresentar a terceira edição do caderno ESTÓRIAS DO VALLETINHO.


Os colunistas Alessandra Valle e Luiz Primati, apresentam contos para crianças, jovens e famílias.


Querem conhecer a infância de mais uma personalidade com dom inato? O conto de Alessandra Valle vai apresentar INGRID, uma menina que venceu a dificuldade para se alfabetizar e descobriu seu amor pela educação.


Enquanto o autor Luiz Primati, conta a estória da pequena árvore Ipezinho que descobriu como ser feliz mesmo sendo diferente.


Vamos nos encantar com as ESTÓRIAS DO VALLETINHO desta edição.


Mães, pais, responsáveis e educadores encontrarão boas estórias para divertir, educar e entreter a criançada.


Todo sábado uma novidade da Valleti Kids.


Luiz Primati e Alessandra Valle

 

AUTORA ALESSANDRA VALLE

IG: @alessandravalle_escritora


Alessandra Valle é escritora para infância e teve seu primeiro livro publicado em 2021 - A MENINA BEL E O GATO GRATO - o qual teve mais de 200 downloads e 400 livros físicos distribuídos pelo Brasil. Com foco no autoconhecimento, a escritora busca em suas histórias a identificação dos personagens com os leitores e os leva a refletir sobre suas condutas visando o despertar de virtudes na consciência.
 

ABC DE CÉU


— As dificuldades existem, mãe. Sua filha precisa de ajuda na escola e reforço no lar para ser alfabetizada — disse a diretora pedagógica à mãe da aluna Ingrid.


A mãe não compreendeu as palavras da diretora, pois a filha era aluna dedicada, cumpria todas as tarefas destinadas ao lar e prestava atenção nas aulas, mas de fato, não estava alfabetizada e o ano letivo estava no fim.


Ingrid é menina obediente e muito esperta, adora brincar de amarelinha, esconde-esconde e principalmente, de escolinha com as crianças da rua.


Por ser a criança mais nova do grupo de amigos, nunca permitiam que Ingrid fosse a professora durante a brincadeira e mesmo aceitando ser sempre a aluna, imaginava mudar de posição.


— Se eu fosse a professora, poderia ter ensinado essa tarefa de outro jeito, muito mais legal — pensava, mas nunca verbalizou, talvez por timidez.


Em casa, a mãe cumpriu as orientações dadas na escola e presenteou a filha com uma lousa e uma caixa de giz colorido.


O novo brinquedo se tornou aliado e amigo no processo de aprendizagem de Ingrid.


Fazendo desenhos, mostrando as formas das letras e verbalizando os fonemas, mãe e filha foram descobrindo o caminho para formar as palavras e despertar a consciência.


A dificuldade, pouco a pouco foi vencida com esforço, boa vontade e paciência.


Até nas horas vagas, Ingrid brincou de ser professora de si mesma, descobrindo que cada um tem seu tempo para aprender a ler.


Mas, foi quando a mãe escreveu na lousa com o giz azul que Ingrid reconheceu as letras e as uniu em sua mente formando uma bela palavra.


A entusiasmada aprendiz das letras, imediatamente sorriu e ao apontar para o alto disse:

— Eu li, mamãe! A palavra é CÉU!


Mãe e filha se abraçaram emocionadas e, dando continuidade à brincadeira, outras palavras foram pouco a pouco sendo reconhecidas por Ingrid.


A menina alfabetizada, sensivelmente a seu tempo, não parou mais de aprender nem de ensinar. Tratou de juntar as bonecas e bichos de pelúcia, montando em seu quarto uma verdadeira sala de aula. Pegou a lousa e a caixa de giz colorido para ensinar seus alunos a ler, respeitando a individualidade.


— Vamos, meu querido aluno urso, chegou a sua vez de ler — falou a professora Ingrid durante a brincadeira de escolinha, após ter escrito a palavra que deveria ser lida pelo aluno e desenhado um emoticon representando a emoção daquele momento.


😊 ALEGRIA.

Homenagem à Ingrid Moraes

Instagram: @pedagoga.ingridmoraes


 

AUTOR LUIZ PRIMATI

IG: @luizprimati


Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.
 

O IPÊ E AS ROSAS


Olá, crianças! Hoje vamos conhecer uma árvore chamada Ipê. Você já ouviu falar? Então sente-se e ouça essa história atentamente, depois peça para a mamãe dar uma volta de carro e te mostrar um pé de Ipê. Combinados?


Ipezinho vivia numa praça bem arborizada. Ali havia muitas espécies de árvores, plantas, flores. Muitas pessoas caminhavam diariamente por ali: algumas fazendo exercícios, outras passeando, algumas famílias esticavam as toalhas sobre o gramado e faziam um piquenique com os filhos. Você sabe o que é um piquenique, não é?


Bem, Ipezinho vivia no canteiro próximo a uma fonte. Os pássaros viviam se refrescando nos dias de calor naquela fonte e também matavam a sede. A vida era bem alegre à sua volta. Bem ao seu lado havia muitas rosas-vermelhas. Exalavam seus perfumes delicados e as pessoas, quando passavam, paravam e cheiravam as rosas.


