AUTOR LUIZ PRIMATI
Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.
MORTOS EM MIM
Recordo-me, em cada alvorecer, dos espíritos que se despediram deste plano, mas que persistem em mim, eternos na memória. Eles dançam nas penumbras do esquecimento, desafiando a eternidade da vida com a impermanência de sua presença.
Minha mente, um relicário de vivências, teima em evocar aqueles que, embora partidos, habitam o sagrado templo das recordações. Com eles, compartilhei a alegria da existência, e agora, na saudade, sinto o silêncio de suas vozes e a ausência de abraços que o tempo tornou impossíveis. Essa melancolia, um visitante indesejado, aperta o peito, tingindo de cinza os dias.
Celebro, sim, o sopro da vida que ainda dança em minhas veias, mas como negar o desejo de reviver a comunhão com os espíritos amigos? Mãe, pai, entes queridos, companheiros de jornada, a falta que me fazem ecoa num lamento surdo. Não há culpa no meu desejo, pois as lembranças, embora embebidas de tristeza, são como estrelas a guiar-me pelas noites escuras, iluminando a saudade com sorrisos esmaecidos daquelas trocas de almas despidas de artifícios.
Plenamente ciente de que o Dia dos Mortos é uma tessitura de crenças alheias, indago: não poderia, em nossa essência, ser chamado de Dia dos Espíritos? Aquela celebração da memória, um encontro de almas além do compreensível?
Vós, parentes e amigos que me escutam de um plano distante, a falta que fazem é uma canção sem fim, uma melodia que só corações saudosos podem ouvir. Ansio pelo dia em que, unidos novamente, partilharemos risos e abraços, elaborando comentários sobre os mistérios da vida e, se preciso, choraremos juntos cada tristeza que a existência ousar nos presentear.
Portanto, com reverência e um amor que não conhece fronteiras, celebrem vossa eternidade. Enquanto aqui, na efemeridade de meu ser, honro a beleza de ter compartilhado a jornada com vocês, guardando a chama do nosso convívio no relicário do meu coração, até que possamos nos encontrar no infinito do tudo que é.
Feliz aquele que pode ter o privilégio de te ler, Luiz!
O texto está perfeito, espiritualizado e belo! 😍