SANTOS UPITE
Santos Upite de nome próprio, de pseudônimo Cris Poeta. É formado em ensino secundário pedagógico na escola EM/ADPP Malange. É Poeta e membro do movimento lev'arte Angola.
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1 - Longe de tudo
Vou sorrir para não chorar
Sei que hoje
A noite é mais longínqua
Que do costume.
Só estou eu,
Meu quarto,
Minha vida
Minha casa
E esta constantemente solitude.
Não é uma noite comum
Perto dos olhos estão penduradas
As águas merencória
Deste imenso oceano.
Distante está a cor gabiru
E vacilante,
Que me garanta
O tal verbo viver
E se é que se vive
Nessa increpável indagação.
Distante pois estou,
Do tal incrédulo sorriso
E se é que se sorri,
Numa imensa incurialidade
De devasta solidão.
E como sorrir de facto?
Distante está
O meu mendigo sonhar.
Só sei que vou chorar,
E, vou chorar ainda mais
Longe de tudo.
2 - Minhas Madrugadas
Saudades inéditas
Inebriam cações
Que entóo a sós
Enquanto buscos segredos
E um vagir abreviado
Ao sabor do teu mar.
3 - Memórias do Março
Hoje são dezembro deste ano
Que por ti choro meu tanto.
É por tanto aflita idade
A mesma que não anda.
Agora denuncio lembranças
Que a mim financiam saudades.
Ouvi que o sol
E do norte que irradia,
Cá, meus olhos sequer sabiam.
Iracundo bem dentro o coração
Que a dia não sente não a razão.
As memórias do Março
Do mesmo ano
A instante em minha ilusão
Vivem em mim portanto,
Entoando a mesma canção:
A mesma que no fim
Ainda do outro mês ouvi
Tocando com a mesma paixão.
4 - A carta
Escrevi-a uma pequena carta
Com suor das minhas lágrimas,
Escrevi-á na palma da mão
Do meu próprio silêncio
E o eco do meu eco
Levou-a latejante.
A carta continha nos dois cantos
As duas palavras que ela me daria:
No canto a cima
Escrevi o não que queria
E no outro o sim que me negaria
No canto do não
Ela queimou e deitou
No canto do sim
Ela dobrou e para mim mandou
5 - Magestade
Alguns dos meus tanto
Vivendo aplaudem taciturno
O vosso tão imenso ser
Deste mesmo semblante.
Com a mesma graça, vos juro
Ainda alguns dos meus tanto
Ardem em chama
Que o silêncio encendeia.
Queria portanto Magestade
Sussurra-vos latejante
O meu enorme lamentar
Que de vós mesma
Originam-se as muitas lágrimas
Que a noite em claro de agruras
Submerge meu pesar.
Agora vos peço piedade
Se podeis, ainda agora, Magestade
Se digne com a mesma brandura
Encaminhar a vossa tanta mocidade
Para este tão miserável cativo.
E com a mesma suavevidade
Digam Magestade, digam: que me vai abraçar com zelo
E deixar que em tais abraços
Morra eu, ainda por não me amar.