MÁRCIA NEVES
Márcia Neves, 39 anos, natural de Paripiranga/BA, moradora em SP, litoral sul, há vinte anos. Graduada em Letras (Português e Espanhol) e pós-graduada em alfabetização e Letramento. É mãe, esposa, professora, revisora, escritora. Participou da I Copa Poesia Portugal. Gosta de escrever, inclusive, poesias. Busca tocar o coração das pessoas com a força reflexiva de seus poemas.
Instagram: @profa.marcia.neves
1 - Vozes do Silêncio
Minha fala de dizer anda calada
Minha voz de gritar anda ausente
Se me ouves, não sei, uma voz cilada
Aos teus ouvidos, meu ser há de falar
Não conheço teus motivos por ser cego
Se também falas aos ouvidos de uma nação
Enxergas e preferes o não ver
Ao dizer-te o que sente o coração
Se não posso, ao menos, utilizar
A linguagem que une toda a gente
Para que, então, hei de gritar?
Minha fala se finca ao cravar em ti
Palavras benditas ao dizer-te bem
Escutas, meu bem, até o fim
2 - Sem preconceito
De Norte a Sul
De Leste a Oeste
Há um mundo em chamas
Em súplicas, de muitas vozes
Que falam, ou até se calam
Diante das várias situações
Que interferem as vozes
Em toda nação
Ao jeito de cada um
A fala é necessária
Entre histórias e composições
Crenças, hábitos e costumes
Todos traçam diferentes trajetórias
Ao modo de falar, o que vale é a mensagem
Não há falares errados, regras ou pares perfeitos
Há a diversidade no híbrido que se rejeita
Não importa o sotaque, o que vale é o respeito
Sendo gente de verdade, falando sem preceitos
Se convive e constrói boas relações
3 - Educação importa!
Rompi barreiras, senti-me sozinha
Todos me acompanhavam, aplaudiam
Pus-me a entender, busquei coragem
Levei os estudos até um fim
Não desisti dos sonhos, eu venceria
Os processos meus, em formação
Fui aprendendo, conheceria
Caminhos possíveis da educação
Menina, mulher, voz feminina
Na história a querem às escondidas
Mesmo com medos, segui a lida
Aplaudiram-me todos, ergui um nome
Sou professora, eterna estudante
Educação é vida, transformação
4 - Coração temporal
Se eu peço que você fique
E não queira partir nunca mais
Quando me pediu que eu mesmo fizesse
O pedido que aqui jaz
Eu ficaria muito contente se você voltasse
Ao tempo aludido, deixado para trás
Cujo presente será semente, caso eu cultive sua paz
E juntos fôssemos somente
Uma correlação de tempos verbais
Presentes dos modos mais pretendidos
Eu quero você e espero que assim me queira
Pretéritos do subjuntivo
Arrependi-me, se soubesse o quanto disso!
Futuro do pretérito sem despeito imperfeito
Ao tudo eu voltaria
Sem hesitar, nem pensar
Aos futuros do presente sujeitar-me-ia
Entregar-me-ia se você fosse capaz
De em qualquer tempo
Outra vez me aceitar
5 - Tempo e esperança
De sonhar por tempos melhores
Ao longe, a espera se atirou
Cansada de não mais acreditar
Em tempos sem juras, com promessas de amor
À espera do levantar das rosas
Sob as sombras das pedras que as regou
Desejos, impulsos figurantes
Em ondas de fé se disfarçou
Em tempos remotos, rendem-se ao tempo
Inconsequente de nossas eleições
Devolva-me o que é meu, sem lamento
Ouça o que diz seu coração
Mesmo quando quer ficar calado
Ao tempo se vive com emoção