A Valleti Kids tem a honra de apresentar a terceira edição do caderno ESTÓRIAS DO VALLETINHO.
Os colunistas Alessandra Valle e Luiz Primati, apresentam contos para crianças, jovens e famílias.
Querem conhecer a infância de mais uma personalidade com dom inato? O conto de Alessandra Valle vai apresentar INGRID, uma menina que venceu a dificuldade para se alfabetizar e descobriu seu amor pela educação.
Enquanto o autor Luiz Primati, conta a estória da pequena árvore Ipezinho que descobriu como ser feliz mesmo sendo diferente.
Vamos nos encantar com as ESTÓRIAS DO VALLETINHO desta edição.
Mães, pais, responsáveis e educadores encontrarão boas estórias para divertir, educar e entreter a criançada.
Todo sábado uma novidade da Valleti Kids.
Luiz Primati e Alessandra Valle
AUTORA ALESSANDRA VALLE
Alessandra Valle é escritora para infância e teve seu primeiro livro publicado em 2021 - A MENINA BEL E O GATO GRATO - o qual teve mais de 200 downloads e 400 livros físicos distribuídos pelo Brasil. Com foco no autoconhecimento, a escritora busca em suas histórias a identificação dos personagens com os leitores e os leva a refletir sobre suas condutas visando o despertar de virtudes na consciência.
ABC DE CÉU
— As dificuldades existem, mãe. Sua filha precisa de ajuda na escola e reforço no lar para ser alfabetizada — disse a diretora pedagógica à mãe da aluna Ingrid.
A mãe não compreendeu as palavras da diretora, pois a filha era aluna dedicada, cumpria todas as tarefas destinadas ao lar e prestava atenção nas aulas, mas de fato, não estava alfabetizada e o ano letivo estava no fim.
Ingrid é menina obediente e muito esperta, adora brincar de amarelinha, esconde-esconde e principalmente, de escolinha com as crianças da rua.
Por ser a criança mais nova do grupo de amigos, nunca permitiam que Ingrid fosse a professora durante a brincadeira e mesmo aceitando ser sempre a aluna, imaginava mudar de posição.
— Se eu fosse a professora, poderia ter ensinado essa tarefa de outro jeito, muito mais legal — pensava, mas nunca verbalizou, talvez por timidez.
Em casa, a mãe cumpriu as orientações dadas na escola e presenteou a filha com uma lousa e uma caixa de giz colorido.
O novo brinquedo se tornou aliado e amigo no processo de aprendizagem de Ingrid.
Fazendo desenhos, mostrando as formas das letras e verbalizando os fonemas, mãe e filha foram descobrindo o caminho para formar as palavras e despertar a consciência.
A dificuldade, pouco a pouco foi vencida com esforço, boa vontade e paciência.
Até nas horas vagas, Ingrid brincou de ser professora de si mesma, descobrindo que cada um tem seu tempo para aprender a ler.
Mas, foi quando a mãe escreveu na lousa com o giz azul que Ingrid reconheceu as letras e as uniu em sua mente formando uma bela palavra.
A entusiasmada aprendiz das letras, imediatamente sorriu e ao apontar para o alto disse:
— Eu li, mamãe! A palavra é CÉU!
Mãe e filha se abraçaram emocionadas e, dando continuidade à brincadeira, outras palavras foram pouco a pouco sendo reconhecidas por Ingrid.
A menina alfabetizada, sensivelmente a seu tempo, não parou mais de aprender nem de ensinar. Tratou de juntar as bonecas e bichos de pelúcia, montando em seu quarto uma verdadeira sala de aula. Pegou a lousa e a caixa de giz colorido para ensinar seus alunos a ler, respeitando a individualidade.
— Vamos, meu querido aluno urso, chegou a sua vez de ler — falou a professora Ingrid durante a brincadeira de escolinha, após ter escrito a palavra que deveria ser lida pelo aluno e desenhado um emoticon representando a emoção daquele momento.
😊 ALEGRIA.
Homenagem à Ingrid Moraes
Instagram: @pedagoga.ingridmoraes
AUTOR LUIZ PRIMATI
Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.
O IPÊ E AS ROSAS
Olá, crianças! Hoje vamos conhecer uma árvore chamada Ipê. Você já ouviu falar? Então sente-se e ouça essa história atentamente, depois peça para a mamãe dar uma volta de carro e te mostrar um pé de Ipê. Combinados?
Ipezinho vivia numa praça bem arborizada. Ali havia muitas espécies de árvores, plantas, flores. Muitas pessoas caminhavam diariamente por ali: algumas fazendo exercícios, outras passeando, algumas famílias esticavam as toalhas sobre o gramado e faziam um piquenique com os filhos. Você sabe o que é um piquenique, não é?
Bem, Ipezinho vivia no canteiro próximo a uma fonte. Os pássaros viviam se refrescando nos dias de calor naquela fonte e também matavam a sede. A vida era bem alegre à sua volta. Bem ao seu lado havia muitas rosas-vermelhas. Exalavam seus perfumes delicados e as pessoas, quando passavam, paravam e cheiravam as rosas.
— Sinta, Matilda… que perfume delicioso — disse a senhora Elvira ao se aproximar.
— Hum, que delícia. Adoro a rosa Sempre-Florida — disse Matilda.
Logo seguiram em sua caminhada.
Ipezinho olhava para as pessoas e ficava triste. Ninguém olhava para ele, nem cheirava suas folhas, pois, não tinha flores. As rosas riam sempre que ele reclamava pela falta de atenção. Então Ipezinho se calava e perguntava por que ele era tão feio.