— Sinta, Matilda… que perfume delicioso — disse a senhora Elvira ao se aproximar.


— Hum, que delícia. Adoro a rosa Sempre-Florida — disse Matilda.


Logo seguiram em sua caminhada.


Ipezinho olhava para as pessoas e ficava triste. Ninguém olhava para ele, nem cheirava suas folhas, pois, não tinha flores. As rosas riam sempre que ele reclamava pela falta de atenção. Então Ipezinho se calava e perguntava por que ele era tão feio.


Foi num desses dias que as rosas riram de Ipezinho, que um pássaro pousou num de seus galhos.


— Olá! Ipezinho. Lindo dia, não? — disse Silgo.


— Para você talvez o dia seja lindo. Está livre por aí, voa alegre e canta. Todos te admiram. Assim como as rosas que as pessoas param para cheirar. Para mim a vida é sem graça. Sou muito diferente das outras plantas.


— Ipezinho, que conversa é essa? Você é uma árvore majestosa. Apenas não chegou sua hora. Quando atingir 5 anos, terá uma surpresa — disse Silgo em tom de mistério.


— Surpresa? Humpf, já imagino: os homens da prefeitura chegarão com aquela serra-elétrica e vão cortar meus galhos. Que bela surpresa.


— Nada disso. Espere e verá que tenho razão. Estamos quase no mês de agosto. Em menos de um mês você ganhará um belo presente — disse Silgo assoviando alegremente.


— Seria bom mesmo, pois completarei 5 anos. Se as coisas não mudarem, prefiro chegar logo aos 100 anos e virar serragem. Se eu estivesse numa floresta, logo poderia ser transformado em uma ponte ou até mesmo em uma escada numa casa chique.


— Que desejo mesquinho, Ipezinho. Você tem muito a viver ainda — disse Silgo.


— É, vai viver se lamentando — disse uma das rosas. As outras rosas riram e Ipezinho se entristeceu novamente.


— Calem a boca suas velhas corocas! — gritou Silgo.


As rosas continuaram rindo e Silgo fez um voo rasante sobre as rosas, piando alto. Elas se assustaram.


— Ei, seu pássaro maluco! Da próxima vez te furo com meus espinhos — disse a rosa mais velha.


— Silgo, não mexa com as rosas. Elas têm razão: sou um estorvo nesse parque.


— Não é não — disse Silgo. — Preciso ir alimentar meus filhotes. Volto em breve. E não se esqueça que em menos de 30 dias terá uma surpresa.


O inverno chegou e castigou todos por ali. As pessoas sumiram. As rosas secaram, as Hortênsias e as Azaleias, permaneceram com suas flores. Ipezinho perdeu todas as suas folhas. Sua casca ressecou, sentia-se feio e ignorado.


Setembro logo apareceu e Silgo voltou para os galhos de Ipezinho.


— Ipezinho? Ei, Ipezinho? Não vai acordar? — disse Silgo chamando alto.


Ainda de olhos fechados, Ipezinho resmungou.


— Deixe-me em paz. Quero ficar aqui e morrer sozinho.


— Pare com esse drama Ipezinho. Se abrir os olhos, terá uma bela surpresa — disse Silgo feliz.


— Vá embora — disse Ipezinho ainda de olhos fechados.


Lentamente algumas pessoas foram se aproximando. Um burburinho começou a tomar conta da praça. As rosas começaram a se incomodar e logo abriram os olhos. Lá estavam dezenas de pessoas, sorrindo, empunhando suas câmeras e logo o som dos disparos das máquinas fotográficas tomaram conta da manhã.


As rosas ficaram felizes com toda aquela atenção e logo Silgo gritou:


— Essas fotos não são para vocês, suas convencidas. São para Ipezinho.


— Para mim? — disse Ipezinho, abrindo os olhos.


— Sim, meu amigo. São para você. Olhe para seus galhos.


Ipezinho olhou para seus galhos e para o chão embaixo dele. Havia muitas flores amarelas, lindas. Um tapete florido estava aos seus pés. As pessoas miravam suas máquinas fotográficas para Ipezinho e tiravam muitas fotos. As pessoas não se cansavam de elogiar a beleza das flores de Ipezinho que sorria de felicidade. Silgo piscou para ele e saiu num voo para outro lugar.


O vai-e-vem de pessoas durou cerca de uma semana. Ipezinho foi a sensação do parque, até que suas flores caíram e voltou a ser uma árvore pelada.


Mesmo que essa sensação só durasse 5 dias ao ano, Ipezinho se realizava tendo a atenção de centenas de pessoas que iam até o parque só para fotografá-lo. Silgo contou que as pessoas colocavam as fotos nas redes sociais e Ipezinho não sabia o que era isso e pouco se importou em saber.


Desse dia em diante, nunca mais Ipezinho se entristeceu, pois, soube que sua missão era dar as melhores e mais bonitas flores para encantar as pessoas. Mesmo que esse espetáculo durasse tão pouco.


E você? Amiguinho? Já descobriu como ser feliz sendo diferente?

 
Imagem utilizada: Leaf flat vector created by freepik - www.freepik.com
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