THOMAZ GOMIDE
Assim é Thomaz Gomide de Andrade, multiartista, cujas peripécias não conhecem fronteiras. O polímata é artista plástico tarimbado, ator veterano, cantor, coreógrafo, declamador, performer, escritor, promotor cultural, coach, facilitador de vivências energéticas e meditativas, mestre de oratória.
Sempre foi poeta. Lançou, em outubro de 2021, seu primeiro livro de poesias: MINS / EU PLURAL. Em janeiro de 2022, Na II Copa Internacional de Poesias da Língua Portuguesa, ganhou o 3º lugar.
Instagram: @thomazgomide
1 - POESIA NÃO É NEM SIM NEM NÃO
O poema faz o pensamento cantar.
O pensamento ao sair da sombra, dança ao ouvir o canto poético?
O poeta é aquele que dança ou é o que faz dançar?
Nem um, nem outro.
É aquele que pergunta ou o que responde?
Nem um, nem outro.
A dança passa por ele que a transforma em palavras.
Palavras são músicas ouvidas pelo pensamento.
(Concordamos que o coração pensa.)
A sensação da dança bem vivida é eterna.
Mesmo no silêncio advindo pelo esquecimento.
As sensações e as impressões fixam as marcas na bagagem da experiência vivida.
Poesia não é nem sim nem não.
Não é nem bem nem mal.
É encanto
É desencanto
É unidade
É a l m a n i d a d e !
No pensamento (castelo a céu aberto)
o baile começa com as letras em fila.
As ideias são cirandas.
As opiniões se movimentam agrupadas
e se entrelaçam
no campo mental da humanidade.
As palavras festejam voluptuosas!
Combinam, transfiguram, fantasiam, iluminam ou suprimem –se.
Rimam ou desabrocham na liberdade do fluxo do poeta.
Esse simples jardineiro
Plantador de intenções incandescentes.
Marcas de ferro em brasa
No universal coletivo
Estado de consciência melhorada.
2 - AMAR O AMOR
25/02/2022 (a guerra começou ontem)
Amar o amor.
Amo o amor
Amo o amor
Repete em mim
ecoando a voz criativa em cada segundo:
- Amo o amor!
Amo o amor no silêncio.
No silêncio que cricrila, no silêncio que cintila.
Amo o amor contido no ar
Amo o amor refletido no ar
Dentro do reflexo do ar, tem amor que vibra, em som de trombeta dourada.
Estridentemente doce
Amo o amor ingênuo, que de tão inocente.
se espalha no infinito da partícula de cada átomo que respiro, aspiro e inspiro.
Numa dança, num vai e vem sem fim.
Me encontro ao flutuar na certeza que em cada respiro
tem a paixão sutil da eternidade risonha.
Amo o amor que me afasta da guerra.
Amo o amor desfazendo a dor.
Desfazedor das nuvens escuras dissipadas ao som da trombeta cintilante, já mencionada.
Descobri que dentro do porão mais oculto dos meus subsolos.
(Porões abandonados pela percepção comum).
Lá encontrei, então, o Amado Amor em forma de turbina dourada e incandescente de afetos multisaltitantes.
Aquele chafariz de estrelas pitinininhas.
Particularidades do chuvisco eterno e puro que nos mantem acordados nesta dimensão.
Amar o Amor, com os olhos fechados, me leva aos passeios mais desejáveis, encantadores e confortantes.
Ao visitar os palácios possíveis dentro da dimensão imaginativa desta consciência, ativada ao conjugar, com determinação aguda, o Amar/o /Amor
3 - DESAPAIXONAR
Destravar a paixão
Desapaixonar
Respirar com a janela do coração aberta
Soltar os pássaros que engaiolados estavam.
Libertar a alma querente
Que quer, que quer, quéquéquér...
Não tem fim o querer do quero quero.
Um vento de paz traz o sossego/brisa.
A fluência do aceitar a passagem.
O pouso de mim em mim.
Parece simples
Mas é uma conquista soltar o laço, as vezes corrente carente, que desatina a vida da gente
Desapaixonar é
Expandir o Ser
É ser
Ser capaz de entregar-se ao todo.
Ser fonte de vida a entregar vida ao curso do rio da vida.
É navegar nas camadas sutis da felicidade sem nome.
Ouvir a música que vibra dentro, na placidez do instante claro.
4 - LÍQUIDO INSTANTE
Líquido
Passou
Liquidificou-se
Não ficou
Foi-se.
Floriu e sumiu
Ligeiramente a foice ceifou.
Sei lá!
Vasto assombro!
Um olhar sobrou no ar...
O instante da flor vazou
Ah! Tá!
Desatou a cena
no infinito instante os olhos brilharam
nem deu tempo de lacrimejar
liquidou-se a lágrima
o instante correu.
Outro instante logo veio
Tomou meu eu
Levou-me para a outra cena
Um outro ato
Teatrando na existência líquida.
E a fonte da vida continua a jorrar.
5 - SINGELA (PORÉM MADURA)
As palavras são lindas!
Mais ainda quando lidas
Juntadas as outras flores
Colhidas nas estantes dos livros.
Lavram caminhos férteis
Levam aos veios certos
Do campo incerto da imaginação
Criando a colheita da inteligência emotiva.
As palavras são lindas
Quando juntadas a outras sementes.
Fecundam, desabrocham ideias
Que perfumam a clareza do ser.