Foi num desses dias que as rosas riram de Ipezinho, que um pássaro pousou num de seus galhos.
— Olá! Ipezinho. Lindo dia, não? — disse Silgo.
— Para você talvez o dia seja lindo. Está livre por aí, voa alegre e canta. Todos te admiram. Assim como as rosas que as pessoas param para cheirar. Para mim a vida é sem graça. Sou muito diferente das outras plantas.
— Ipezinho, que conversa é essa? Você é uma árvore majestosa. Apenas não chegou sua hora. Quando atingir 5 anos, terá uma surpresa — disse Silgo em tom de mistério.
— Surpresa? Humpf, já imagino: os homens da prefeitura chegarão com aquela serra-elétrica e vão cortar meus galhos. Que bela surpresa.
— Nada disso. Espere e verá que tenho razão. Estamos quase no mês de agosto. Em menos de um mês você ganhará um belo presente — disse Silgo assoviando alegremente.
— Seria bom mesmo, pois completarei 5 anos. Se as coisas não mudarem, prefiro chegar logo aos 100 anos e virar serragem. Se eu estivesse numa floresta, logo poderia ser transformado em uma ponte ou até mesmo em uma escada numa casa chique.
— Que desejo mesquinho, Ipezinho. Você tem muito a viver ainda — disse Silgo.
— É, vai viver se lamentando — disse uma das rosas. As outras rosas riram e Ipezinho se entristeceu novamente.
— Calem a boca suas velhas corocas! — gritou Silgo.
As rosas continuaram rindo e Silgo fez um voo rasante sobre as rosas, piando alto. Elas se assustaram.
— Ei, seu pássaro maluco! Da próxima vez te furo com meus espinhos — disse a rosa mais velha.
— Silgo, não mexa com as rosas. Elas têm razão: sou um estorvo nesse parque.
— Não é não — disse Silgo. — Preciso ir alimentar meus filhotes. Volto em breve. E não se esqueça que em menos de 30 dias terá uma surpresa.
O inverno chegou e castigou todos por ali. As pessoas sumiram. As rosas secaram, as Hortênsias e as Azaleias, permaneceram com suas flores. Ipezinho perdeu todas as suas folhas. Sua casca ressecou, sentia-se feio e ignorado.
Setembro logo apareceu e Silgo voltou para os galhos de Ipezinho.
— Ipezinho? Ei, Ipezinho? Não vai acordar? — disse Silgo chamando alto.
Ainda de olhos fechados, Ipezinho resmungou.
— Deixe-me em paz. Quero ficar aqui e morrer sozinho.
— Pare com esse drama Ipezinho. Se abrir os olhos, terá uma bela surpresa — disse Silgo feliz.
— Vá embora — disse Ipezinho ainda de olhos fechados.
Lentamente algumas pessoas foram se aproximando. Um burburinho começou a tomar conta da praça. As rosas começaram a se incomodar e logo abriram os olhos. Lá estavam dezenas de pessoas, sorrindo, empunhando suas câmeras e logo o som dos disparos das máquinas fotográficas tomaram conta da manhã.
As rosas ficaram felizes com toda aquela atenção e logo Silgo gritou:
— Essas fotos não são para vocês, suas convencidas. São para Ipezinho.
— Para mim? — disse Ipezinho, abrindo os olhos.
— Sim, meu amigo. São para você. Olhe para seus galhos.
Ipezinho olhou para seus galhos e para o chão embaixo dele. Havia muitas flores amarelas, lindas. Um tapete florido estava aos seus pés. As pessoas miravam suas máquinas fotográficas para Ipezinho e tiravam muitas fotos. As pessoas não se cansavam de elogiar a beleza das flores de Ipezinho que sorria de felicidade. Silgo piscou para ele e saiu num voo para outro lugar.
O vai-e-vem de pessoas durou cerca de uma semana. Ipezinho foi a sensação do parque, até que suas flores caíram e voltou a ser uma árvore pelada.
Mesmo que essa sensação só durasse 5 dias ao ano, Ipezinho se realizava tendo a atenção de centenas de pessoas que iam até o parque só para fotografá-lo. Silgo contou que as pessoas colocavam as fotos nas redes sociais e Ipezinho não sabia o que era isso e pouco se importou em saber.
Desse dia em diante, nunca mais Ipezinho se entristeceu, pois, soube que sua missão era dar as melhores e mais bonitas flores para encantar as pessoas. Mesmo que esse espetáculo durasse tão pouco.
E você? Amiguinho? Já descobriu como ser feliz sendo diferente?
Parabéns!!! Me identifiquei com ambas histórias!! Fui Ingrid na infância, quando não consegui ser alfabetizada em sala de aula... mas sim, por minha tia em casa. E hoje sou professora!
E de certa forma, também sou um ipê... E quantas vezes me lamentei em ser as avessas a maioria... porém, hoje faço deste "defeito" um diferencial através da minha escrita e modo de me expressar na vida. 🥰🙌❤
Eu amei as escritas tanto de um texto quanto do outro. Luiz , você passou uma mensagem linda: ser feliz é se ver lindo, com os próprios olhos. Alessandra, o céu realmente é um grande professor. Que emoção, a primeira palavra lida ser " céu" ! Com carinho os parabenizo 😍😍
Muito bacana participar E o Podcast? Ficou muito bom. Ouçam.
😃 Felicidade plena escrever para este caderno e poder chegar aos corações das crianças através de contos repletos de memórias afetivas. ❣️