AUGUSTO MONTEIRO
AUGUSTO MONTEIRO nasceu no Centro Oeste de Portugal, representou a Força Aérea Portuguesa, trabalhou como bancário e é Agente de Execução. O seu percurso literário resume-se, até ao momento, em 13 coletâneas, 3 livros editados, sendo um de cariz espiritual e dois de poesia. No próximo ano, conta editar um de prosa e prosa poética e ainda um do seu heterónimo de poesia denominado José de Sousa. Estes dois futuros livros ainda não têm título.
Instagram @augusto.monteiro.311
1 - Oásis
Um terreno árido que, num ápice, se tornou frondoso.
Onde o nada que era nada, a vida floresceu.
Um ribeiro também surgiu trazendo o ziguezague dos peixes.
Um pequeno oásis, um belo paraíso.
Escolhi um canto que quis encantar: uma pequena casa.
Tinha a natureza e o borbulhar do ribeiro,
Apalpava a paz e sorvia a felicidade,
Sentia-me comigo e comigo falava.
A calma inundava-me e Deus olhava-me.
Era o retiro do contentamento e dele precisava.
Levantava-me cedo, passeava e meditava.
Os ténues sons vinham do bulício da água
E das folhas que se cumprimentavam.
Deitava-me cedo e olhava a Lua
As estrelas desciam e adormeciam comigo.
Nos meus sonhos, Jesus falava-me em surdina.
Os seus conselhos absorviam as minhas células
E o meu sono elevava-se ao colo de Deus.
Vou ficar aqui até o tempo me fazer sair.
O tempo que sabe quanto tempo tem o tempo.
Quando falar comigo e me acordar
Eu irei, irei sim a caminho do amor
Que de mim já estarei pleno.
2 - Estado
Que fazes tu no escuro?
Gostas de habitar onde a claridade não é,
E chorares onde os outros riem,
Sem conseguires abrir a janela?
Reparo, meu amor, que bamboleias ao andar.
Olho para os teus olhos e fixas o chão.
Inclinas as costas como estando em constante vénia.
Fazes desse teu viver uma mágoa que dilacera.
Vem cá, deita a cabeça no meu colo.
Deixa-me acariciar-te os cabelos.
Neles entrelaçar os meus dedos
E fazer-te sentir que as mãos mais te doam amor.
Deixa-me abrir-te as pálpebras para olhares para mim
E veres nos meus olhos a ajuda que precisas.
Deixa-me dar-te um leve beijo nos teus lábios
E sentires o sopro da vida que faz renascer a tua.
Hoje quero dizer-te que há esperança para além da esperança,
Que há vida para além da muita vida,
E lá, bem no alto, um Deus que te ama.
E aqui, bem junto a ti, um Ser que te adora.
Vamos caminhar e aprender a amar.
3 - A tua pele
Que penso eu da pele que te cobre o corpo?
Em ti coloco todas as cores possíveis: do negro ao branco.
Nada disso baila em importância no meu consciente.
Todas as peles são belas e iguais na sua textura.
São lindas no acariciar e no desejo como a pura seda do Oriente.
A tua pele, como um Universo, é parte integrante de um todo,
Um todo de encantos mil, como se a felicidade deslizasse nela.
Sem ela estarias exposta à nudez da alma e da tua essência.
Adoro tocar-lhe e inalar a fragância das rosas que lá habitam.
Por ela passando os meus dedos, absorvo a suave energia.
É essa pele que molda um todo mágico.
Sim, é a magia divina da nossa construção.
Tudo certo, no perfeito lugar certo; inqualificável bênção.
Gosto muito de todas as peles.
4 - O teu cabelo
Faria dele o centro do meu contentamento.
Tanto que nem valorizaria o trabalho de o contar pelo a pelo.
Chegar-me-ia uma vida?
De tão denso e seguro, penso que não!
Desfolhá-lo como fios de seda; singular arte que abraçaria como minha.
Navegar pelo seu leve ondulado num imaginário veleiro,
Far-me-ia dar a volta ao mundo em profundo êxtase.
A calmaria das ondas, a suavidade do navegar, a ausência do vento,
O saborear do refrescar de um edílico passeio; o deslumbre.
E eu sempre presente em ti!
Nele entrelaçar docemente os meus dedos
Elevando-me para não o ferir, muito menos quebrar.
Minha preciosidade, meu brinquedo de adulto.
Quanto saber nas suas raízes, quantas aprendizagens eu sugaria!
Espelho de um delicioso amor emaranhado num todo,
Em que o horizonte se faz longe e tu tão perto.
Vai descendo e abraça os teus peitos.
Indescritível viagem desde o nascimento à fonte da vida.
Sensação única, será o tempo desta jornada
Que quereria prolongá-la
Até à eternidade.
No teu cabelo!
5 - Busca
Sento-me no sofá a olhar para a televisão.
Hum, mas que faço aqui sozinho?
O tempo passa, passa e tu não vens, não vens.
O tempo não para e é escasso.
O meu impulso chama por ti.
É urgente que saia deste sofá,
Percorrer todo o Planeta, se preciso for.
Ver-te, abraçar-te e trazer-te.
É o objetivo mais intenso de uma vida que parou,
Mas continuará quando o meu peito se encostar ao teu.
Nessa altura verás, meu amor, como os céus se abrem
Ao sentirem a nossa sã vivência em planaltos de alegria.
No olhar, no sorrir, no falar; verbos que conjugaremos na perfeição.
Dar-nos-ão o braço para vivermos o melhor amor.
Aquele com que eu sempre sonho e tu ambicionas.
Anda, ajuda-me a encontrar-te.
Poderás estar no dobrar daquela esquina?
Poderemos passar um pelo outro e a distração trair-nos?
Sei que o universo nos vai colocar frente a frente
E aí, que acontecerá?
Tudo de tudo meu bem!